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Quem quer ser mais feliz do que o outro não sabe nada de felicidade. Sabe da vida do outro.

Felicidade quando vem com tudo é bom. Vem enorme, generosa, imensa que não cabe nem na gente. Felicidade boa de dividir. E a gente divide com gosto, reparte com o vizinho, feito jabuticaba rolando pela boca da bacia. Felicidade grande faz bem a todo mundo.

Mas se ela for pequenininha, mirrada, humilde, a gente também aceita. Feliz da vida, a gente recebe a felicidade do tamanho que for. Porque não tem régua feita pra medir sentimento, né? Não há balança que revele o peso do que a gente sente. Só a gente sabe. De qualquer tamanho, felicidade é sempre leve, não pesa na alma, não dói na consciência. Mesmo quando se esparrama por tudo que há, como um cano que estoura e alaga a casa toda. Ser feliz é bom de qualquer jeito, em qualquer tempo.

Feito ave migratória, vem e vai quando quer. De nós só espera uma boa acolhida. Felicidade é uma visita envergonhada. Só volta para quem for bom anfitrião. É um passageiro clandestino. E recebê-la é um gesto generoso. A gente agradece e toca o barco adiante, sorrindo de orelha a orelha, a cara no vento, o coração feliz.

Se a tristeza vem e toma a nave de assalto, assume o comando e muda o rumo, tudo bem. Fazer o quê? A gente vive, vive com gosto, com a Graça de Deus e uma saudadinha boa de ser feliz, sentimento que alimenta o espírito, encoraja, motiva, dá sentido ao movimento das pernas, fortalece os braços, estufa as velas do barco e nos empurra para frente com uma esperança irrecusável, porque a vida só dá pé pra quem tem fé!

Eu não sei como acontece com você, mas comigo se passa assim. Eu não quero ser mais feliz do que ninguém. Quero ser feliz e pronto. Do jeito que puder. Da sorte que vier. Aceito felicidade de qualquer tamanho. Nem quero saber o jeito dela. Eu abro os braços e abraço.

Agorinha mesmo, minha felicidade clandestina não transbordou como querem as receitas prontas, absolutas, segundo as quais não existe felicidade que não transborde. A minha passou bem longe disso. Ficou ali quietinha, satisfeita, no fundo do copo. Felicidade modesta mas grandiosa, enorme em sua humildade, sintética e poderosa como bebida forte que se consome num só trago ou aos golinhos, de acordo com a vontade e o temperamento de cada um. Felicidade é visitante educada. Respeita os modos do anfitrião.

A minha é assim. Quando vem, não sei até quando fica. Eu só agradeço e cuido para que ela esteja em casa. Ela chega e eu me lembro de que, apesar de tudo, eu sou feliz. Desde sempre, até quando estou triste, eu tenho sido feliz. Sou feliz com ela assim, sinhá moça generosa, que vai mas sempre volta. Vai ver, quem sabe, ela também goste de mim.

André J. Gomes

http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

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