Quando a ansiedade “enlouquece”, asfixia. O que fazer?
Constante estado de alerta, sentimento de urgência, inquietação, nervosismo, preocupações atormentadoras, sensação de nó na garganta, falta de ar, respiração ofegante, aperto no peito, coração acelerado, dificuldade em relaxar, em dormir ou manter um sono de qualidade, tensão muscular, dores de cabeça e sentimentos de desesperança são alguns dos sintomas de quem sofre de ansiedade.
A ansiedade é um mal que já atinge aproximadamente 290 milhões de pessoas no mundo, sendo considerada uma epidemia, um problema de saúde pública.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil apresenta a maior taxa de pessoas ansiosas no mundo inteiro com aproximadamente 18,6 milhões de brasileiros sofrendo deste transtorno.
O que é a ansiedade?
A ansiedade traz a marca indelével do medo. Medo que não dê certo, medo de perder, medo que não flua, medo que aquela experiência malsucedida aconteça novamente, medo do amanha, medo do que aconteceu, medo do que ainda não aconteceu, medo do medo!
Em situações novas, tais como uma entrevista de emprego, a primeira viagem sozinho, a apresentação de um trabalho na escola ou universidade, o primeiro encontro, casamento, o nascimento de um filho e a preparação para uma cirurgia são exemplos de situações em que a ansiedade sentida é normal e até esperada, inclusive necessária.
O problema se configura quando esta ansiedade passa dos limites da normalidade, sendo intensa, constante e sufocante, travando a vida da pessoa e causando muito sofrimento. Neste segundo caso, a ansiedade é patológica e definida como transtorno de ansiedade.
Os principais Transtornos de Ansiedade
Agorafobia (A Agorafobia se configura entre os transtornos de ansiedade desde a nova classificação do DSM-V);
– Transtorno de Ansiedade Generalizada;
– Transtorno do Pânico;
– Fobia Social;
– Fobia Especifica;
– Transtorno de Estresse pós-traumático;
– Transtorno Obsessivo-compulsivo;
Este artigo objetiva falar sobre o Transtorno de Ansiedade Generalizada ou TAG.
Os sintomas de ansiedade são divididos didaticamente em físicos, psíquicos e comportamentais:
Sintomas físicos:
Urgência constante em urinar, suores frios, sensação de formigamento, sensação de nó na garganta, boca seca, falta de ar, respiração ofegante, tontura, taquicardia, sensação de opressão e desconforto no peito, problemas gastrointestinais, náuseas, vômitos, dificuldade para dormir ou manter o sono, insônia, sudorese, tremores, tensão muscular, dores musculares, aumento das atividades glandulares, aumento da motilidade intestinal, cefaleias (principalmente as do tipo tensional), fadiga, aumento da pressão arterial e bruxismo.
Sintomas psíquicos:
Agitação psicomotora, inquietação, impaciência, nervosismo, dificuldade em relaxar, desesperança, pensamentos negativos, pensamentos acelerados, sensação de apreensão desagradável e angustia, medo difuso, impreciso e irracional, medo de perder o controle, intolerância às incertezas da vida, dificuldade de concentração, irritabilidade, preocupações excessivas, tendendo à catastrofizaçao e antecipação de acontecimentos negativos que raramente se concretizam.
Sintomas comportamentais:
Perfeccionismo e comportamentos evitativos de situações ou circunstâncias que possam causar incerteza, angústia e preocupações.
Por que sentimos ansiedade?
A ansiedade, quando normal, é necessária para termos a melhor performance em atividades práticas do dia-a-dia, para nos prepararmos para situações que exijam foco, determinação, motivação, bem como para nos desvencilharmos de perigos e ameaças reais, onde o organismo se prepara para a luta ou fuga, tendo por objetivo a autopreservação.
Como já foi dito, o problema se deflagra quando o cérebro interpreta erroneamente uma ameaça onde não existe ou percebe situações normais como catastróficas, como se estivesse vendo através de uma lente de aumento.
Neste caso, a ansiedade passa da normalidade para uma função patológica, preparando o corpo para ameaças “irreais”, medos irracionais e consequentemente sobrecarregando o organismo.
Em outras palavras, a ansiedade somente é patológica quando percebemos e reagimos a ameaças, perigos e medos que são acionados por estruturas específicas do nosso cérebro, como a amígdala e tratando-se portanto de uma interpretação errônea e disfuncional dos fatos.
Fatores de risco
Fatores genéticos e fatores ambientais como pobreza e violência, divórcio, viuvez, lutos mal elaborados, vivência e/ou exposição a eventos traumáticos, hospitalizações prolongadas, hábitos nocivos e vícios como o uso de cigarro e álcool, café em excesso, uso de anfetaminas, bem como fatores hormonais que incluem gravidez, menopausa e período pré-menstrual.
Portanto, as mulheres estão mais expostas e segundo pesquisas cientificas são mais acometidas por transtornos de ansiedade.
Como enfrentar a ansiedade?
Para o enfrentamento da ansiedade, é imprescindível reconhecer os gatilhos, que a promovem e que são de ordem pessoal.
Em outras palavras, identificar quais são as situações e comportamentos que promovem o sentimento de ansiedade.
Uma dica importante é aprender a manejar o estresse, a organizar a própria vida, pois a partir da organização das atividades cotidianas, bem como do tempo disponível para estas, o nível de ansiedade tende a baixar.
O tratamento do TAG consiste na associação de medicação e psicoterapia.
Tratamento medicamentoso:
Geralmente utiliza-se no tratamento as medicações serotoninérgicas, tais como os receptores seletivos de receptação da serotonina (SRS), antidepressivos tricíclicos, antidepressivos atípicos, dentre outros.
Vale a pena salientar que esta medicação não causa dependência química e começa a fazer efeito somente a partir de 4 a 6 semanas. Sendo assim, é necessário que o paciente saiba dos critérios de efeito da medicação para que não desista do tratamento.
No início do tratamento, também podem ser receitados os benzodiazepínicos e seu uso não deve se prolongar por mais de 20 dias, pois esta medicação causa dependência química, dentre outras complicações que mencionarei em um outro artigo.
Tratamento psicoterapêutico:
A psicoterapia é parte essencial no tratamento da ansiedade, pois trabalha através de técnicas especificas as constantes preocupações do paciente, seus pensamentos catastróficos, negativos e neurotizados, suas distorções cognitivas e seus pensamentos disfuncionais.
Além disso, trabalha o medo difuso, a inquietação e o nervosismo que normalmente estão presentes em pessoas com TAG. Caso o paciente tenha desenvolvido fobias específicas e comportamentos de esquiva, estes devem entrar para o planejamento do tratamento.
Vale à pena salientar a importância na mudança do estilo de vida, detectando os gatilhos de ansiedade que repercutem na saúde do paciente.
Em outras palavras, é importante retirar da rotina hábitos e situações que causam ansiedade para aquele paciente específico. Quanto à abordagem psicoterapêutica utilizada, existem muitas e todas são eficazes.
Contudo, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem mostrado excelentes resultados na prática clinica e em pesquisas científicas para o tratamento de transtornos de ansiedade.
Tratamentos complementares:
Atividade física, caminhadas, alimentação saudável, acupuntura, ioga, técnicas de relaxamento, alongamento muscular e contato com a natureza.
Vale à pena salientar que os tratamentos complementares, como o próprio nome indica, não substituem o tratamento médico e psicológico.
Função do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e sua relação com a ansiedade:
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) ou sistema neurovegetativo, é responsável por funções que não temos controle e é neste contexto que vamos compreender como funciona o processo de ansiedade patológica a nível neurofisiológico.
O SNA é responsável pela excreta das glândulas exócrinas, do funcionamento do coração e da contração da musculatura lisa. É subdividido em dois sistemas: o simpático e o parassimpático.
Na ansiedade patológica, o sistema simpático, que é responsável pela “aceleração” está em desequilíbrio com o sistema parassimpático, responsável pela “desaceleração”.
Como foi dito anteriormente, não podemos controlar o Sistema Autônomo e este pode ser acionado por um “alarme falso” no cérebro, acelerando o coração, aumentando a pressão arterial, contraindo a musculatura lisa, ativando os mecanismos de hipervigilância e acionando o funcionamento de glândulas exócrinas.
Por outras palavras, em pessoas com transtorno de ansiedade, este sistema está em constante vigilância, ocasionando os sintomas que já foram mencionados acima.
* Foto de Romane Gautun no Unsplash
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