Muitas vezes, as coisas amornam. Caem no comodismo e na mesmice. A vontade de estar juntos não é mais a mesma. Namorar pode ser algo que raramente acontece. Nos questionamos sobre o que aconteceu, sobre onde foi parar aquela urgência em amar do começo. Onde estão as conversas, as risadas, a paixão? Então, um vai para um lado, enquanto o outro nem se mexe mais. E o que antes era um casal apaixonado, vira dois estranhos no ninho.
Até que um dia a gente acorda, olha para aquela situação e pensa: “O que eu ainda estou fazendo aqui?” É quando vem a vontade de sumir. De nem levar tantas coisas apenas a liberdade de ir. Abrir a porta da vida e entrar nela de cabeça para aproveitar as alegrias do pouco do destino que ainda nos resta.
Mas não é fácil. Nos sentimos culpados. Primeiro pela família, por ser o responsável por fissura que irá entristecer por um momento todos aqueles que, de fato, já vivem tristes todos os dias em uma casa em que o amor se esvaiu.
A culpa é grande por deixar aquela pessoa que pode ter sido nossa companheira por anos a fio, nos momentos mais difíceis.
Alguém que um dia foi nossa razão de viver e com quem decidimos dividir a vida e construir uma família.
A gente olha para os filhos brincando na sala ou estudando para a faculdade, olha para aquela pessoa que não é mais especial sentada no sofá olhando a novela ou o futebol e se sente egoísta.
Queremos mudar o coração, acreditar no que não existe mais, porém, essa é a receita exata para a infelicidade, de todos.
A não ser que seja uma crise. Que exista de fato um problema fazendo com que a relação definhe.
Uma questão que pode ser conversada, resolvida, perdoada e, então, fazer voltar aqueles áureos anos que os uniu, ou nem tanto, mas que seja a retomada de um casamento feliz, o qual satisfaça a todos.
Para isso, o primeiro passo é o diálogo bem aberto. Esvaziar todas os rancores, colocar para fora todas as mágoas, insatisfações e escutar o outro também.
Feito isso, começa a negociação sobre onde ceder, o que mudar ou voltar a ser. Mas se o diálogo não funciona.
As coisas não mudam ou vira sempre uma briga, talvez seja importante a ajuda de um profissional em uma terapia de casal. Porque além do conhecimento sobre os conflitos humanos, o terapeuta é alguém que não tem lado, apenas nos ajuda a dissecar os conflitos e a ver os fatos com mais lucidez.
É em um consultório de psicologia que muitas pessoas se sentem mais à vontade de se colocarem, de expor seus medos, frustrações e rancores como parte de um casal. Às vezes, pela segurança, outras pela mediação.
Agora se o seu cônjuge não é favorável à terapia, vá você de qualquer forma. Mesmo que não funcione enquanto casal, irá lhe ajudar a lidar com a situação de uma forma muito mais saudável, emocionalmente.
Depois que se esgotarem as tentativas, sejam terapias, viagens, diálogos, etc., é preciso decidir sobre o que os faz mais felizes, porque muitas vezes ficamos tão dependentes de uma relação que passa desapercebida a possibilidade de uma vida muito mais alegre lá fora. E, frequentemente, é o que acontece.
Terminando a relação, os conflitos diminuem, muitas pessoas encontram parceiros mais acesos para o amor, que vivem coisas diferentes, participam de outras atividades e acabam, com isso, trazendo um brilho que faltava em nossa entediante vida de casados.
E, de repente, nos damos conta de que foi muito melhor cada um ir para o seu lado, de que a família inteira é mais feliz agora, com menos conflitos.
Então, a gente olha para trás e pensa, porque diacho fiquei tanto tempo nessa relação vazia?
E a satisfação de ter feito a escolha certa nos enche de gratidão por nós mesmos, porque decidimos viver.
Mas se a situação não é essa. Se nenhuma das novas relações o satisfaz como a antiga, talvez seja melhor refletir sobre a decisão tomada porque, em muitas ocasiões, é preciso se afastar para entender o real valor do sentimento.
Então, se a falta de casa, da família, daquele amor acostumado é grande, porque não quebrar o orgulho e bater à porta novamente. Afinal, todo verdadeiro amor tem por hábito, sempre voltar…