Pelo direito de se perder, se conhecer mais profundamente e se reencontrar.
No começo tudo é mais claro. A gente traça, em nosso imaginário, uma linha, um trajeto, uma estrada ou o que quer que seja. Tudo está bastante objetivo: “estou aqui e quero ir até ali”. Mas em determinado momento – por qualquer que seja o motivo – a gente se perde ou, no mínimo, se desencontra.
Chega um momento em que os planos construídos madrugadas após madrugadas de insônia se diluem. Resta-se um nada onde antes havia um norte.
É como se um castelo – construído tijolo por tijolo – fosse implodido bem na sua frente. E então surgem algumas opções a respeito daquilo que pode ser feito. Elas se resumem basicamente a duas: reconstruir o castelo ou desistir, de uma vez por todas, da obra.
Claro que uma decisão tão importante não é tomada de imediato. Ninguém consegue reagir com tanta frieza após assistir ao seu castelo vir abaixo. Então é comum se tirar um tempo para pensar sobre o que fazer, e na maioria dos casos esse se torna um período conturbado.
Há quem se atira nas festas, e quem passa a querer solidão em tempo integral; há quem aumenta o consumo de álcool e cigarros, e quem passa a evitá-los; há quem foca na carreira, e quem busca cada vez mais experiências… Há quem se encontra, e há quem se perde, mesmo que por tempo determinado.
E às vezes é preciso se perder, para então (mesmo que pareça contraditório) se reencontrar. E todo mundo tem o direito de se desencontrar de vez em quando. Claro que isso não é álibi para machucar ou iludir alguém. Se seu caminho se desfez, isso não lhe dá o direito de sabotar a estrada alheia.
Mas lhe permite que você fique perambulando por aí pelo tempo que considerar necessário para se recompor, para se conhecer melhor e para perceber cada um dos seus erros e imperfeições. Depois disso, ficará mais fácil reconstruir um caminho ou, quem sabe, traçar uma rota totalmente diferente.