Dizem os estudiosos do comportamento humano, que duas pessoas só se conhecem verdadeiramente, em média, após dois anos de convivência mútua e amiúde. Já constatei isso na pele. E digo mais: conheço pessoas há muitos anos, que até hoje não sei quem são de verdade.
Humanos são voláteis. Mudam de humor, de vontade, de escolhas: como uma frente fria que chega sem avisar ninguém, inclusive meteorologistas.
Talvez por isso os relacionamentos amorosos, vamos colocar um patamar do século XX em diante, tendem a ser mais dissolvidos do que resolvidas as diferenças. E por quê?
Pela pressa do amar, pela confusão entre o encantamento dos sentidos e a sensibilidade dos sentimentos.
Sendo assim, se é que posso dizer desta forma, segue algumas dicas de alguém que já passou por alguns casamentos e filhos. Ressaltando antes que não existe uma fórmula para descobrir se é amor. Por isso a vida é uma eterna sucessão de surpresas. Mas podemos seguir algumas regras que podem evitar decisões equivocadas e, consequentemente, dores, sofrimentos, perdas morais e financeiras. Separar é dividir, e isso implica em “quebrar os ovos”. E nestes momentos, até os omeletes entram na partilha.
1) A primeira fase de um relacionamento é o encantamento.
Borboletas no plexo, frio na barriga e fogos de artifício ecoando nas cabecinhas apaixonadas, tendem a obscurecer a realidade. O objeto dos nossos devaneios e desejos viscerais não possui defeitos. Tudo é alegria, a lua está sempre cheia, as estrelas brilham com maior intensidade e no céu impera um azul celestial sem nuvens. Mesmo para aqueles que pensam “comigo não”, acontece. É inevitável. E esse é o momento mais delicado da relação. A origem, a fase do conhecimento, da análise, do discernimento, que na maioria das vezes passa batida por conta dos sentidos aflorados. Não deveria. Beijo na boca e conversa olho no olho é uma boa receita para um namoro saudável. Conhecer seu parceiro ou parceira, caso exista um efetivo interesse entre as partes, é o âmago da questão. Deixando claro que não estamos falando de ficantes, peguetes e afins.
2) Não diga “eu te amo” na fase do encantamento, que pode variar de pessoa para pessoa.
E principalmente, não junte escovas, travesseiros, humores e mau hálito nas manhãs de segunda. Pode ser fatal! Palavra de escoteiro – que nunca fui, é só pra reforçar a coisa – Já vi gente caindo várias vezes neste conto de fadas, essa peça da vida causada pela confusão entre prazer e amor. Depois é um chororô, uma sofrência só.
3) A paciência, sinceridade e gentileza são a alma de um relacionamento bem sucedido.
Mas quem quer saber disso, quando a saudade e vontade dos sentidos clamam pela companhia um do outro? Tudo bem. Namorem bastante, mas conversem também. Que seja clichê fazer as tão temidas DR’s. Quem tem a ver com isso, a não ser os artífices dessa nova relação? Melhor fazê-las antes de entrar na fase “nós e uma cama”, do que quando você ainda pode levantar e ir embora sem grandes problemas. Namorar é bem diferente de viver junto, casar. No primeiro, surgirmos cheirosos, arrumados, programados, hipnotizados. E mesmo que o encontro não seja dos melhores, sempre teremos nossa casa para voltar. E aí é só dar tempo e ao tempo com uma distância temporária salutar, que as coisas se resolvem.
Agora, se casados, tudo muda de figura. É aguentar o clima bom ou a tempestade. É dormir na sala, ou nem dormir, já que há sempre um nesta relação que não acabou de falar tudo. Lembre-se: namoro, conversa, paciência, conhecer o outro (a), saber suas preferências e defeitos (quem não os têm?).
Análise. Pode parecer profissional, mas não é. Racionalizar sem radicalizar nos relacionamentos, é essencial.
4) Mas você, como eu e todo mundo, rejeitou as dicas acima e casou em seis meses, um ano, ou na manhã seguinte a uma noite de amor, se você estiver em Las Vegas.
Paixão exacerbada, bebida e muito dinheiro podem causar esses arroubos. Os filmes mostras isto a mancheias.
Consumada a união, procurem não ter filhos imediatamente. Tentem se conhecer durante a convivência diária, bem diferente daquelas dos tempos de namoro, com dia e hora marcados. Mas aconteceu. Agora o amor será realmente testado. Filho altera tudo na vida do casal. Uma criança que chega, por mais que nos julguemos preparados, é mudança total. Eles surgem chutando a trompa de falópio e a rotina. Chegam sem manual, bula, indicação, contraindicação. Afora os famigerados efeitos colaterais. Mas são adoráveis, sem dúvidas. Mudam nossa forma de viver a vida. São capazes de despertar um amor sincero, no primeiro toque, no primeiro olhar.
5) E se te todo, mesmo com filhos lindos, saudáveis, apoio familiar, etc., o casal descobrir que não era amor, mas os sentidos – que cessam com tempo e a rotina da vida – o jeito é separar.
Façam de tudo para não envolver os pequenos nesta celeuma chamada separação. Mesmo quando amigável. Na verdade nunca é tão amigável assim. Os pais possuem o mau hábito de usar filhos para serem porta-vozes de suas mágoas e decepções. Sim, aquelas que deveriam ser descobertas e discutidas nas dicas 1,2 e 3. Mas ainda há tempo para sermos gentis, flexíveis e ponderados, mesmo nesta hora dolorosa. Nunca é tarde para transformar uma paixão que findou numa nova relação. Pode ser uma amizade, às vezes melhor que um amor que um dia se pensou ter.
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