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O que causa o surpreendente lado sombrio de um narcisista? Por que eles são como são e fazem o que fazem?

O que causa o surpreendente lado sombrio de um narcisista? Por que eles são como são e fazem o que fazem? Entenda o Narcisismo do ponto de vista de um terapeuta.

Muitas pessoas julgam as pessoas narcisistas, sofrem nas mãos delas, mas nunca pararam para pensar a real causa delas serem assim. Antes de mais nada, precisamos identificar que é narcisismo:

O narcisismo leva o nome de um lindo menino de um antigo mito grego, notoriamente recontado pelo poeta Ovídio. O mítico Narciso se apaixonou não por uma pessoa real, mas por seu reflexo nas águas de um lago. Ele morreu de desgosto porque sua bela personalidade não o amava de volta e renasceu como uma flor branca perfumada: o narciso.

O mito fascinou escritores, poetas e artistas ao longo dos tempos como símbolo de amor não correspondido. No século XIX, Sigmund Freud adaptou o mito para se adequar a um certo tipo de dinâmica, tal como adaptou o mito de Édipo para se adequar a um tipo diferente de personalidade .

Para Freud, assim como para psicanalistas posteriores como Heinz Kohut, o narcisismo era visto em termos de relacionamento com o terapeuta. Freud entendeu o narcisismo em termos de energia vital. Ele acreditava que a energia do narcisista está presa dentro de si e, portanto, ele não consegue estabelecer um relacionamento real com o psicanalista (ou seja, uma transferência). Assim, Freud pensava que o narcisismo não era tratável pela psicanálise tradicional.

Terapeutas posteriores descobriram que os sentimentos de grandiosidade e superioridade do narcisista são, na verdade, defesas que protegem um EU frágil e fragmentado. Por baixo das defesas reside uma dor considerável, uma auto-aversão e uma fragmentação do EU.

Astutamente, o poeta Ovídio retrata essa fragmentação do eu do narcisista, descrevendo como as lágrimas de Narciso caem no lago, borrando e despedaçando a bela imagem refletida.

O psiquiatra Heinz Kohut, escrevendo na década de 1970 em Chicago, foi talvez o mais famoso pesquisador do transtorno de personalidade narcisista. Kohut expandiu a visão de Freud e argumentou que um narcisista tem uma qualidade de relacionamento com o terapeuta diferente da do paciente neurótico comum.

De acordo com o psiquiatra Kouhut, um narcisista vivencia o terapeuta como uma peça de mobília ou um peão que pode ser movido conforme sua conveniência. Ele não tem nenhuma ligação real com o terapeuta, ele o vê como um indivíduo qualquer, assim como outros, para o narcisista, a terapia é mais como um “auto-objeto”.

Para ele, o terapeuta existe apenas como um espelho do eu idealizado de si mesmo. Kohut chamou isso de “transferência no espelho” para distingui-la do tipo de relação transferencial que Freud identificou.

Kohut acreditava que a terapia com um narcisista não era impossível, mas achava que deveria ser interminável por causa da necessidade insaciável do narcisista de auto-espelhamento e empatia.

Como as pessoas se tornam narcisistas?

O psiquiatra Kohut concluiu que a personalidade narcisista se forma na infância, quando a criança é privada da atenção e do amor suficientes de sua mãe.

Enquanto uma pessoa meramente neurótica se apaixona por seus pais na primeira infância, o narcisista não tem pais amorosos suficientes em seu mundo para se apaixonar.

Numa linguagem mais contemporânea, poderíamos chamar isso de apego inseguro. Então ele se apaixona, por assim dizer, por si mesmo – ou melhor, por uma imagem idealizada de si mesmo.

Kohut diz que a ausência da fonte de amor dos pais era uma fonte profunda de dor para essa criança que, mais tarde, quando adulto, revela o transtorno de personalidade narcisista.

Desde Kohut, muitos terapeutas contemporâneos acreditam que o narcisismo pode ser tratado em psicoterapia – com tempo suficiente, paciência e empatia inabalável por parte do terapeuta. Mas para ele, o terapeuta servirá apenas como um espelho, ecoando as boas qualidades dele próprio. Mas, eventualmente, ele pode se sentir seguro o suficiente para vivenciar a terapia e acessar a dor para se tornar a sua versão real.

*DA REDAÇÃO RH. Com informações PT. Foto de Adib Hussain na Unsplash

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