“Amar a si mesmo é o começo de um romance para toda a vida”. Oscar Wilde
Quando alguém diz “se cuida” é porque sabe que, em algum momento, você pode se distrair e cuidar mais dos outros do que de si mesmo. Cuidar do outro não é pecado nem crime, desde que você esteja em dia com o seu amor-próprio.
Amar a si mesmo é um exercício diário que nos coloca em consonância com o ser que nos habita. Mas, antes de se amar, você deve se conhecer, e se amar pelo que descobrir. Não importa o quê.
O amor-próprio não é autoexplicativo nem vem com bula. O amor-próprio não sente culpa pelo que vê. Não acusa o reflexo no espelho. Não ataca. Aceita o que é, e ama. Apenas ama.
Se há algo a ser transformado, não se ofende. É paciente. Ama com o problema em vigência e ama ainda mais com a resolução, com o avanço, com a vitória.
A descoberta do amor-próprio se dá pelas vias mais improváveis. Às vezes, você o descobre por meio de uma fratura exposta na alma. A fragilidade desperta o amor que deveríamos nos doar todos os dias. Usamos o estoque de amor para estancar o sangramento e descobrimos que não é preciso buscar amor fora de nós para aplacar o que dói.
Quando nos deparamos com os machucados mais doloridos, descobrimos em nós mesmos, o remédio e a cura, e iniciamos o flerte com o amor, o próprio.
O autoconhecimento não oferece todas as certezas, mas abre vias para caminharmos por dentro sem nos ferir com os cacos de outras guerras, porque já sabemos quais as estradas que nos conduzem aos abismos, e só iremos lá com o preparo necessário. Sabemos que temos a ferramenta primordial; o amor pelo que somos. Assim, não tememos a queda livre, pois seremos capazes de levantar com classe a cada descida.
O amor-próprio recupera a íntima carícia que, às vezes, oferecemos aos egos alheios, e esquecemos de nutrir a nossa alma que padece pelos cantos do ser. O amor-próprio não é aquela voz que diz “se cuida”. Ele é o próprio cuidado.