“O amor é isso. Não prende, não aperta, não sufoca. Porque, quando vira nó, já deixou de ser laço.” (Mário Quintana)

A gente perde emprego, deixa de ser amado, vê as pessoas indo embora, vê o dinheiro sumir, porém, ninguém nos tira as verdades que carregamos dentro do peito. Não somos donos de nada nem de ninguém, não controlamos o daqui a pouco, nem temos poder algum sobre os acontecimentos da vida. Ninguém é de ninguém. Nada é de ninguém.

Uma das atitudes mais descabidas que há vem a ser essa necessidade de querer se achar dono do outro, determinando-lhe os rumos de vida, controlando os seus passos, querendo que aja conforme aquilo que ditamos. Tiranizar o semelhante é um comportamento covarde e injusto, pois ninguém tem o direito de limitar as dimensões dos sonhos de liberdade de alguém.

O mesmo se aplica ao amor. Pessoas devem ficar juntas, sendo parceiras e companheiras por livre e espontânea vontade, de ambas as partes. Infelizmente, muitos confundem relacionamento com prisão, parceria com obrigação, afeto com devoção. E, assim, acabam por privar o parceiro de tudo aquilo em que não estejam incluídos, afastando-o de amigos, de eventos, até mesmo da família.

Amor não tem amarras, simplesmente porque sentimento não tem limites claros, são infinitos, imensuráveis, ilimitados. Sentimento se expande, se multiplica, pois sua natureza é livre e espontânea. Não dá para tentar prender o que não consegue se diminuir, delimitar-se, o que não tem medida. O amor verdadeiro se instala e pronto, ficando de bom grado onde é regado e livre.

Quem quer trair trai, não importa o que o outro faça, não importa o que o outro diga, porque trair é uma decisão de quem não assume compromisso, só finge. Por mais que o parceiro prenda, a liberdade sempre lutará por ocupar todo e qualquer espaço inalcançável, pois é disso que ela se alimenta, dessa ânsia pelo infinito.

Quem fica, é porque ama, trazendo toda a verdade que seu peito carrega e, por isso mesmo, não precisa de que o outro lhe diga o que fazer, com quem sair, para onde ir ou não ir. Quem fica, ali está porque realmente quer. Deixe que vá quem você ama, pois ele voltará, e o fará porque precisa de seu amor. É assim que o amor fica.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.