A paixão segundo o pesquisador do Laboratório de Neurociências Pedro Calabrez:
“A paixão quando você observa o cérebro, é uma espécie de estado hipermotivacional de demência com uma duração de média de alguns meses, varia entre 12 a 18, e com grandes características de obsessão e de compulsão.
Quando nós nos apaixonamos, nós temos uma maior ativação em nossa cérebro de estruturas que nós chamamos de vias mesolímbicas dopaminérgicas, e esse neurotransmissor, a dopamina, é responsável dentre uma série de coisas pela experiência de recompensa, ou seja, motivação e prazer. Então, estar apaixonado em primeiro lugar é um estado em que você está hiper motivado. Não é atoa que quando você está apaixonado você sabe que você tem muito mais disposição e energia do que quando não está.
Outra coisa que acontece no seu cérebro é uma alteração, uma queda de um neurotransmissor chamado serotonina, e a consequência disso é, durante a paixão, algumas características surgirem, e essas características são muito semelhantes ao transtorno obsessivo compulsivo.
Quando você está apaixonado, você fica obsessivo. Essa obsessão, ela se dá em forma de ideias invasivas sobre a pessoa pela qual você está apaixonado. Então, você está assistindo tv, assistindo um seriado, trabalhando, tomando banho e a ideia da pessoa vem a sua cabeça recorrentemente de maneira fixa, de uma maneira que você não consegue controlar, e isso é típico da obsessão.
Além disso, quando você está com a pessoa, nunca existe um tempo suficiente para você parar de estar com ela. Quando você está com a pessoa você quer mais e mais e mais e isso é típico da compulsão.
E finalmente, outra coisa que acontece no seu cérebro é uma inibição de estruturas que nós chamamos de estruturas pré-frontais que ficam imediatamente antes da sua testa. Essas estruturas dentre muitas coisas que elas fazem, estão responsáveis em primeiro lugar de frear os seus impulsos e desejos. E em segundo lugar, você conseguir antecipar aquilo que irá acontecer em consequência daquilo que você está fazendo agora.
Um outro bom exemplo de inibição pré frontal é quando você bebe bebida alcoólic. O álcool, ao contrário do que muitas pessoas pensam, ele é uma substância que inibe o funcionamento do cérebro. Talvez você pense que a última coisa que você fica quando bebe é inibido, muito pelo contrário você talvez fique desinibido. É porque uma das primeiras estruturas que ficam inibidas quando você ingere o álcool é pré frontal, é por isso que quando você bebe, você briga com muito mais facilidade, você manda mensagem para ex no whats app e depois se arrepende, você vai para a balada e fica com pessoas de qualidade estética duvidosa…
Isso acontece porque quando você inibe essa estrutura pré frontal, você perde essa capacidade de bom juízo, ou seja, de frear seus impulsos e de frear suas emoções e sobretudo de conseguir pensar que talvez a consequência do que você está fazendo agora não seja tão boa. E claro, se você continuar bebendo o álcool, ele vai continuar inibindo o seu cérebro, até que chega a hora que você vira aquele bêbado chato, chorão que fica abraçando todo mundo.
Com o apaixonado, acontece uma inibição pré frontal. O processo de tomada de decisão do apaixonado fica prejudicado, não é atoa que a pessoa apaixonada costuma tomar decisões completamente idiotas, como por exemplo tatuar o nome da namorada na nádega esquerda. Será que saber de tudo isso tira a mágica de estar apaixonado, tira a poesia do inicio de um grande amor? Eu garanto que não, pois eu quando estou apaixonado, apesar de estudar e conviver com isso diariamente, fico tão demente quanto você, aliás sejamos honestos, a alegria advinda dessa demência é uma das coisas mais gostosas da vida, se eu pudesse eu permaneceria apaixonado o tempo inteiro.”