Às vezes, sofremos abusos calados por não priorizarmos nossas verdadeiras necessidades! Quando sofremos pequenos abusos e não reagimos, prejudicamos a nós mesmos! Por isso resolvi compartilhar com vocês o que aprendi em minha primeira sessão de terapia e nunca mais esqueci. Na minha primeira sessão de terapia o psicólogo que estava me atendendo me passou um ensinamento, que talvez na época, eu não soubesse o quão valioso seria em minha vida. Ele me disse o seguinte:

“Sabe quando você está no avião e as aeromoças começam a dar as instruções de segurança? Uma delas diz que se ocorrer a despressurização dentro da aeronave e o ar começar a faltar, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. A recomendação é que você coloque primeiro a máscara em você antes de ajudar qualquer outra pessoa”.

Esse ensinamento eu levei para a minha vida!

Se por acaso a situação ou ajuda requerida for corriqueira, ou seja, fatos recorrentes, que se multiplicam, e nos deixam em “maus lençóis” por não conseguirmos nos impor e fazer prevalecer nossos direitos e vontades, devemos começar a questionar se nossos conceitos de amor, gentileza, altruísmo e bondade estão sendo mal interpretados por nós mesmos. Porque quando desconhecemos a nossa verdade, abrimos brechas para os pequenos abusos do dia-a-dia.

Nesse caso devemos aprender a dizer NÃO! NÃO QUERO, NÃO GOSTEI, NÃO POSSO, NÃO VOU, NÃO ACEITO!

Por isso, repetirei aqui o conselho do meu psicólogo: Coloque sempre a “mascara” primeiro em você, depois que estiver segura poderá ajudar quem quer que seja!

Eu fui ensinada a não reclamar ou contestar, mesmo estando com a razão e no meu direito! Será que você já viveu algo parecido?

Certa vez em um dia frio, fui com uma amiga muito querida em um bar tomar sopa e bater papo. Na minha expectativa, imaginei um prato de sopa delicioso e quentinho para aquecer aquela noite.

Chegando lá, pedi um caldo de ervilhas, comecei a comer e, quando estava quase no final, disse a ela: “Experimenta um pouco e veja se não está salgado demais? ” Ela com expressão de horror disse não saber como eu tinha conseguido comer aquilo tudo sem ter ido parar no hospital com hipertensão! Neste momento, resolvi chamar o garçom que ao provar a sopa disse: “Moça, porque você não reclamou antes? Está excessivamente salgada!”.

Onde coloquei a minha máscara naquela noite, quando optei por comer o prato todo calada?

Pois é… Esta noite serviu de reflexão por muitos anos e inclusive gerou a expressão, que virou um verdadeiro “meme” entre nós: SEM SOPA SALGADA! POR FAVOR!

Na verdade, este episódio virou um presente pela quantidade de insights que ele me trouxe. Fiquei me perguntando:

Por que não reclamei antes?

E me lembrei de cenas da minha infância, quando, por exemplo, acompanhava minha mãe em lojas e ela voltava para casa cheia de compras que não queria, mas que comprava, apenas, para não desagradar às vendedoras! Foi aí que entendi de quão longe esse padrão vinha e o quanto ele estava impregnado em minha vida!

Se vocês, como eu, não foram educadas para olhar para si mesmas ou para suas necessidades antes de aceitarem ou negarem qualquer coisa que seja, precisam definitivamente colocar a “máscara” primeiro em vocês.

Deveriam começar a recusar ir a aquela festa que não queriam ir… agradecer o bolo que não queriam provar, desistir do encontro que preferiam não ter, negar o dinheiro que não queriam emprestar, enfim… aprendam a recusar os pequenos “abusos” do dia-a-dia.

Perceba que nestes casos citados acima, incluindo o caso da “sopa salgada”, os abusos não veem de fora. Talvez de fora estejam vindo pedidos de ajuda, situações que requerem uma determinada postura ou um determinado posicionamento…, porém, quem transforma estes pedidos em “abusos”, somos nós, quando aceitamos fazer algo, sem que antes, consultemos nossas necessidades.

Com o passar do tempo, as sessões de terapia, livros, workshops e com a experiência da vida, entendi que devemos expressar amor, bondade e gentileza primeiro por nós mesmos, pois, só conseguimos ser verdadeiramente e desinteressadamente amorosos, bondosos e gentis com os outros, quando somos primeiro… conosco.

Quando tentamos salvar o outro e não lembramos de colocar a “máscara” antes em nós, começamos perdendo o fôlego e corremos o risco de, além de, efetivamente, não ajudarmos o outro, acabarmos prejudicando a nós mesmos.

Uma ajuda que prejudica uma das partes nunca será uma ajuda boa para ninguém.

Como já dissemos por aqui que as situações se repetem, passado algum tempo, fui a um outro restaurante tomar outra sopa, este sim, sempre atendeu as minhas expectativas, e vejo no cardápio: Sopa de legumes! E pelo preço, logo imagino um prato de sopa generoso, com muitos legumes picados, bem temperada e quentinha.

Quando a sopa chega, vejo: Meia dúzia de cubinhos de 2 tipos de legumes boiando em um caldo ralo… Sinto aquela conhecida sensação de, “já vivi algo parecido antes”… Uma sensação de desrespeito me invadiu, mas desta vez, chamei o garçom, disse que sempre fui servida com muita qualidade naquele estabelecimento, mas que aquela sopa não tinha atendido as minhas expectativas e que não queria ser cobrada por ela.

Peguei minha bolsa, saí gloriosa e feliz com a lição que aprendi … E pensei sorrindo: SEM SOPA SALGADA! NUNCA MAIS!

Por tanto, se você se identifica com este texto e está sentindo dificuldade em se posicionar de forma diferente diante da vida, saiba que você pode fazer diferente!

A vida pode ser leve, alegre e feliz, pequenos ajustes e mudanças de atitude, podem fazer verdadeiros milagres.

Se for necessário, busque ajuda profissional! Nem sempre damos conta de fazer todas as nossas travessias, sozinhos!








Psicóloga clínica, terapeuta corporal, consteladora familiar e orientadora profissional. Escritora e facilitadora de workshops, palestras e grupos terapêuticos que visam auxiliar as pessoas a reconhecer e ativar sua potencia de realização e alegria de viver através da reconexão com a sua verdadeira essência, do profundo cuidado com o sentir e com o poder de expressar suas emoções mais genuínas. Desenvolve trabalhos personalizados para grupos e empresas.