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O mundo é dos espertos: malandro que tanto quer, faz acontecer.

Analisando friamente, o amor exige o mínimo para dar certo.

Antigamente, os relacionamentos eram uma via de mão dupla. Um cedia de um lado, outro cedia do outro. Atualmente, as regras estão mudadas. Não existe um manual que nos explique como agir. Não estamos atualizados sobre as novas tendências. De qualquer forma, convivemos com tolerância zero e precisamos ter o máximo de paciência. A vida ainda nos cobra a medida exata entre dar atenção, e ser uma pessoa grudenta. É como viver na corda bamba, sempre tentando manter o equilíbrio.

Estamos na era dos relacionamentos passageiros, de pessoas que querem se envolver apenas com o nosso melhor, de pessoas que não toleram os defeitos, que não desculpam os erros. De pessoas que nos dão cartão vermelho na primeira falta. E assim, somos expulsos antes mesmo de recebermos o terceiro cartão amarelo.

Não precisamos esperar sangrar. Não precisamos ameaçar os adversários. Não precisamos comprar os melhores e mais modernos escudos. Não precisamos esperar os limites estourarem. Não precisamos contrariar os nossos ideais. Não precisamos xingar, berrar, espernear ou descontrolar. Não precisamos nos desgastar. Não precisamos, mesmo.

Eu tenho a impressão de que estamos dentro de um estádio, fazendo parte de um jogo. Lutamos por grandes vitórias, mas não queremos apostar alto. Os vencedores são aqueles que curam uma derrota, com o amor-próprio. Para início de conversa, não se cura a dor de um amor, com outro amor. O que eu quero dizer, é que quando entregamos os nossos sentimentos para alguém, por muitas vezes, o que oferecemos não é o bastante para manter o destino que planejamos e acabamos trilhando caminhos opostos ao que imaginamos.

Frustração é a palavra que descreve as várias sensações após o rompimento de um relacionamento. Demoramos para encontrar alguém, para nos entregarmos, para confiar e assim, quem sabe, plantar a semente de um namoro. Quando isso acontece, é como um consórcio, que embora demore para acontecer, um dia você será contemplado. Eu sempre tive uma forte intuição de que independente da situação, apostar no coração é a opção mais certa e segura. Então, o tempo passou e eu percebi que não é sempre assim. Apostar todas as fichas em algo que já sabemos o desfecho, não é uma atitude racional. Por que continuar insistindo em algo que terá o mesmo resultado, se podemos apostar em algo novo e obter resultados diferentes? E quem sabe, surpreendentemente melhores.

Hoje em dia, não tenha dúvidas de que atitude é tudo. Essa história de que se for para acontecer, vai acontecer, já passou. Sinceramente, sabe o que eu penso? Se for para acontecer, persista e faça por merecer. Corra contra o tempo, contrarie tudo e todos, mas tente. Seja cuidadoso, mas se der errado, tudo bem. Sentir é fácil demais, qualquer um pode, quero ver quem está disposto a substituir o não, pelo sim.

É por essas ocasiões de deixarmos para amanhã, o que poderíamos estar fazendo, e por algumas outras, que eu não posso mais apostar. Já perdi todas as minhas fichas, e agora ando com saldo negativo em questões do coração.

Temos que colocar um ponto final na escolha de deixar as coisas para depois. Não trate os amores como peças de um tabuleiro qualquer. Ninguém é uma peça do seu quebra-cabeças, nem mesmo se houver um encaixe perfeito. Pois, quando você menos esperar, um xeque-mate poderá derrubar todo o seu castelo de areia. Não estamos na época de príncipes ou princesas. Dar o troco é negociação de comerciante e se você não agir com coerência, muito provavelmente, as borboletas entrarão em extinção diante de tantos jardins artificiais que estamos plantando.

Vai por mim, anote o meu conselho: um presente cheio de tentativas, ainda é melhor, do que um passado cheio de pendências.

Jéssica Pellegrini

Nunca confie em uma escritora confusa e romântica. As controversas entre um texto de amor e outro de desilusão, podem causar questionamentos pessoais. Consequentemente, sequelas mais graves.

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