Não existe remédio capaz de amenizar a dor emocional.

Cerque-se de pessoas boas, cultive relacionamentos sadios, pratique atividades que lhe deem prazer, tire um tempo para não fazer nada, diga “eu te amo”, diga “eu me amo”.

Parece-me impossível, ultimamente, sentar para escrever sem discorrer sobre a tristeza, a fragilidade humana, sobre a dor.

Eu não queria, eu evito, mas a gente coloca para fora o que sente e não consigo fugir a reflexões sobre sentimentos doloridos.

Eu nunca havia vivenciado tempos tão difíceis, nunca antes a morte esteve tão presente no cotidiano e estampada por todos os lados.

Eu escrevo para desabafar e para tentar entender e digerir tudo o que me transborda.

Minha escrita é minha terapia, minha salvação, a forma que eu tenho de me expressar e amenizar o que não me faz sorrir e o que me dilacera.

Eu escrevo para me entender e para que esse meu entendimento, quando lido por alguém, possa lhe trazer um pouco de esperança também.

E a esperança vem porque há desesperança. Faz-se luz quando há escuridão. Ou seja, eu supero o que dói, porque dói, mas vai passar.

A gente tem que ter fé de que vai passar, de que tudo vai melhorar, de que a gente vai ser bem feliz. Em vez de fugir da tristeza, eu opto por aceitá-la, entendê-la, para, então, lutar contra ela. E a gente só luta quando para de fugir. A gente só vence se consegue enfrentar o que machuca. Mas isso requer uma coragem absurda.

Cada um se apega ao que lhe der mais força para encarar as aflições e os medos, de maneira mais segura.

Tem quem pratique esporte, tem quem faça artesanato, quem cante, quem faça terapia, quem pinte quadros e paredes. Eu escrevo.

Dedilhar meu piano ajuda muito, mas minha escrita é o meu mais forte escudo contra essa tristeza que rodeia a vida de todo mundo, principalmente hoje.

Ninguém está muito bem, ninguém está sem nenhum tipo de medo, ninguém está livre de qualquer preocupação.

Somos todos guerreiros diários, sobrevivendo e buscando a felicidade, que deve ser a meta de todo mundo.

A dor emocional é a mais difícil de se amenizar, não tem remédio que dê conta. O que devemos fazer é tentar sair desses espaços emocionais pesados, preenchendo-nos do que faz bem.

Cerque-se de pessoas boas, cultive relacionamentos sadios, pratique atividades que lhe deem prazer, tire um tempo para não fazer nada, diga “eu te amo”, diga “eu me amo”. Guarde em suas memórias os momentos mais prazerosos de sua vida.

Dance, cante, toque um instrumento, toque uma pele, sorria, dê gargalhadas por bobagens. É isso que servirá como medicação, nos momentos em que a vida disser não, nos momentos em que escurece aqui dentro.

E nunca, jamais, em hipótese alguma, deixe de acreditar em dias melhores. Eles virão. Eu sei que sim. E você, no fundo, também sabe.

É que a gente tem essa estranha mania de ter fé na vida. Graças a Deus.

*Foto de JC Gellidon no Unsplash

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Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.