O profeta Elias: exemplo de resiliência e espiritualidade… Os profetas são pessoas que se conectam com o “luminoso”, servindo de ponte com a humanidade. Eles revelaram a preocupação de Deus ou das divindades pelas atitudes dos seres humanos. As suas mensagens foram transmitidas em várias culturas, como na antiga Grécia, no judaísmo, cristianismo, islamismo, budismo, entre outras.
Além disso, os profetas são místicos. O termo deriva do grego “myo”, que significa fechar os olhos, e de “myeomai”, isto é, ser iniciado. A experiência mística ocorre quando um fenômeno não pode ser averiguado pela razão, mas que se exemplifica pelo autoconhecimento espiritual.
Um grande exemplo de profeta e místico foi Elias, que é reverenciado no Talmude, na Mishná, no Novo Testamento e no Corão. Por ser tão importante, que os sábios da época disseram que ele não morreu, mas foi transmutado por Deus.
Elias viveu em Israel durante o reinado de Acabe (séc. IX a.C.), que se refere ao profeta como “o perturbador de Israel”. Ele criticou os sacerdotes do rei, que carregavam de ódio a ideia de nós e eles”, que alimentava a diferença entre minha identidade e a sua, sua religião e a minha, minha visão de mundo e a sua.
Apesar das pressões e dificuldades, Elias manteve-se incorruptível em defesa do culto ao único Deus. O cenário que ele viveu se parece com o mundo que vivemos hoje, no qual o nacionalismo era uma adoração ao rei e a loucura da idolatria dividia o povo.
A vida de Elias foi marcada não só pelo deserto territorial, onde reconheceu seus limites físicos. Mas também experienciou o seu deserto interior: o momento que se sentiu confuso, com medo, acreditou que tudo estava acabado, pensou em só comer e dormir, bem como desejou fugir e morrer. O que é um sintoma de depressão.
Contudo, Elias não perdeu a fé e descobriu que estava enganado. Percebeu que Deus se faz presente na luz, que nasce na escuridão.
Ele se diferenciou pelo seu jeito de ser: que lutava pela a vida do seu povo e contra as estruturas necrófilas do rei, ensinando que Deus se revela em amor e justiça.
O profeta Elias era um ser de súplica, que buscou na fonte divina o ânimo para enfrentar o seu deserto psíquico sem desistir de Deus e do seu povo. A carta de Tiago descreve Elias, como o homem de oração: “Elias era homem fraco como nós”.
O livro do Eclesiástico utiliza a metáfora do fogo, que queima como uma tocha, para relatar como Elias se relaciona com Deus e com o povo. O fogo é o símbolo do Espírito Santo: essa chama no coração do profeta, que o levou a crer na esperança, para superar o desânimo.
A tarefa de Elias como ser humano foi dar a luz a si mesmo e se transformar naquilo que realmente é, em alguém mais nobre, mais forte e mais livre. Assim, a sua caminhada nos ensina que a vida pode ser mudada e não perdida, o que é bem diferente dos que morrem sem jamais mudar.
Enfim, a resiliência e a espiritualidade desse profeta nos mostram o prodígio de unir a alma humana com Deus. É como disse o psicanalista Erich Fromm: “Somente a pessoa que tem fé em si mesma é capaz de ter fé nos outros.”