Outra vez ela se envolveu em sentimentos por ele que iam além da antiga amizade.

Ela não sabia exatamente quantas palavras havia escrito para ele, mas o que sabia era que ele não havia lido nenhuma.

Fazia quase quatro anos que haviam se conhecido, logo ela descobriu que ele tinha em comum com ela mais coisas do que imaginou. Eles compartilhavam mais que apenas uma sala de aula de segunda á sexta.

Eles compartilhavam mais que alguns trabalhos em grupo ou conversas sobre assuntos diversos durante o almoço.

Eles compartilhavam aquilo que lhes dava a essência que eles possuíam, pois os dois tinham a mesma fé de que Jesus veio ao mundo para nos mostrar o grande amor de Deus e nos resgatar de nossos caminhos tortuosos.

Essa fé mostrou que eles tinham visões semelhantes, ouviam músicas que tinham mensagens parecidas, sonhavam coisas que se cruzavam em tantos caminhos. Assim sem se dar conta ela foi se envolvendo sozinha em algo que apenas ele sabia não misturar.

Ela se envolveu em um sentimento que ia além da amizade que eles compartilhavam.

Ela se imaginou em seus braços ouvindo de pertinho suas histórias enquanto encostava a cabeça em seu peito. Ela sonhou cantando de olhos fechados enquanto ele tocava um violão de cordas de nylon.

Ela se viu tanto nele e viu tanto dele nela que não conseguiu mais sentir nada que não fosse paixão. Pois ele tinha a paciência e a leveza que ela não sabia que tanto queria, mas quando o viu com sua fala mansa, seu grande coração, sua tolerância e empatia não conseguiu mais sonhar tendo uma pessoa diferente dele.

Ele acabou se tornando uma pessoa que ela via e dizia: “É de uma pessoa como ele que eu preciso”.

Assim ela foi tentando se aproximar, se aconchegar, se fazer notar de outra forma que não fosse apenas como amiga. Porém o que ela não esperava era que estava sozinha no meio de todo esse sentimento que era avassalador em vários momentos.

Porém ela não desistiu quando se percebeu imersa em um oceano de sentimentos que nadava sem a companhia daquele que a jogou ali naquele imenso mar.

Ela tentava puxar assunto constantemente, o fazia rir, mostrava a ele os interesses que tinham em comum e cantava as músicas que ela sabia que ele gostava. Ela tentou.

Tentou até perceber que o carinho com que a tratava era também dado a tantas outras. Tentou até perceber que havia mais meninas como ela desejando ter morada no coração dele.

Tentou até visualiza-lo com alguém que não era ela.

Tentou até seus amigos lhe dizerem que o viram conversando com uma garota na quadra da universidade onde estudavam.

Tentou até pedir a Deus que tirasse de seu coração todo sentimento que ela havia cultivado por ele, que não queria sentir mais nada por ele.

Tentou até o sentimento de forma sobrenatural ir sumindo em poucos dias. Tentou até saber que ele havia pedido em namoro essa garota com quem ele se encontrava na quadra.

Por mais que seu coração estivesse se curando desse sentimento, seus olhos ainda se inundaram em lágrimas e ela passou a ouvi-lo falar sobre essa garota que até então era misteriosa para ela.

Ela continuou sendo a amiga que ajuda, que está ao lado, que escuta, que abraça, que aconselha. Porém esse namoro do rapaz não durou muito, pois a garota com quem ele estava tinha ainda muitas questões não resolvidas com seu passado e não conseguiu prosseguir com o relacionamento.

Então sem querer o sentimento do coração da pobre garota fadada a ser apenas a amiga acabou voltando aos poucos.

Até que ela se viu novamente apaixonada por aquele rapaz que tinha tanto do que ela queria em alguém. Mas então o tal rapaz acabou andando de um lado para outro com uma menina de pele branca, cabelos negros cacheados, sorriso de dentes alinhamentos perfeitamente, onde ambos compartilhavam os mesmos gostos, lugares, sonhos.

Então quando a amiga percebeu que ele poderia estar enlaçando um novo romance e a machucar novamente, ela fez a mesma oração de outrora e pediu a Deus que novamente tirasse dela todo e qualquer sentimento por esse rapaz. Assim o sentimento foi embora.

Então em um belo dia quente de verão onde quase não há nuvens no céu azul, ela viu uma fotografia do rapaz com a outra moça mostrando que havia ali um novo romance.

Os meses passaram e os dois amigos acabaram se distanciando cada vez mais até que a relação deles se tornou algo tão raso quando um copo com um dedinho de água. E ela com o tempo foi se recuperando dos machucados que essa paixão não correspondida acabou fazendo ao seu coração.

Ela passou a vê-los juntos e os achar um casal que havia nascido um para o outro. Ela os olhava e pensava: “Foi por isso que não demos certo. Era para que eles dessem. Não há dúvidas nisso”.

Ela só conseguia dizer a si mesma o quanto eles eram perfeitos juntos e que graças a Deus que ela havia o superado.

Então mais meses passaram e ela viu que esse casal havia ficado noivo. Seu coração novamente com sinceridade se alegrou e ela repetiu a si mesma que era por isso que eles não deram certo.

Também nesse meio tempo ela havia se apaixonado por outros rostos, corações, propósitos.

Ela até achou que finalmente iria começar seu romance quando Deus a fez perceber que eles não teriam um bom futuro juntos por causa das diferenças que havia entre ambos.

Novamente ela chorou, sofreu, esperneou, não quis aceitar, porém o tempo e o Espírito Santo que ela tinha como companhia foram curando seu coração, até que todo sentimento saiu.

E os meses se tornaram anos. Ela era agora uma garota mais madura do que aquela que se apaixonava tão fácil. Ou pelo menos foi o que ela pensou.

Até que algo que não imaginava aconteceu: o seu antigo amor platônico acabou terminando seu noivado. Ela ficou em choque e não sabia como reagir, apenas pensava que não fazia o menor sentido porque eles eram perfeitos juntos.

Mas ela não teve coragem de chegar nele e perguntar o que havia ocorrido. Ela não conseguiu dizer nada, apenas contemplar algo que na sua cabeça não tinha nenhum fundamento.

E algo mais inesperado aconteceu: seus caminhos se cruzaram novamente. Porém ela tinha total convicção de que estava curada, totalmente recuperada e “vacinada” contra os sentimentos que cultivava tão facilmente por ele.

Mas esse reencontro acabou os aproximando outra vez. O reencontro deu a eles a velha amizade de antes.

O reencontro fez com que ambos sorrissem juntos, se abraçassem, que ele beijasse a testa dela, que ela lhe mandasse uma música que se parecia tanto com ele. Todavia, esse reencontro estava diferente.








Tatielle Katluryn, florescida em 1996, com sangue Maranhense e coração pertencente ao céu. Sou cristã e estudante, apaixonada por livros do séc. XIX e Astronomia. E Deus me chamou para falar aquilo que Ele quer dizer as pessoas, para levar a paz a corações tão ansiosos quanto o meu. É tão linda a forma que Ele me cuida enquanto me usa para fazer sua vontade e só tenho a agradecer por tamanho amor que me consertou sem eu merecer.