Por quê não conseguimos respeitar a opinião dos outros? Dos que estão distantes de nós, com uma outra visão, ou mesmo aqueles que estão ao nosso lado no dia-a-dia e fazem parte do nosso convívio? Porque é mais fácil falar do que fazer. É mais fácil eu sentir compaixão por todos desabrigados, mortos e machucados de Mariana do que eu conseguir aceitar que alguém bem próximo aqui ao meu lado também precisa de ajuda. É mais fácil eu rezar por Paris do que entrar em uma conversa franca com alguém da minha família. Não que as pessoas que sofreram (e continuam sofrendo) com todo terror causado, não só de Minas e Paris, mas também de Beirute, Síria, África, o mundo todo merece o meu respeito e minha compaixão. A questão é a de sempre: vou a missa aos domingos mas não cumprimento meu porteiro. Porque as outras pessoas por quem rezei e pedi, estão longe de mim, o porteiro não, esse cara tá lá todos os dias, abrindo e fechando o portão da minha casa, uma pessoa que conhece todos os meus horários e visitas, uma pessoa assim, não merece meu bom dia, boa tarde, boa noite. Porque ele está muito próximo de mim.
Eu me comover com a dor das pessoas que estão distantes, do outro lado do mundo não me deixa tão vulnerável quanto eu querer cuidar da minha mãe idosa com problemas com a bebida. Ela também está muito próxima de mim, a vejo quase todos os dias e ela não muda. Por quê ela tem de ser assim? Por quê não pode mudar? Será que ela não vê que eu não gosto? Talvez seja porque ela já passou por tudo o que você passou até agora e mais um pouco. Talvez seja porque essa é a melhor maneira que ela encontrou de conviver com você e seus conflitos passageiros. Por quê nós, seres humanos, não podemos (ou não conseguimos) simplesmente aceitar o modo que o outro escolheu para viver a sua vida? Você não escolhe e continua escolhendo, todos os dias, o seu modo de viver? Espero que esteja escolhendo sempre o melhor para você. Então aceite e respeite a escolha dos outros.
Por quê eu preciso julgar a sua fé? As suas escolhas? O seu gosto por livros e pelo cinema? O seu gosto gastronômico? Por quê um cristão não pode aceitar um muçulmano? Ou um judeu? Ou um hindu? Por quê um vegetariano ou vegano não pode aceitar as escolhas de quem come carne? Por quê uma pessoa que parou de fumar não pode aceitar aquele que ainda não conseguiu largar o vício, ou nem mesmo quer largar? Por quê eu não posso simplesmente aceitar quem você é e quem eu sou para podermos conviver em paz? Por quê tenho que reclamar se você colocou a bandeira da França em seu perfil no facebook mas não colocou a de Minas Gerais? Porque todos nós agimos de acordo com o que sentimos, com o que pensamos, com o que está nos envolvendo no momento. Respeitar, principalmente, a dor alheia, nos torna mais humanos, mais sensíveis. E é esse sentimento de compaixão humana que vai delineando o nosso caráter.
Tem gente que quer comprar um cachorro de raça, tem gente que prefere adotar um vira-lata, e tem também aqueles que reclamam o porquê dessas pessoas não adotarem um bebê, já que temos tantas crianças abandonadas, só esperando um lar. Todos temos os nossos motivos para fazermos o que fazemos. Todos nós agimos por uma razão, que pode ser que você, olhando daí de fora, não perceba. Talvez nem seja para você perceber, pois as razões são minhas. Talvez eu não queira te explicar. Respeite meu silêncio também. Em vez de xingar uma pessoa que te fecha no trânsito, pense que talvez ela tenha feito isso por estar levando alguém para o hospital e simplesmente não te viu. Por estar com mais problemas do que você possa imaginar. Assim como o seu porteiro que também tem uma vida fora da portaria. Ele tem casa, família, dívidas, problemas, assim como eu e você, e pode estar passando por um dia não tão bom assim para suportar a sua arrogância em pensar que é melhor do que ele porque você foi à missa domingo bem cedinho, ou porque se lembrou de acender uma vela para o seu anjo da guarda. A impressão que eu tenho é que somos “bons” só quando tem alguém olhando, ou quando sabemos que seremos recompensados por isso. Não somos tão bons assim quando estamos à sós com nossos “eus” inflados, ora por raiva, ora por dor, ora por inveja, ora por descrença, ora por fome, ora por desespero, e muito mais “oras”.
É tão mais fácil aceitar e agradecer do que gastar energia reclamando ou desarmonizando. Nem tudo o que está escrito nas redes sociais é direcionado à você, e você também não precisa responder a todos os “inconvenientes” com um ataque. Se não concorda, só role o mouse e siga sua vida. Ou melhor! Feche a página e olhe por cima do seu monitor e perceba o que está na sua frente, o que está acontecendo bem ali, debaixo do seu nariz. Há quanto tempo você olha e não vê? Há quanto tempo você não olha nos olhos de alguém bem próximo e diz: “eu te amo”? Há quanto tempo você está deixando a vida escorrer por entre os seus dedos, se preocupando com coisas que jamais vão acontecer de fato? Esse não é um texto de auto-ajuda, é um apelo. Um apelo para que você comece a viver e a sentir, aqui na vida real, o que é ser você. Como é ter se transformado em quem você é. viver
Você gosta do que vê? Era com isso que você sonhava quando era pequeno? Ou seu caminho se perdeu durante o trajeto e você não vê o tempo passar? E quando você percebe, já é Natal de novo. E você não fez nada do que queria ter feito e planejado no Natal do ano passado.
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