Não deixe pra amanhã, o elogio, a conversa, a demonstração de afeto que você pode fazer hoje! Amanhã pode ser tarde demais.

Por Luis Eblak

Fomo, vimo e perdemo. A frase famosa diz outra coisa. Aliás não lembro o que iria dizer, mas já escrevi e não vou apagar.

Lembrei.

Começando de novo:

“Em uma coisa os bêbados e os geógrafos têm razão: a terra gira.”

A frase é do Jô Soares.

Não estou bêbado.

Ainda.

Mas escrevo sob influência do álcool, que me ajuda a ter algum bom humor que normalmente me falta.

Queria falar sobre a expressão em inglês cujas iniciais formam a sigla FOMO.

Nada a ver com a frase famosa do imperador, que me foi enviada certa vez — de forma adaptada — por um chefe admirado.

Tenho saudades de pessoas admiráveis, que achava em qualquer lado pra onde eu olhava quando comecei a trabalhar.

Tenho saudades da época que admirava quase todas as pessoas.

Na época eu poderia sair dizendo à torta e à direita que eu era fã delas todas!

Não dizia nunca. Nem ao tal chefe admirado.

Queria falar sobre o programa CNN Tonight. Sou suspeito de me referir a ele, pois o Karnal está no programa. Nove em cada dez amigos torcem o nariz pelo filósofo da Unicamp e mais ou menos uns 12 não veem a emissora.

Dias atrás, ele, Gabriela Prioli e Mari Palma falaram do tal do Fomo. Trata-se de uma expressão em inglês, fear of missing out, que significa medo de perder algo.

Serve para você caso não consiga ficar sem acessar o WhatsApp ou as redes sociais a cada 5min.

Curti muito o programa, pois às vezes me sinto assim, sem poder largar o celular — embora, no meu caso, eu tenha uma “desculpa” no horário comercial: o meu trabalho é feito quase todo pelo zap, principalmente em home office.

Gostei mais ainda da fala da colunista Rita Wu, que não conhecia. Ela sugeriu como antídoto a busca do Jomo, joy of missing out — exatamente o contrário do Fomo — e que tento praticar, quase nunca com êxito, nos finais de semana e dias de folga.

Em tempos de pandemia, lembro de algumas pessoas que conheci, admirava e nunca disse isto a ela.

Uma delas foi a Solange, profissional que conheci na Câmara Municipal de SP. Ela tinha uma alegria contagiante. Sempre estava de bom humor, apesar de lutar desde então — e anos antes , que eu saiba — contra uma doença difícil.

Palmeirense como eu, trocávamos zap de vez em quando sobre este tema.

Quando o Palmeiras foi campeão da Libertadores, escrevi pra ela parabenizando pelo título. Ela me respondeu pedindo figurinhas sobre a SEP.

No título da Copa do Brasil, novamente escrevi, mas não houve mais resposta. Ela nos deixou dias depois. E foi tarde demais pra mim.

Queria ter mandado mais figurinhas do Palmeiras pra ela e dito que a admirava bastante pelo otimismo, pela resiliência — não à toa todos a chamavam de Sol.

Fomo, vimo e perdemo é a adaptação caipira, meio Adoniran Barbosa, da frase famosa veni, vidi, vici.

Não podemos deixar pra amanhã o que podemos fazer hoje.

Pode ser tarde demais.

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