Comportamento e Psicologia

Os pilares da terapia junguiana para tratar a ansiedade

A abordagem da terapia junguiana para tratar a ansiedade segue uma premissa central. Os nossos pensamentos e crenças podem ser os nossos principais inimigos, especialmente se resistimos ou não sabemos lidar com o que nos paralisa, com o que nos preocupa.

Assim, aceitá-los e aprofundar-nos na compreensão do problema de maneira criativa nos permitirá reduzir a carga destes pesos.

Se existe uma palavra-chave que define essa abordagem psicológica estabelecida por Carl Jung, é a autorrealização. Assim, um aspecto que sempre diferenciou o psiquiatra suíço das premissas de Sigmund Freud foi a sua crença de que o ser humano é orientado para um único impulso: ser capaz de se realizar como pessoa.

No entanto, estamos sujeitos à ansiedade há gerações. A razão por trás disso estava clara para Jung: o mundo nem sempre nos pareceu um lugar seguro.

“O psicoterapeuta deve ver cada paciente e cada caso como algo sem precedentes, como algo único, maravilhoso e excepcional. Só assim estará mais próximo da verdade”.
-Carl Jung-

Toda a estrutura social que nos rodeia, as instituições, as autoridades e até mesmo o fluxo da modernidade em que nos movemos diariamente, não constituem um cenário favorável diante dos nossos olhos. Assim, a esse sentimento de insegurança constante soma-se a insatisfação psíquica, a sensação de que não somos livres, de que não podemos nos realizar plenamente como seres humanos.

As pressões externas nos fragmentam por dentro e, longe de assumir essa tensão interna, optamos por resistir firmemente. No entanto, como Carl Jung nos lembra, tudo a que você resiste, persiste…

Como lidar com a ansiedade?

A terapia junguiana é uma forma especializada de psicoterapia que é muito diferente na metodologia em relação às mais comuns, como a terapia cognitivo-comportamental ou humanista. No entanto, universidades como a de Berkeley, nos Estados Unidos, vêm formando novos alunos nessa abordagem há mais de 40 anos.

Agora, se perguntarmos se ela é eficaz para tratar estados de ansiedade, pode-se dizer que ela apresenta pilares que não estão isentos de certos interesses que vale a pena considerar. Vamos vê-los abaixo.

1. A ansiedade é uma característica humana, mas é preciso individualizá-la

A terapia junguiana parte de conceitos como os arquétipos ou o inconsciente coletivo para mostrar uma ideia. O ser humano compartilha um mesmo substrato psíquico de onde surgem alguns elementos comuns que nos definem. Existem alguns instintos, algumas sombras, alguns impulsos que todos (de acordo com essa teoria) compartilham igualmente.

A ansiedade é aquele tapete sobre o qual, de alguma forma, todos nós nos movemos diariamente. É uma emoção carregada de sofrimento que parte do acima mencionado: a sensação de que vivemos em um ambiente que nem sempre é seguro.

Agora, embora todos os seres humanos tenham essa dimensão em comum (de forma latente ou manifesta), há um fato que define essa abordagem e que Jung esclareceu na época através da psicologia analítica. Somos obrigados a nos individualizar. Emergir dessa estrutura que todos nós compartilhamos para nos vermos como seres autônomos e independentes.

Dessa forma, cada pessoa que lida com a ansiedade diariamente deve ser capaz de definir o que sente, o que percebe e, acima de tudo, do que precisa.

A terapia junguiana usa uma metodologia próxima, um procedimento dialético em que o terapeuta deve ser capaz de se conectar com a personalidade do paciente para estimular o seu conforto e autonomia. Perceber-se, em essência, como um agente ativo da sua cura.

2. O reconhecimento da “sombra” ou as raízes profundas da ansiedade

Outro pilar da terapia junguiana para tratar a ansiedade é encontrar a causa original desse estado. A raiz do problema que causa esse sofrimento psíquico.

Seria, portanto, reconhecer a nossa sombra, o lado mais sombrio da nossa personalidade que deve emergir para a luz. Da mesma forma, também é essencial que o terapeuta identifique os complexos afetivos do paciente (necessidades, obsessões, sentimentos de admiração…).

Para isso, esta metodologia se baseia nas seguintes estratégias:

Terapia da conversação.

Interpretação dos sonhos.

Associação de ideias.

Técnicas criativas.

Precisamos estabelecer uma aliança com o terapeuta para abordarmos o nosso inconsciente. Saber o que “o que está por trás” dessa complexa estrutura psíquica, muitas vezes tão repleta de nós, lacunas e necessidades negligenciadas, é fundamental para a recuperação.

3. Quebrar as resistências: a aceitação para ser livre

A terapia junguiana para tratar a ansiedade tem apenas um propósito: “individualização”. Favorecer essa autonomia psíquica e emocional exige que sejamos capazes de quebrar resistências, frear esse desejo de fuga do que nos preocupa ou assusta.

Os medos são enfrentados, as ansiedades são aliviadas quando as reconhecemos e tiramos o seu poder sobre o nosso corpo e a nossa mente. Somente quando quebrarmos as nossas resistências, surgirá um eu mais forte e iluminado.

De acordo com Carl Jung, quanto mais nos esforçamos para deixar de lado um pensamento negativo ou perturbador, mais poder ele terá sobre nós.

Portanto, negar, fugir ou resistir a algo irá agravar infinitamente os sintomas associados à ansiedade: mais nervosismo, mais inquietação, mais agitação…

A terapia junguiana, por sua vez, tentará nos guiar para que possamos aceitar um aspecto muito importante. Entender que a ansiedade faz parte do ser humano e, portanto, que devemos aceitá-la sem resistência. Agora, não vamos deixar que ela assuma o controle, porque então perderemos a nossa autonomia.

4. Encontrar um propósito

A terapia junguiana para tratar a ansiedade está consciente de que, com maior ou menor frequência, alcançamos as nossas reservas de energia. Há muitos que sofrem de desesperança crônica e falta de motivação que quase sempre partem do mesmo ponto: a falta de um propósito, de não encontrar um significado para a vida que faça sentido.

Este tipo de terapia proporciona os meios adequados para que a pessoa encontre um novo objetivo de vida. Assim, ajuda a construir um propósito de vida que seja intenso e ajustado às suas próprias necessidades. Dessa forma, e a partir desse sentido interior, poderemos apaziguar a ansiedade e os medos para redirecioná-los para novos objetivos pessoais.

Para concluir, a terapia junguiana para tratar a ansiedade é mais um tipo de abordagem psicológica que temos à nossa disposição. Restaurar o equilíbrio emocional do nosso inconsciente, dos nossos bloqueios, medos e sombras é mais uma estratégia para a qual podemos dar uma oportunidade.

Da mesma forma, podemos dizer que a terapia junguiana conta com diferentes estudos que confirmam a sua eficácia, por isso é sempre interessante iniciar estes tipos de viagens terapêuticas que favorecem o autoconhecimento e a liberdade pessoal.

Veja também:

Resiliência Humana

Bem-estar, Autoconhecimento e Terapia

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