Olhe para sua volta e responda sinceramente: se tudo lhe fosse retirado, subitamente, você continuaria feliz? Se de repente lhe arrancam a força o que você jurava ser sua razão da felicidade, você teria forças de se reinventar e se levantar? A questão é se perguntar – qual a importância que as coisas têm na sua vida? Sejam coisas, sejam pessoas: ninguém é responsável por sua felicidade, exceto você mesmo. É comum vermos pessoas desesperadas após alguma perda, após alguma decepção, mas o mistério está em compreender o motivo pelo qual tais coisas tomam uma posição de prioridade em nossas vidas e são capazes de atrocidades inimagináveis.
Sempre acreditei que as coisas/pessoas têm o valor que damos a elas: seu carro tem a importância que você dá a ele; sua conta bancária também; o mesmo acontece com sua paixão, família e religião. Muitas vezes intitulamos como nosso “tudo” algo que não é assim tão significativo – e já sabemos o que se passa quando esse “tudo” é arruinado: viramos pó, viramos um nada. Devemos saber priorizar e definir nosso “tudo” e nosso “nada”, afinal, o único indivíduo responsável por delinear sua história é tu mesmo, ninguém fará isso em seu lugar.
A sociedade cria muitos padrões: é padrão pra cabelo, pra corpo, pra tamanho de bunda, de braço, de músculos; é uma voracidade pra ver quem tem o melhor carro, a melhor casa, a carteira mais volumosa, o emprego mais valorizado. Mas, um momento, quem nos inseriu nessa competição? Eu tô seguindo o padrão de quem? Não quero participar dessa guerra, não. Avisem que estou de fora. Quero ter minhas prioridades, quero controlar meus anseios e quero trilhar meus caminhos – faço questão: não o façam por mim. Isso não significa que não devemos batalhar para conquistar uma vida mais cômoda, mas digna e com regalias: podemos fazer o que bem quisermos, mas sem deixar que digam quem somos e aonde vamos. Quando deixamos que controlem nossas pulsões, perdemos nossa essência.
Essencial, segundo o dicionário é o que constitui a parte necessária ou inerente de uma coisa; necessário, indispensável. O que é essencial na sua vida? Você define, você decide. Mas não adianta se lamentar quando seu “tudo” for por água abaixo – não se esqueça que o mundo gira e ele mesmo encontra maneiras de nos organizar, e o dano que o avesso pode causar depende do valor que é atribuído aos bens, às pessoas. Se, subitamente, algo não sai como planejado, a culpa é apenas nossa; nós criamos expectativas, nós nos frustramos. Viver a vida com leveza implica em deixar ir, em deixar ser, em deixar acontecer. Assim como ser controlado é nocivo, querer controlar tudo também é: os extremos chocam-se. Mente, alma e corpo estão conectados, e para que funcionem em conjunto é preciso de equilíbrio. Quando deixamos aspectos terremos sobressaírem-se aos aspectos espirituais, corremos grande risco. Seu tudo e o seu nada são criações que apenas você pode fazer; se você não tem nada, não existe o medo de perder, não existe a dependência – essa, por sinal, pode ser um veneno. Você depende de que pra ser feliz? Não coloque sua felicidade na mão de coisas ou de pessoas, a estrada é apenas sua, quem vai trilá-lha não são os outros, e nem as coisas. Escute os sinais que a vida lança e não ignore o vazio que te preenche: ele pode sinalizar que os barulhos dentro da gente querem ser ouvidos e não mais ignorados. Quer ser livre? Aprenda a não depender do exterior – está tudo dentro da gente mesmo. E sim, é um aprendizado – ninguém acorda e é livre – liberdade é construída, talhada, moldada. Encontre seu nada e sejam felizes – você não o perderá, mesmo.