Crescemos ouvindo a frase “Os opostos se atraem”. E algumas vezes até a usamos como desculpa para justificarmos nossa insistência em relacionamentos conturbados. Admita, todo mundo já fez isso pelo menos uma vez nessa vida! *risos*

Acredito que existam diferenças que se complementem muito bem e que essa troca de experiências seja o maior aprendizado da vida, afinal, se só encontrássemos gente igual a nós, não aprenderíamos a viver e a conviver nesse mundo. E seria um tanto maçante, ao meu ver, pois seríamos uns narcisos em busca de uma extensão de nós mesmos e não, verdadeiramente, pessoas dispostas a amar outras pessoas.

E o amor, é troca. Indiscutivelmente.

Mas, o que acontece, na grande maioria das vezes, é que, com o passar do tempo, certas diferenças vão se acentuando e começam a pesar muito negativamente na balança do relacionamento.

Precisamos compartilhar os gostos, mesmo que não seja o gênero predileto de ambos. Assistir cinema francês, uma vez ao mês, não mata ninguém, não é?

É bom encontrar pessoas mais semelhantes a nós, às nossas características essenciais e imutáveis. É maravilhoso compartilhar de um mesmo mundo.

Ir a um show de rock e ver a empolgação do outro, pode ser bem divertido. Você não vai passar a amar rock (ou sertanejo, por exemplo) de uma hora para outra, mas o momento vivido vale a pena. O amor também é entrega e o amor muito se alegra em fazer a alegria do parceiro.

Mas sejamos realistas, ninguém consegue ser feliz se anulando o tempo todo e renunciando a tudo que gosta para satisfazer os desejos alheios.

Precisamos estar dispostos a abrir o nosso mundo para o nosso parceiro entrar e para também entrarmos, suavemente, no mundo do outro.

Como construir uma vida juntos quando estamos em direções opostas? Em um timming totalmente diferente?

É preciso chegar a um consenso quando um quer ir para praia e o outro subir a serra. E ceder tem que ser um exercício constante e praticado igualmente pelos dois lados. E além disso, tem que ser um ato de boa fé e totalmente voluntário.

Não há nada de mal em gostar de pizza de camarão e o outro gostar de pizza de brócolis. Isso não inviabiliza a relação. Mas existem diferenças que se tornam abismos.

Quando um quer casar, construir família e comprar um apartamento na planta, e o outro quer rodar o mundo atrás de ondas grandes, fica bem difícil. Quando um tem filhos e o outro não gosta de crianças, já era. Fora que, além de dificultar muito a relação, as diferenças cansam.

Desconheço sensação melhor que encontrar cumplicidade em quem tanto amamos e aquela sensação de alívio, de familiaridade, ao termos total entrosamento com nossos parceiros afetivos.

A vida flui mais e as coisas se tornam mais leves, quando não batemos de frente com o Universo do outro a todo momento e quando não forçamos as mudanças do parceiro de acordo com os nossos desejos.

Porque todos nós somos Universos individuais. E tem que haver muita disposição mesmo para habitarmos dois Universos ao mesmo tempo.

Como dizia Quintana: Amar é mudar a alma de casa. E quem for muito apegado à sua casa, às coisas sempre do seu jeito, quem não tiver disponibilidade de entrega e não for bom anfitrião, não conseguirá abrigar o amor. É necessário paciência, equilíbrio, boa vontade e desapego, para apegar-se. Quem não souber dividir, seja o tempo, seja a última fatia do bolo, a cama, os medos e as alegrias, não vai conseguir somar nada de bom.

Entende a equação? Essa matemática só o coração resolve.

A verdade, é que os opostos até se atraem… mas são os dispostos que levam a melhor, que são mais felizes e que permanecem juntos.








"Mãe, mulher, geminiana, maluca e uma eterna sonhadora!"