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Pais que trocam beijos e carinhos podem ajudar a melhorar a saúde dos filhos

Essa é a conclusão de um estudo americano feito com 80 crianças. E o contrário também vale: casais que brigam muito afetam negativamente a saúde dos filhos

Muitos pais têm receio de demonstrar afeto entre si na frente das crianças. Ficam constrangidos de se beijar ou de se abraçar diante dos olhos atentos (e curiosos) dos filhos. Mas uma pesquisa da Universidade Estadual de Waine, dos Estados Unidos, publicada no periódico Health Psychology, revelou que essas manifestações de carinho podem ser benéficas para a saúde dos pequenos.

Especialistas chegaram a esta conclusão por meio de um estudo realizado com 80 crianças, todas com histórico de asma. Durante, alguns dias, elas mantiveram um diário, onde deveriam relatar seu estado de humor e anotar caso apresentassem algum sintoma da doença, como chiado no peito. Nas páginas, elas contaram também como os pais interagiam entre si: se discutiam, se conversam, se trocavam beijos e abraços. A ideia dos pesquisadores foi justamente analisar como os filhos eram afetados pela dinâmica de relacionamento dos pais. E os resultados mostraram que, nas famílias em que o casal demonstrava afeto entre si, os pequenos apresentavam menos sintomas da doença. A reação seria explicada pelo fato de que as crianças respondem emocionalmente ao ambiente em que vivem. Quando os pais são carinhosos entre si, se respeitam e se cuidam, eles transmitem segurança aos filhos, que se sentem mais confiantes e protegidos.

Como as emoções afetam o corpo

Todas as crianças que participaram da pesquisa tinham histórico de asma, uma doença que tem um fundo emocional em grande parte dos casos. Por isso, não é de se estranhar que o bom relacionamento entre os pais se reflita na melhora dos sintomas. “Temos a mania de separar corpo e mente, mas eles estão intimamente relacionados. Principalmente no caso das crianças mais novas, que ainda não sabem verbalizar o que as aflige, é comum que a instabilidade do lar afete a saúde. É o modo que elas encontram de expressar suas emoções”, explica a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano, de São Paulo (SP). Doenças como a asma, que muitas vezes têm um fundo emocional, são chamadas de psicossomáticas. “Outros exemplos são as gastrites e alergias, como a dermatite atópica, também frequentes em crianças”, resume a especialista.

Relacionamento dos pais X saúde dos filhos

Se nas famílias em que o relacionamento dos pais é bom e estável a saúde dos filhos melhora, naquelas em que os pais brigam muito e têm um relacionamento mais oscilante, as crianças saem prejudicadas, certo? Estudos demonstram que sim. “Toda a parte emocional reflete na personalidade da criança e também na imunidade. Quando estamos tristes, independentemente da idade, isso diminui a nossa resistência às doenças. Há até estudos que falam sobre pessoas que desenvolveram doenças graves, como câncer, após situações de estresse agudo, como a perda de um ente querido”, explica a pediatra Flávia de Oliveira, de São Paulo (SP).

O relacionamento do casal depois dos filhos

É claro que a crianças não podem ser criadas dentro de uma bolha. Elas têm que saber o que está acontecendo dentro de casa e vivenciar a dinâmica familiar. Presenciar as discordâncias faz parte desse processo de aprendizado. Isso, é claro, desde que o casal saiba expressar suas ideias de forma educada, sem se exaltar e sem levantar a voz. Se as discussões entre os pais costumam ser mais acaloradas, com agressões verbais, é melhor deixar esses momentos para quando eles estiverem a sós.

Vale lembrar também que o os pais são o primeiro modelo de relacionamento e de casal com o qual a criança vai conviver. “Isso vai influenciar muitas das decisões tomadas pelo filhos no futuro”, explica Ana Cássia.

O que importa é ser autêntico

Mais do que a troca de beijos e abraços, é preciso que os filhos cresçam em um lar onde os pais se relacionam bem e onde elas se sintam seguras. Para as crianças, o mundo é a casa delas. Não precisa trocar carinhos na frente dose seus filhos, se você não se sente à vontade com isso. O essencial é ser sinceramente carinhoso com o outro, porque os pequenos percebem isso. Se os gestos não forem autênticos, não adianta. Às vezes, usar um tom de voz caloroso, esperar seu companheiro para jantar e conversar sobre o dia, por exemplo, são atitudes que valem mais do que um beijo ou um abraço forçado.

Ainda assim, principalmente as crianças menores podem precisar de demonstrações de afeto mais concretas. “É preciso entender que o jeito como você foi criado não necessariamente vai ser o melhor jeito para a criança. Nenhum pai ou mãe tem que mudar a personalidade pelos filhos, mas algumas coisas precisam ser demonstradas e, às vezes, isso tem que ser feito de forma mais explícita”, recomenda Flávia. Dizer ao seu filho e ao seu parceiro ou parceira o quanto ele/ela é especial para você e o quanto você o ama é um bom jeito de não deixar dúvidas sobre o que você sente. Você já disse “eu te amo” hoje?

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