Por vezes, ouvimos as pessoas dizerem, até em tom de brincadeira, que o Karma delas é pesado, por terem determinada situação ou relação difícil nas suas vidas: “Devo ter feito muito mal a alguém numa vida passada para merecer isto”. Ouvimos nós.
De acordo com a filosofia oriental budista e tal como já vimos num artigo anterior, a lei do Karma diz que tudo aquilo que enviamos sob a forma de pensamento, palavra ou ação, ou seja, tudo aquilo que pensamos, dizemos ou fazemos voltará para nós.
A vida das pessoas baseia-se nas suas ações passadas. Mas será que tudo é assim tão linear? Se estivermos a passar por um grande sofrimento, então, temos que concluir que é porque o merecemos? Porque fizemos algo de tremendamente grave no passado que agora estamos a colher? Nem sempre é assim.
O que pode acontecer algumas vezes são provações que firmam determinada atitude na nossa vida, como alguém que é constantemente posto à prova para perdoar ou então para se desapegar dos bens materiais, por exemplo.
Tomemos o caso de uma mulher que é traída e roubada pelo seu próprio marido, que por sua vez gasta o dinheiro em drogas. Será que ela o traiu numa vida passada ou até na vida atual e que lhe fez o mesmo que ele faz agora? Não necessariamente. Pode ser uma prova que Deus lhe dá para aprender a perdoar e para aprender a desapegar-se dos bens materiais, que foram fruto do esforço do seu trabalho.
Este tipo de prova serve para aprendermos também a voltar a atenção para o que é realmente importante, como sentimentos nobres e altruístas. Isto não significa que essa mulher tenha que ser permissiva e aceitar a condição do marido traidor, que rouba e é toxicodependente. Significa que ela precisa perdoar, deixar de sentir raiva e revolta e tomar um caminho diferente.
E quando há uma doença grave? E quando morre uma criança? Há maior injustiça que essa? Será que isso acontece para expiarmos os erros do passado?
Não, pois pode não ser Karma. Pode acontecer que Deus queira que tenhamos a experiência da dor que os outros suportam, para que possamos aprender o que é a compaixão, por exemplo.
Há outras situações em que as almas, antes de reencarnarem, oferecem a si, para sacrifícios, com o objetivo de ajudar alguém que lhes é querido a aprender uma lição de alma: “Quando chegamos ao plano espiritual, também aí, continuamos a crescer… Temos que passar por uma fase de renovação, uma fase de aprendizagem e uma fase de decisão. Decidimos quando queremos regressar, onde e por que motivos. Há quem decida não regressar… O nosso corpo não passa de um veículo que nos é útil enquanto aqui estamos. Só a nossa alma e o nosso espírito vivem para sempre.” Muitas vidas, muitos mestres, Dr. Brian Weiss.
E depois há aquelas pessoas que têm doenças graves ou morrem precocemente, como as crianças, para evoluírem mais rápido. A partida de uma criança é, com certeza, das provações mais difíceis que uma pessoa tem de enfrentar. O sentimento de impotência e de injustiça são tão grandes que geram, consequentemente, muita revolta, raiva e perda de fé. Não há palavras para consolar o coração de uma mãe ou de um pai nessa situação.
A vida continua um grande mistério e nem tudo poderá ser compreendido. Por vezes, a lição é aceitar, sem nos revoltarmos.
Nem sempre compreendemos os desígnios de Deus, mas certamente tudo acontece porque assim tem de ser.
O objetivo máximo da encarnação na Terra é aprendermos a nos amar, até que todas as lições sejam aprendidas. Aí não precisaremos encarnar mais e permaneceremos no Reino dos Céus para sempre.
Nem tudo é karma! Mas uma coisa é certa: quanto mais difícil é a prova, mais a pessoa evolui.
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