O desespero é o sinal do cérebro procurando meios para superar a dor.
Quando algo parece estar perdido, o cérebro começa a enviar sinais para que passamos a utilizar a nossa habilidade mental, através da inteligência criativa para buscar soluções para viabilizar o que queremos, e assim, nos motivamos a procurar novas ideias.
Se perdemos alguém que amamos, encontramos amparo na esperança de que essa pessoa está em paz e em um bom lugar, mesmo que não acreditemos que exista um outro lugar.
Quando perdemos um amor, o cérebro começa a esperançar por encontrar um novo amor.
Se perdemos um bem material que tanto gostamos, nos concentramos em amealhar, através de alguma atividade laboral, novos recursos financeiros para repor o que nos foi subtraído.
E mesmo diante da finitude, que levará inevitavelmente um ente querido, e a nós mesmos, procuramos a possibilidade de nos aliviar num profundo respirar, diante daquela árvore que faz sombra e nos acolhe, no silêncio que tanto comunica.
Buscamos no encontro com a natureza algo familiar que nos conforte. Buscamos em uma outra pessoa uma palavra amiga. Buscamos em outros projetos o renovar das nossas esperanças.
O cérebro não encontra limites no desespero, ele busca soluções. Desespera-se, exaspera-se e busca em algo novo, um possível alívio que o faz suportar a dor.
O cérebro não substitui coisas e pessoas, mas busca soluções para superar a dor, trazendo novas sugestões que nos dê suporte emocional, para que possamos dar novo sentido à vida.
Não nos preparamos para perder qualquer coisa que seja, mas quando estamos em desespero, buscamos, mesmo que inconscientemente, a paz do EU, para eliminar de vez e liquidar a dor da perda.
Não desistimos sem ao menos tentar desviar o foco dessa dor que é inevitável, para não declinar sobre a mesma linha de memória, que nos derruba num fim determinado.
A aversão à tristeza, busca na troca de pensamento uma saída para aliviar a carga, daquilo que acreditamos não conseguir suportar.
Permitimos que o instinto apurando traga a sustentação, para podermos seguir a vida como um organismo que determina a permanência e seguir em frente sem pensar nos obstáculos.
O limite de nossas conexões neuronais, está na incapacidade de lidar com o que não se pode resolver de imediato, contornando as adversidades para sobreviver.
As células que não conduzimos, nos guiam, para que permaneçamos de pé, para que possamos suportar a dor da perda, e assim elas se alimentarem até o resto do corpo não aguentar.
Vamos definhar nessa oscilação inconstante do pensar, guiado pela emoção que sem razão nos coloca a declinar.
Nossa natureza não poderia suportar as dores que criamos, nem a que não controlamos, sem poder acreditar que o fim é determinado e que não há um outro lugar que possa o pensamento trazer o alívio, nos mantendo perdidos em nossas ruminações.
O cérebro nos faz esperançar por dias melhores.
O cérebro saudável traz equilíbrio no uso da emoção e da razão, no planejamento e execução, para que possamos transcorrer no tempo, guardando memória de experiências positivas para retirar lição para as novas fases, idades e etapas até findar a existência.
Por tanto, quando o desespero bater, não se entregue a prostração porque o desespero é um sinal de que o cérebro está a buscar meios para superar a dor. Permita que ele trabalhe em paz. E o conforto para essa dor virá.
*DA REDAÇÃO RH. Texto de Fabiano de Abreu Rodrigues, PhD, neurocientista, neuropsicólogo, biólogo, historiador, jornalista, psicanalista com pós em antropologia e formação avançada em nutrição clínica. PhD e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814; Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488; Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079; Contato: deabreu.fabiano@gmail.com
*Foto de Marko Brečić no Unsplash
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