Você nasceu, e em pouco tempo já foi questionado sobre o que queria ser quando crescesse. Aos 18 anos, já deveria saber qual graduação e em qual faculdade cursar pelos próximos quatro anos, no mínimo. Aos 30, deveria estar pronto para a vida: casado, com filhos, um bom emprego, casa comprada e carro zero quilômetro. Aposto que não foi ou não está sendo bem assim, certo?
Talvez você tenha 20, 30, 40, 50… Não importa. Você ainda deve ter muitas dúvidas sobre “o que quer ser quando crescer”. Porém, sua infância já passou faz tempo. Ninguém mais te pergunta sobre seu futuro dessa maneira. É tudo para ontem! E a pergunta da vez é sobre o presente: O que você faz da vida?
Plano de vida já ficou lá atrás. Não existe tempo para sonhar. Nem espaço para mudar. É hora de ter, ser e fazer tudo. “Viva o hoje como se não houvesse amanhã”, eles dizem! Acontece que geralmente há. E aí?! Está se preparando para quando ele chegar ou apenas seguindo uma rotina imediatista sem questionar? Quais objetivos e metas está procurando atender? Será que isso tudo é realmente seu ou do outro? O que você NÃO quer ser quando crescer?
Em 21 de setembro de 1968, às 8h10, nasceu um menino com 50cm e 3kg, Luis Claudio Vaz Allan, filho de Yolanda Maria Vaz Allan e Dilermando Allan Filho, atual pai de Isabela Del’Amonica Allan, essa que vos escreve agora.
“1968 é conhecido como um período que abalou o mundo. Um ano-chave para a história mundial e do Brasil, com acontecimentos políticos, sociais e culturais que mudaram a história do século 20 e reverberam até hoje no imaginário popular. […] No campo da comunicação, novas tecnologias aceleraram o processo de globalização – os satélites e a televisão diminuíram as distâncias e a velocidade da troca de informações no mundo” (1968: o cinquentenário do ano que abalou o mundo – UOL Educação).
“[…] no Brasil os motivos dos protestos eram ainda mais fáceis de ser explicados: existia uma ditadura militar. […] grande parte da população brasileira não tinha recursos nem mesmo para satisfazer as necessidades básicas. Houve três tipos de movimento, que cooperaram entre si: as manifestações estudantis, as greves operárias e as vanguardas artísticas. Além do autoritarismo político, a falta de vagas nas universidades públicas para uma crescente classe média gerava inquietação” (1968: Fatos e mitos do ano que chacoalhou o mundo – Voyager)
Luis veio ao mundo no auge da ditadura militar, que teve início em 1 de abril de 1964, e só chegou à maioridade pouco mais de um ano e meio após o seu fim, que ocorreu em 15 de março de 1985. Cresceu numa época marcada pela censura, perseguição política, supressão de direitos constitucionais, ausência de democracia e repressão àqueles que eram contrários ao regime militar. Foi estudante da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio em meio ao caos de um país onde, apesar da evolução dos meios de comunicação, a troca de informação era proibida de circular livremente.
Jornalista formado em 1990 pela Universidade Metodista de São Paulo; hoje, em seu meio século de vida – aos 50 anos –, Luis é CEO na FirstCom Comunicação, Presidente no Instituto Crescer e CEO na People2Biz.
Em 13 de março de 2000, às 7h58, nasceu uma menina com 50cm e 3,42kg, Isabela Del’Amonica Allan, filha de Lucimar Del’Amonica e Luis Claudio Vaz Allan, atualmente conhecida como Lana Bella, escritora “linkediana” do autoconhecimento.
“O mundo pode até estar menos tomado pelo fervor religioso ou supersticioso que envolveu a virada do milênio, mas o ano começou com um grande alívio com a constatação de que pelo menos um desastre não ocorreu. Governos e empresas gastaram bilhões de dólares para evitar o bug do milênio, um defeito que poderia levar computadores mais antigos a pensar que o ano depois de 1999 seria 1900. Mas, na chegada do ano 2000, nenhum avião caiu, nenhuma usina nuclear explodiu e as contas das pessoas não desapareceram nos bancos. Muitos que gastaram uma fortuna para evitar o bug do milênio acreditam que conseguiram evitar problemas sérios, mas em países como a Itália, onde pouco se fez para evitar o bug, nenhum desastre ocorreu” (Os fatos bizarros que marcaram o ano 2000).
“Para a história, ficam os avanços sociais que chegaram ao longo do governo petista, além de grandes escândalos de corrupção – os principais sendo “mensalão” (sob a presidência de Lula) e o “petrolão” (este, sob o comando de Dilma). […] Ao longo dos 13 anos, o país viu a melhora de diversos indicadores sociais. A taxa de analfabetismo caiu e a expectativa de vida aumentou, por exemplo. A desigualdade também diminuiu. Sob o governo petista, o Brasil surfou em uma boa onda econômica – mas que eventualmente teve um fim” (O que fica para o Brasil após 13 anos de governo do PT | EXAME).
Com pouco menos de duas décadas, aos 19 anos, venho cursando livremente minha própria grade-curricular personalizada nas áreas de Comunicação e Psicologia. Além de programas voltados para autoconhecimento, expansão de consciência, inteligência emocional, propósito de vida, trabalho e carreira.
Pai, o que você queria ser quando crescesse?
Eu queria formar uma família, ter filhos, diploma, casa própria, carro do ano, um emprego estável e de longo prazo, uma aposentadoria tranquila aos 60 anos.
Entre tantos sonhos e desejos, quais realizou?
Já conquistei muita coisa, mas hoje não penso em me aposentar e vejo o trabalho como prazer e não como obrigação. Ainda valorizo a construção de um patrimônio que garanta conforto para mim, para a Carol [minha esposa] e para você.
E agora, ainda há o que ser e crescer, no futuro?
Agora, aos 50, montamos um apartamento na praia e pretendo desenhar um futuro com melhor qualidade de vida, mais equilibrado, onde eu possa também valorizar minha vida pessoal, estar em contato com a natureza, trabalhar sem estar trancado no escritório, ter uma rotina mais saudável e mais tempo para novas descobertas.
De onde e como surgiram tantas novas ambições?
Depois de 30 anos cuidando só da vida profissional, trabalhando, sem férias, achei que chegou a hora de buscar uma nova forma de viver. Isso não quer dizer que vá trabalhar menos, mas que aprenderei a trabalhar de forma mais remota e em rede.
Filha, o que você NÃO quer ser quando crescer?
Em primeiro lugar, há dias em que eu nem quero crescer. Hoje, sinto que existe em mim um medo de me tornar exatamente aquilo que dizem sobre “ser adulto”. Aquele que segue uma rotina à risca. Uma máquina de fazer dinheiro. Chato, estressado, triste, doente. Não quero uma vida monótona, parada e regrada. Regada a trabalho… Guiada pelo dinheiro. Tudo por status social. Diploma, emprego, casa própria, carro do ano, família Doriana… Eu NÃO quero “ser adulta” quando crescer. Eu quero a liberdade de crescer “criança”.
E como crescer criança sem deixar de lado as responsabilidades inerentes à vida adulta?
À medida que encontramos algo onde nossos talentos e paixões atendam as necessidades do mundo, estaremos onde devemos. Crescemos criança, afinal nos permitimos resgatar aquilo que sempre fomos bons e podíamos passar horas fazendo, desde a infância. Não é sobre viver sem responsabilidades, e sim sobre saber pelo que se responsabilizar para além de uma pura e simples subsistência. Não trabalhar para sobreviver, e sim viver para trabalhar, pois o trabalho vem com propósito e dá significado à vida.
Você está se preparando para começar sua vida profissional. Qual o trabalho dos seus sonhos? Por quê?
Acredito que é possível ressignificar o trabalho. Sem essa de “se levanta, toma café, acorda, se veste, trabalha, almoça, trabalha, casa, banho, janta, trabalha, dorme. Trabalha, trabalha, trabalha”… O trabalho dos sonhos que tanto desejo me permite viver para além dele. Ao invés de enxergarmos um emprego por dinheiro, podemos enxergar serviços por amor. Eu sempre amei ler, minha matéria favorita na escola era Português, liderava os grupos e brincadeiras, conversava muito com os adultos… Escritora, mentora, palestrante; veremos!
Mas afinal, por que tanta negação ao dinheiro e ao consumo? Quando você percebeu que nada disso fazia sentido para você?
Com tantas novas possibilidades de ter, ser, fazer, viver e morar; o padrão se tornou superficial para mim. Não há motivos para eu querer um diploma, se eu posso construir minha própria grade-curricular do online ao offline. Um emprego estável e que me traga “segurança” não tem a liberdade de um freelancer/home office. Casa própria e carro do ano não me permitem conhecer o mundo para além da minha bolha. Uma família perfeita, com um casal de filhos, talvez não me traga a mesma verdade que laços de amizade trazem. Por aí vai…
E você, caro(a) leitor(a), me conta a sua história/realidade; quais são seus sonhos/desejos… Afinal, qual o significado da sua vida? {♡}
Verbo Ser – Carlos Drummond de Andrade
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
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