Organizando gavetas, faço uma longa pausa ao examinar as folhas de meus velhos passaportes. Quem, diante de uma perda, seja ela financeira ou pessoal, de um amor acabado, um projeto frustrado, um sonho que se tornou pesadelo, uma estrada mal escolhida ou uma mera insatisfação pessoal, nunca pensou em largar tudo e viajar pelo mundo, na tentativa de encontrar respostas; na esperança de encontrar a si mesmo?

Nessa mesma busca, perdi as contas de quantas vezes já coloquei uma dúzia de peças de roupas na mala e caí no mundão. Meu luto viajava comigo e, entre uma decolagem e outra, ou ao subir num trem que me daria uma noite inteira de reflexão até adentrar mais uma fronteira, certamente, encontrei respostas surpreendentes dentro de mim. Algumas assustadoras, outras dolorosas, mas quase sempre libertadoras.

Andar pelo mundo sem hora para voltar é realmente uma experiência extraordinária e, é claro, minha natureza nômade e uma busca incessante por respostas, que me persegue desde a infância, me pedem, constantemente, o levantar de novos voos.

Ocorre que tenho me perguntado, com frequência, se uma viagem é mesmo capaz de realizar a proeza de trazer as respostas que desvendariam, finalmente, os mistérios da vida, das emoções e de quem realmente somos, ou se seria possível chegar a elas, igualmente, na paz da minha casa?

Me pergunto se não estamos dispostos a fazer a volta ao mundo apenas porque não queremos encarar o mais distante dos destinos: a viagem para dentro de nós mesmos.

Tomada por esse pensamento, por coincidência ou vibração, me deparo com dizeres do escritor italiano Tiziano Terzani que me dão a resposta na justa medida de minhas inquietações:

“O que está fora, também está dentro. O que não está dentro, não está em lugar nenhum. Viajar não adianta. Se uma pessoa não tem nada dentro, nunca encontrará nada fora. É inútil ir procurar no mundo o que não consegue encontrar dentro de si.”

Então, para você que, como eu, busca respostas, saiba que o mundo é lindo e que vale a pena o deslumbre de conhecê-lo, mas que não importa se você está aqui ou em Marrakesh, as respostas que possibilitam uma existência plena, assim como todos almejamos, devem ser encontradas, invariavelmente, dentro de cada um de nós.








Coach de relacionamento, administra a página Relações Tóxicas, na qual dá dicas e apoio a pessoas que vivem, viveram ou sobreviveram a uma relação abusiva. Como advogada, atua principalmente em questões conturbadas de família. Seu maior prazer é escrever reflexões sobre a vida e sobre o ser humano, inspirando pessoas a realizarem seu potencial máximo em todos os aspectos da vida.