Sou feliz com pouco. Não preciso de muito. Mas olhar uma mãe levando seu filho pela mão dá em mim uma alegria tão grande que me faz querer mais da vida. Enche de festa e de sonho meu coração de pai solteiro, lava com água corrente minhas esperanças e me faz feliz.
Hoje eu vi uma moça levando sua criança pela mão. Sempre vejo os dois por aqui. Moramos na mesma vizinhança. Estão sempre juntos, crescendo agarrados feito duas mangueiras de galhos entrelaçados e raízes cruzadas, cravadas na terra para sempre.
É tão bonito o jeito como ela acompanha seu menino pela vida, sua maneira firme e doce de conduzi-lo por aí. Tão seguro e delicado como as pontas de seus dedos se ligam aos dedinhos dele. Eu acho bonito.
Não sei quem são eles. Eu não os conheço, não desconfio os seus nomes nem imagino como são suas vidas. Mas vê-los andando por aí de quando em vez me faz um bem danado que eles nunca vão saber.
Deve ser porque me lembram algo de mim que já não existe. Meu filho cresceu, é quase um adolescente, e reluta em segurar na minha mão para atravessar a rua. Eu já vou longe dos dias em que andava de mãos com minha mãe, minhas avós, minhas tias.
O tempo passa, como passam essa mãe e seu pequeno por mim, num breve e bonito instante de eternidade.
Sou feliz com pouco. Não preciso de muito. Mas olhar uma mãe levando seu filho pela mão dá em mim uma alegria tão grande que me faz querer mais da vida. Enche de festa e de sonho meu coração de pai solteiro, lava com água corrente minhas esperanças e me faz feliz.
Então eu sigo assim, em frente, sonhando que o mundo ainda há de ser um lugar habitado em sua totalidade por pessoas e bichos que se querem bem. Cuidando uns dos outros como irmãs e irmãos amorosos, amantes, amigos, parceiros que se respeitam e se ajudam.
Assim como quem se ama. Tal e qual essa mãe levando seu menino pela mão.