Viajar está no topo da lista das melhores coisas da vida e é meu grande vício. Alguns dias de folga na semana do último carnaval me permitiram saciar essa vontade. E já que não gosto dessa data (não por não gostar de festa, axé, funk ou qualquer música que a maioria tem vergonha de admitir que sabe cantar do início ao fim. Pelo contrário, sei os pagodes dos anos 90 e funks dos anos 2000. Não gosto é da perda de noção geral que essa época dissemina nas pessoas), esse ano resolvi fugir da folia e partir para uma aventura: viajar sozinha por uma semana na Argentina.
Não é todo mundo que entende quem faz isso. Aqueles olhares de “Que louca”, “Você não tem medo?”, “Por que vai sozinha?” são bem comuns. Vou sozinha porque eu quero, ué. Há pouco mais de um ano, tive a primeira experiência entre eu e eu mesma. Fui num show sozinha e, naquele dia, descobri que gosto muito da minha companhia. E assim foi na viagem. Estar sozinho é muito melhor do passar o dia inteiro de cara amarrada por causa de alguém. Ir para onde quiser, na hora em que quiser, sem consultar, nem contrariar ninguém. E com o tempo, você se acostuma a fazer os comentários para você mesmo e rir sozinho.
Tiveram momentos em que eu pensei: Caramba! O que que eu tô fazendo aqui?! Depois de caminhar o dia inteiro, com uma mochila pesada nas costas e tomar um mega banho de chuva, é natural quase chorar comendo um Mc Donalds, não é? Nessas horas eu lembrava das palavras de Donavon Frankenreiter: Don’t stop doing what you believe in, don’t let them put you on a shelf, you’re got to move by yourself, move by yourself tonight. Afinal, ter coragem é saber administrar os medos.
Aprendi com uma amiga uma palavra em alemão, que expressa essa paixão por desbravar o mundo. Wanderlust (wandern: a vagar, lust: desejo) ou “forte desejo de viajar”. Ao viajar sozinho você se obriga a descobrir, a se virar, a arriscar, a errar o caminho e depois acertar, a falar com qualquer pessoa e a ter uma família provisória. Ou, se você não quer falar com ninguém, não precisa e pode ser um ótimo período sabático escutando menos a própria voz e conhecendo mais a si. Viajar é isso. Limpar a mente, a alma e aprender a dar valor às (grandes) pequenas coisas da vida. Seja sozinho ou acompanhado.