Sempre que alguém sai de nossas vidas por conta própria, temos a sensação de que poderíamos ter feito alguma coisa para impedi-lo. Ficamos nos questionando se não poderíamos ter tentado mais um pouco, se não deveríamos ter feito isso ou aquilo, se deveríamos ter agido dessa ou daquela forma. E então a gente carrega um monte de peso que, muitas vezes, nem é nosso, tampouco deveria passar pela nossa mente.
A verdade é que não sabemos lidar direito com as perdas e com os fracassos, uma vez que queremos sempre vencer, na vida em tudo o que dela faz parte, porque é assim que somos ensinados desde sempre. Inundados pelos finais felizes folhetinescos e pela cultura do “seja um vencedor”, pouco refletimos acerca do que pode vir a não dar certo em nossa jornada, embora tantas e tantas coisas não deem certo para ninguém.
Assim, quando nos deparamos com os nãos que batem à nossa porta, sentimo-nos totalmente desolados, como se não houvesse mais nenhuma opção no mundo a não ser aquela que não vingou. Parece que ninguém se lembra de que as pessoas vão embora, muitos planos escorrem água abaixo, empregos não são eternos, e por aí vai. A gente quer ficar com tudo, com todos, mas a realidade da vida não chega nem perto disso.
Fato é que ninguém é obrigado a gostar de ninguém para sempre, simplesmente porque ninguém é igual todos os dias, por uma vida inteira. As pessoas vão se moldando, à medida que o tempo passa e conforme digerem aquilo que lhes acontece. Aquele indivíduo de hoje muito provavelmente não será o mesmo daqui a algum tempo, pois nada nem ninguém permanecem exatamente iguais. E, nesse compasso, pode haver descompasso entre os envolvidos.
Muito provavelmente, quando o outro decide partir, é porque aquela ideia já foi maturada dentro dele há tempos – ninguém acorda e, de repente, decide não querer mais. Quando o rompimento vem à tona, todos os indícios de que aquilo seria inevitável já foram dados, porém, uma das partes simplesmente os ignorou o tempo todo. E, assim que o outro decide partir, nada mais o mantém – nada.
Se fizemos o nosso melhor e partilhamos as verdades que nos importavam, não há o que lamentar. Se erramos e sentimos que provocamos a partida alheia, cabe-nos aprender a não voltar a repetir os erros, quando o próximo amor chegar. Embora seja complicado, quanto menos culpa sentirmos, mais aptos estaremos para abraçar tudo de novo que sempre virá em nossa direção. E sempre virá.