Todo amor dá certo. Não interessa o tempo. Não importa quando nem quanto. Em qualquer quantidade, amor é amor. O que vale é a qualidade.

Uns amores duram pouquinho, chama de fósforo, fogo de palha. Outros passam a vida inteira queimando, ardendo, alastrando seu calor na vizinhança.

Esses vão longe, chamuscam quem passa perto, multiplicam seu incêndio em um milhão de labaredas assanhadas. Mas é tudo amor. Dure muito ou quase nada, é tudo amor.

“Ah, que pena que não deu certo…”, lamenta a pessoa desavisada ao saber do divórcio da vizinha. Mal sabe ela o quanto essa vizinha anda mais leve.

Não adianta explicar.

Tem coisas que só uma boa separação há de fazer pelo amor que se presta a fazer mal. Primeiro porque amor que faz mal é um escandaloso contrassenso.

Amor tem de fazer bem ou não é amor. É dependência, perversão, crueldade, patologia, choramingação. Qualquer coisa ruim, com um nome ruim. Menos amor.

Depois, porque é muito injusto e dolorido assistir a um sentimento que um dia foi tudo se tornar nada.

Por fim, porque às vezes não se pode mesmo restaurar o amor, como quem cola a asa de uma xícara quebrada. Acontece.

Respeito a opinião de quem afirma tão seguro e inflamado: “se acabou é porque não era amor de verdade!”, mas eu prefiro a calma da minha impressão de que pode acabar, sim. Sobretudo para quem não aprendeu a cuidar de seu amor.

Vez em quando, penso assim comigo que quem tanto lamenta o fim de um amor não aprendeu a agradecer o seu início e não há de celebrar o fato de ele simplesmente ter existido.

Se existiu, é porque deu certo.

Um dia, um mês, um ano. Uma vida. Não importa. Todo amor dá certo. Sobretudo quando acaba no tempo devido.

Quando o amor agoniza, é tempo de escolher: ou a gente vira o disco e segue em frente, cada um para o seu lado, ou põe nossas canções para tocar de novo. Porque o amor existe para além das medidas convencionais, dure o tempo que durar.

Em qualquer tempo, de qualquer sorte, o amor é sempre “para sempre”. Para além de qualquer engano, acima de qualquer erro, no começo, no meio ou no fim, todo amor sempre dá certo.








http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.