O egoísta é sutil, pois parece interessado nos outros. Porém, é um interesse “interesseiro”.

O egoísta é sutil, pois parece interessado nos outros. Porém, é um interesse “interesseiro”.

Por muitos anos, convivi com pessoas extremamente egoístas. Desde a minha infância me deparo com situações onde tento entender os motivos, pelos quais, pessoas muito próximas a mim, acabam fazendo escolhas negativas, movidas por suas frivolidades momentâneas e colocam em risco a família ou aqueles que elas dizem amar.

Meu pai foi um cara egoísta. Digo foi, porque hoje, graças a Deus, ele é um ótimo homem e um pai muito amoroso. É a prova que a maturidade e a sabedoria tem o poder de mudar as pessoas para melhor.

Mas durante a sua vida, presenciei momentos aterrorizantes onde pude perceber a sua ânsia em viver cada minuto como se não fosse existir um amanhã. Tudo o que acontecia com ele era extremamente intenso, violento, catastrófico e me impactava fortemente.

Eu fui uma adolescente triste. Acho que carrego ainda no olhar essa tristeza.

Hoje sei que se temos em nosso convívio uma pessoa que amamos que é extremamente egoísta, estamos fadados a tristeza se não fizermos um trabalho interno de perdão e desvinculação.

Por muitos anos eu não consegui fazer isso e o resultado foi que eu comecei a me relacionar com homens que tinham comportamentos muito parecidos com o meu pai.

Acabei ficando casada por cerca de 10 anos com uma pessoa extremamente egoísta. Tudo que ele podia usar a favor dele, mesmo que fosse por cima das minhas convicções e vontades, ele usava.

POr minha culpa, inocência e sensibilidade, constantemente, ele abusava da minha boa vontade e bondade. Ele usava o meu carro, gastava o meu dinheiro, vivia na minha casa, se beneficiava dos meus moveis… Eu compartilhava com ele tudo o que era meu, e com o tempo, eram mais dele do que meu.

Em dez anos, ele nunca comprou nada durável para a nossa família, sempre esperou que eu o fizesse para que ele pudesse usufruir, e ele sabia que eu iria fazer.

Eu era fraca e covarde perante tudo, a minha carencia emocional era tão grande que eu mesma não entendia como me deixava usar daquela forma. Aceitei muitas humilhações, e me via sempre em uma situação de comando e subserviência dolorida.

Meus pensamentos eram tão lindos, meus sonhos mais ainda, meu coração transbordava amor e só queria ser amada como amava a possibilidade do amor. Até que veio o golpe final, descobri uma traição escancarada.

E hoje sei que uma pessoa egoísta nunca é fiel.

A pessoa egoísta não se importa com o sentimento do outro apenas com o seu, o que explica as atitudes de meu pai que nunca pensou no mal que estava me causando com o seu comportamento. E explica também a falta de autopercepção do meu ex-marido que até hoje me culpa por tudo.

A pessoa egoísta vive o momento e busca sempre mais prazer e realização pessoal. Ela sabe exatamente do que gosta, e geralmente, gosta das coisas boas da vida, por isso, se aproxima de pessoas que possam oferecer a ela algo que ela não quer se esforçar em ter, ou acredita ser merecedora, mesmo que as custas do outro.

A pessoa egoísta sabe muito bem dominar uma pessoa sensível, são exímios manipuladores e chantagistas emocionais.

Pessoas egoístas nunca aceitam que outras pessoas terminem algo que ele não quer que acabe.

Pessoas egoístas não adimitem que alguém os impeçam de fazer alguma coisa que eles gostariam de fazer. Se ele não quer se separar, na cabeça dele, não haverá separação, mesmo, que a mulher queira. É tipico de um homem egoísta não aceitar a separação.

Minha mãe sempre me dizia: “Perdoe e se desvincule minha filha, se não conseguir fazer isso, outra situação parecida voltará a te perturbar o coração”.

Perdoar realmente é um ensinamento que Jesus deveria ter deixado bem claro em um manual de instruções. Só a palavra não faz sentido quando a ferida não cicatriza.

O egoísta é sutil, pois parece interessado nos outros. Porém é um interesse “interesseiro”.

O egoísta é um grande controlador que tenta mover os outros como se esses fossem um conjunto de peças de um jogo. Como jogador, o egoísta acredita que sabe, melhor que ninguém, o rumo que deve dar às peças.

Fernando Pessoa eternizou o egoísta na figura de Álvaro de Campos, o personagem em um de seus discursos disse:

“Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

Assim, como sou, tenham paciência!

Vão para o diabo sem mim,

Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!

Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.

Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!”

Triste a sina de quem ama um!

*DA REDAÇÃO RH. Texto de Iara Fonseca, jornalista, escritora, editora de conteúdo dos portais Resiliência Humana, Seu Amigo Guru, Homem na Prática e Taróloga, facilitadora do método de AUTOEXPANSÃO.

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