Eu poderia escrever um livro sobre confiança perdida e tudo o que envolve esse tema. Tenho horas de prática (mais do que eu gostaria).

Não seria um livro pequeno, nem fácil, e nem muito menos recomendado para todos os tipos de leitores.

Porque você sabe, há pessoas que só entendem o que querem entender.

Ele começaria mais ou menos assim:

“bla bla bla, e então aquele maldito trem da desconfiança me acertou quando eu andava distraída nos trilhos da dúvida. Não sabia para qual lado ia.

A verdade é que eu só queria ficar parada no exato lugar onde estava. Mas tudo se move, tudo anda.

Eu apenas andei para o lado errado. Não o oposto, mas o errado.”

O meio seria algo como:

“(…) é incontrolável, chega até a ser prazeroso. Basta uma faísca de desconfiança para o inferno do masoquismo começar.

Quanto mais eu procuro, mais eu acho. Quanto mais eu acho, mais eu me machuco. E quanto mais eu me machuco, mais quero me machucar.

A confiança arrumou as malas, comprou passagem só de ida e foi embora. Eu não a espero e nem fecharia a porta caso ela voltasse, eu apenas procuro motivos para que ela continue se mantendo afastada.

E os motivos… Ah, os motivos… Eles nunca param de pipocar.”

E terminaria com:

“E eu jurei, prometi, me obriguei a não deixar mais isso acontecer.Porque as pessoas só fazem com a gente, aquilo que deixamos que elas façam.

E em algum momento eu deixei, e se esse era o meu castigo, então eu o merecia e ninguém o tiraria de mim.

Nem eu mesma.”

E então, o que era para ser um livro vivendo as glórias de uma carreira solo, ganharia volume 1, 2, 3, 4… e contando.

A história nunca muda, o que muda são os personagens.








Aprendeu a ler antes mesmo de conseguir segurar um livro e descobriu neles o que queria fazer para o resto da vida. Além do blog cuida de 3 gatos e é autora do livro “Fique com alguém que não tenha dúvidas”, lançado pela editora Única.