Ninguém é dono de ninguém. De certa forma não somos donos de absolutamente nada. Se olharmos pela perspectiva de que estamos aqui de passagem, facilmente perceberemos que a única coisa que nos pertence é o nosso próprio apego a vontade de conquistar algo ou alguém.

O verdadeiro amor e os modelos “standard” de relacionamento.

O modelo padrão ou “standard” de relacionamento ainda resiste à essa realidade de dominação nas relações.

Quem nunca ouviu, ou até mesmo já disse, ao ser convidado para algum evento: “Vou ‘ver’ se o meu parceiro (a) me deixa ir “.

NESSE TIPO DE RELAÇÃO O CASAL MANTÉM UMA ESPÉCIE DE POSSE DISFARÇADA, ONDE AMBOS ESTÃO CONDICIONADOS A PEDIR PERMISSÃO UM AO OUTRO, OU APENAS UM DOS DOIS, PARA QUE POSSAM EXERCER O DIREITO DE IR E VIR.

Há quem diga que tal comportamento é um sinal de “respeito” ao outro. Acredito que o respeito pode ser expressado de várias formas, e de maneira muito mais abrangente e genuína do que essa.

Para que o amor germine radiante é preciso que ambos se conscientizem de que ninguém é dono de ninguém. Que saibam desde o início que ninguém possui a responsabilidade de completar ninguém.

E principalmente que aprendam que somos seres inteiros!

Mas se o casal, ou um dos dois, não se sente ainda inteiro e vive buscando uma metade perfeita, a que ele ou ela pensam que falta, o relacionamento vira sempre um tumulto… uma mistura de raiva, medo, tristeza, dor, mágoa, angustia… tudo, menos amor verdadeiro. Aconselho que essas pessoas busquem meios de se tornarem inteiros,o quanto antes. O autoconhecimento livra qualquer um dessa necessidade de querer dominar e controlar o outro.

Não somos metades esperando outra parte para finalmente sermos completados.

Relacionamentos saudáveis envolvem pessoas bem resolvidas. Inteiras. Com uma vida própria e ocupada. Que decidem compartilhar momentos, experiências, e o seu tempo disponível com liberdade.

Você sabia que um estudo realizado pela psicóloga América Terri Orbuch revelou que a privacidade em um relacionamento é muito mais importante para a felicidade do casal do que uma boa vida sexual?

Ao concluir o estudo que teve a participação de mais de 300 casais, ela entendeu que aqueles que mantêm seus próprios amigos e interesses se sentem mais felizes e menos entediados, já que, ter liberdade para passar um tempo fazendo o que realmente querem, sozinhos, ou com outras pessoas, os ajudaram a processar os pensamentos, relaxar e voltar inteiro e feliz para o seu parceiro (a).

Isso mostra o tanto que é importante o casal manter sua individualidade quando assunto é manter um relacionamento feliz pela vida toda! Confiança, lealdade, fidelidade, compromisso e amor só se aliam se estiverem vivendo em liberdade.

O respeito nasce do compromisso que a lealdade gera.

A fidelidade também caminha pela mesma via, é um compromisso de respeito e lealdade. Já que o verdadeiro elo que vem de dentro e habita no coração, não mora em um anel.

Quem ama de verdade e não segue apenas um padrão de relacionamento possessivo, quer ser feliz e ver o outro feliz também.

A boa comunicação se dá através da “verdade” muito mais do que da justiça.

A primeira base para um relacionamento saudável e feliz é a verdade.

Se você busca um “verdadeiro” amor, a própria expressão já te sugere que, para isso acontecer de verdade em sua vida, antes de mais nada, você precisará ser de verdade.

Um amor nunca será verdadeiro se as pessoas que estão se relacionando não forem.

Ser verdadeiro na alegria e na tristeza. Comunicar o que sente. O que espera. O que faz bem e o que frustra. Parceria é o nome que se dá a essa relação. E o companheirismo deve ser o alicerce para caminharem juntos.

Perceba que juntos, não quer dizer grudados como gêmeos siameses.

Para um casal ser feliz é preciso que ambos tenham espaço para respirar. Para serem um indivíduo mesmo estando juntos. Para simplesmente serem o que são de verdade.

Afinal, ninguém é dono de ninguém.

Precisamos entender, antes de entrar de cabeça em um relacionamento, que devemos dar ao outro o que gostaríamos que nos dessem, e que respeitar o outro é também ser fiel à nossa própria individualidade.

Essa individualidade nos permite compartilhar sem controlar. Amar sem dominar. Se relacionar sem prender o outro… E se libertar para amar e ser amado de verdade!








Elen de nascimento, Maria por opção. Escritora, pensadora, sonhadora, gestora, coach e mãe. Escrever é colorir a realidade com as imagens que a alma captura a cada momento do existir. Tudo que é vivido, pensado ou sentido merece também ser escrito.