Ainda acredito no amor romântico. Há quem pense que amor romântico é utopia, mas quem pensa dessa forma talvez confunda amor romântico com amor perfeito. Nada a ver uma coisa com a outra e a gente já sabe que o segundo não existe, não é mesmo?
O amor que me refiro é cheio de imperfeições e passa por uma série de fases até atingir a plenitude. E a plenitude também não é perfeição. A plenitude é aquela fase onde a tranquilidade faz pouso nos ombros da gente, nos faz caminhar em frente sem medo de andar devagar ou parar, de agilizar os passos ou recuar.
Antes disso, penso eu, há uma série de fatores que vão solidificando esse amor. A paciência, a compreensão, o apoio, a compaixão e o respeito. Esse último acima de qualquer coisa. Além disso, há de se “começar pelo começo” e desejar que todos os dias tenham um pouco de recomeço. Como assim?
Há uma beleza infinita na paixão, principalmente nos primeiros meses de relação. Sendo assim, muitas pessoas esquecem que desde esse momento as bases já estão sendo construídas. Há de se ter um mistério a descobrir todos os dias. Há de se inventar e reinventar a forma como amamos e vou além: há de se amar as imperfeições do outro e tudo o que isso causa na gente.
Quando escolhemos alguém para ser nosso bem, nosso amor, nosso partner ou como desejar chamar, optamos pelo pacote completo. O “combo” não é feito somente de alegrias, pois que chato seria amar uma pessoa que sabe tudo. O pacote vem com qualidades e uma porção de outras coisas que talvez não nos agradem o tempo todo.
Se você quiser apenas o lado bom de alguém, meu amigo, melhor ficar sozinho. Ou a gente ama o outro com tudo o que ele “tem”, “é” e “vem” ou melhor não se dar o trabalho de começar qualquer relação que seja. As chatices, as manias, os transtornos que todos nós temos devem ser vistos como parte da gente e daquele por quem nos apaixonamos.
É claro que isso não tem a ver com o comodismo que muitos casais toleram por tantos anos. Não estou dizendo que devemos empurrar com a barriga aquilo que não nos desce de jeito nenhum. O que eu acredito tem mais a ver com aceitar o outro como ele é, mas jamais deixar de mostrar como ele pode ir além, evoluir, crescer dentro daquilo que acredita.
O amor requer humildade em compreender o tempo do outro e aceitar que as transformações não devem ser impostas, mas sugeridas com carinho e cuidado. “Estou aqui”, “vamos juntos”, “segura a minha mão” e por aí vai. O amor é porto seguro em mar agitado e furacão em tarde morna.
Por que eu não posso me apaixonar todos os dias pela minha mulher? Quem é que define a quantidade de flores que eu mando para ela? Quantos jantares românticos cabem em dez anos de casamento? E porque não posso fazer amor com ela como se fosse a primeira vez todos os dias?
Quem controla esse tempo? Quem define isso? Quem disse para você que deveria ser assim e pronto? Não, a gente pode amar mais e melhor, amigo! Existe uma cultura absurda que dita regras sobre tudo o que se refere ao ser humano. Por que tem que ficar gelado depois de um tempo? Por que a rotina não pode ser bacana? Por que você não faz diferente do que o seu amigo faz? Ou do que seu pai fazia? Sempre há tempo para amar bonito.
Há quem diga que depois de alguns anos fica impossível evitar que o amor esfrie. Discordo completamente e acredito na relação que esquenta com o passar do tempo. Mas isso, repito, não quer dizer que vá ser perfeito, sem desentendimentos, sem decepções, sem lágrimas. Voltamos ao princípio de novo: inventar e reinventar, começar e recomeçar todos os dias.
O amor deve ser cultivado exatamente como um jardim. Falando nisso, faz quanto tempo que você não pega a florzinha do canteiro vizinho e coloca na bandeja daquele café da manhã que ela adora receber na cama?
PS: Dedico essa coluna a todos os apaixonados e desejo que o amor seja pleno em toda e qualquer relação. Vale sempre lembrar que amor não tem cor, sexo ou classe social. Amor precisa de uma única coisa: vontade de amar.
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