Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco. Devem ter esquecido de acrescentar que de juiz também tem. É tanta disposição para julgar a vida dos outros que chega a surpreender.
Tantas preocupações podem nos rondar a vida, tantos afazeres para serem cumpridos e o que mais se vê por aí são pessoas que preferem se ater ao que acontece na vida dos outros. Chega a ser difícil de compreender.
A verdade é que saber os motivos que levaram essa ou aquela pessoa a tomar uma decisão, mudar de rumo ou de atitude, devem dizer respeito somente a ela mesma.
Sendo próximos ou distantes no círculo de convívio, tendo intimidade ou não, a ninguém cabe o direito de dizer o que as pessoas devem fazer ou deixar de fazer da própria vida. Presumir, supor e julgar são ações que não devem ser aplicadas sobre as decisões e comportamentos das outras pessoas. Mas, contudo e todavia, nem todos se dão conta de que deve ser assim. Cuidar da própria vida nem sempre é o comportamento mais adotado.
É como se todos soubessem a receita, os remédios e os métodos para solucionarem os problemas que são das outras pessoas. É muita gente cheia de dicas de como conduzir a vida e que, ao invés de auto-aplicá-las, prefere aplicá-las na vida alheia; que não se contenta em cuidar da própria existência e decide dedicar uns palpites à vida do outro, adotando comportamentos que vão desde inconvenientes a maldosos, passando pela certeza de serem desnecessários.
Afeito a analisar o comportamento humano, Carl Jung declarou que “pensar é difícil, é por isso que a maioria prefere julgar.” Tirar conclusões a partir do que se vê apenas, ainda que o que está à vista seja apenas a ponta do iceberg parece ser a “praia” do ser humano. E pior que concluir, é espalhar essa conclusão como certeza, quando não deveria chegar nem perto disso.
Existem verdades que são muito pessoais e que precisam e devem ser respeitadas; motivações que pertencem ao íntimo de cada pessoa e que devem ser preservadas dos julgamentos, sobretudo dos superficiais. Já o escritor Paulo Coelho afirmou:
“Não devemos julgar a vida dos outros, porque cada um de nós sabe de sua própria dor e renúncia. Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que seu caminho é o único.”
Deveria ser regra, mas é exceção. Sendo assim, e como é quase impossível escapar dos julgamentos e dos seus malefícios, a dica mais importante a ser oferecida é: não se atormente com o que dizem, sobretudo quando as pessoas não sabem sua versão dos fatos.
Não dê ouvidos a quem não sabe nada sobre você. Viva em paz com suas verdades, porque o mais importante é como você se sente e lida com elas. Julgamentos são o que são, apenas julgamentos. Eles não devem ter, nunca, nenhum poder sobre você.