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“Quando o seu melhor, ainda não é bom o suficiente para a pessoa, então é hora de mudar de direção.”

“Quando o seu melhor, ainda não é bom o suficiente para a pessoa, então é hora de mudar de direção. Fique com alguém que valoriza seus esforços”. Jey Leonardo

Alguns relacionamentos são verdadeiras ciladas. Só um parceiro abre mão e exerce a tolerância. Só um parceiro pede perdão mesmo não sendo culpado. Enquanto este último torce para a discussão acabar, o outro faz questão de desenterrar uma briga do passado e iniciar uma verdadeira evocação aos mortos, que retornam numa reprise complexa, onde é preciso novamente explicar, dar nomes, se cansar e sangrar do corte quase adormecido.

Para alguns, é muito fácil saltar a linha abismal que separa a educação do desaforo. Não sabem conversar de uma maneira respeitosa. Se sabem, fazem questão de esquecer. A cena romântica se desfaz rapidamente, o clima azeda, a calmaria cessa. Há um grito que deve ser liberado naquele momento. Há uma cólera que deve ser despejada. O outro precisa escutar. Enquanto o parceiro, que já está acostumado a viver pisando em ovos, luta para detectar a falha, o outro continua berrando.

“Quem ama não vai embora”. Será? Não há amor que resista a histeria verborrágica de um parceiro que diz tudo que pensa. Que se defende dizendo que é muito franco, quando na verdade, é um egoísta incorrigível, um tolo. Que não respeita os sentimentos do outro, o lugar que está, muito menos avalia se as pessoas ao redor desejam ser plateia de um atrito que deveria ser resolvido num diálogo cordial, longe do binóculo alheio.

Numa relação amorosa tem de haver duas partes interessadas, e não uma que ama e outra, que é apenas interesseira. Ao atender suas próprias vontades, em nome de um controle cego que subestima a inteligência do outro e duvida de sua capacidade de reação, o interesseiro se convence de que tem a posse do parceiro, e essa certeza, é a âncora que ele utiliza para impedir que o outro se desvencilhe.

Aperfeiçoar a tolerância para não ferir o outro, não significa perder a voz e a capacidade de se posicionar. Se na maior parte do tempo, o relacionamento proporciona clima de guerra e um parceiro está, constantemente, apagando as chamas de um incêndio que não causou, lutando para desatar intrigas e desconfianças, que não consegue sequer suspeitar a origem, já passou da hora de dar um basta.

Não há amor que resista ao furor dos dedos apontados em nome de questões irrelevantes, que não passam de insinuações infundadas e encenações. Sem respeito, nenhum relacionamento progride. Se há sempre uma parte nula, que não tem a oportunidade de falar, que é sempre o lado que viola o amor-próprio para dar continuidade a um pseudoamor que maltrata, humilha e faz tudo para provar que o erro é sempre unilateral, está na hora de repensar qual é o propósito dessa relação.

Ester Chaves

Ester Chaves é uma escritora brasiliense. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília e Pós-graduada em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Atuante na vida cultural da cidade, participou de vários eventos poético-musicais. Já teve textos publicados em jornais e revistas. Em junho deste ano, teve o conto “Os Voos de Josué” selecionado na 1ª edição do Prêmio VIP de Literatura, da A.R Publisher Editora. É colunista nos sites “Conti outra, artes e afins”, “A Soma de Todos os Afetos”, “Escritos Meus”, “Fãs da Psicanálise”, “A Mente é Maravilhosa” e “O Segredo”.

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