Visão geral dos transtornos ansiosos
Pesquisas norte-americanas mostram que o maior público que sofre de transtornos ansiosos (pânico, agorafobia, ansiedade generalizada e outros) são mulheres e jovens. Quando analisamos os dados com maior profundidade, é possível perceber que os jovens tendem a apresentar melhora dos transtornos antes de entrarem na vida adulta.
Já no Brasil, uma pesquisa feita em São Paulo, Brasília e Porto Alegre mostra que os transtornos de ansiedade estão em primeiro lugar entre os mais prevalentes diagnósticos psiquiátricos. Esse trabalho mostra que os transtornos ansiosos são, também, os que mais apresentam demanda potencial para os serviços de saúde.
Porém, ainda hoje, a maioria dos casos de transtorno de ansiedade não são reconhecidos ou diagnosticados, o que traz a falta de um tratamento apropriado.
Afinal, o que é ansiedade?
De acordo com o Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo (AMBAM), “ansiedade é uma vivência humana universal, dentro do expectro da normalidade, é proximamente associada à vivência de medo e de outros estados de ânimo e emocionais similares”.
Do ponto de vista emocional, a ansiedade pode ser considerado como um estado de alerta que prepara o indivíduo para algo que pode acontecer dentro do ambiente em que ele está inserido. Já pela visão fisiológica, é um estado do funcionamento cerebral. Esse funcionamento cria alertas que estão relacionados a percepção de contextos que podem ser considerados ameaçadores, que trazem perigo ou grau de ameaça.
A ansiedade é necessária para a sobrevivência do ser humano. Sem a ansiedade, não haveria um desenvolvimento adequado de nossa personalidade.
Há dois níveis de ansiedade, a adaptativa (normal) e a patológica (doentia). Dependendo do grau de ansiedade, ela pode gerar uma crise de pânico (aliada ao excesso de medo) por se tratar de uma resposta a uma forte ameaça, como citado anteriormente.
A AMBAM alerta que “como as alterações funcionais associadas à ansiedade têm como função aumentar nossa chance de sobrevivência ou sucesso IMEDIATO em um contexto ambiental específico, a reação pode ser vivenciada com desconforto que pode ser extremo e provocar consequências deletérias para a saúde a longo prazo (ex. doenças cardíacas)”.
A grande questão está em saber diferenciar quando está ocorrendo a ansiedade adaptativa e a patológica. Dependendo do nível, pode desencadear sofrimento e então é necessária ajuda médica.
Resiliência e o controle da ansiedade
Como dito anteriormente, a ansiedade na medida certa é muito importante para a vida, pois ela nos ajuda a manter o alerta para as situações de perigo e ameaça por estar ligada a sobrevivência.
A resiliência também está ligada a sobrevivência e é um recurso para utilizarmos em situações de risco e vulnerabilidade. Quando temos a ansiedade adaptativa (normal) aliada a resiliência nos tornamos mais fortes na análise das ameaças que estão presentes no ambiente.
Um ponto importante a destacar é que, quanto maior for a ansiedade à nível patológico, menor se torna a nossa resiliência. Isto ocorre porque na medida que a ansiedade vai aumentando, as nossas crenças vão se tornando mais rígidas.
E nós sabemos que quanto mais rígidas se tornam as crenças, menos flexíveis ficamos diante das adversidades, menor a nossa resiliência.
Quando trabalhamos na ressignificação das nossas crenças para se tornarem menos rígidas e mais flexíveis, a resiliência pode auxiliar até mesmo no controle da ansiedade patológica. Quando as situações são vistas com muita intensidade para o pessimismo ou intolerância, a resiliência ajuda a rever tais crenças e traz um olhar mais equilibrado.
É claro que não estamos falando de todas as crenças, mas especificamente daquelas que estão ligadas a ansiedade e a resiliência.
Por exemplo, podemos trabalhar a análise do contexto. Essa área da vida tem forte conexão com a ansiedade. Quando desenvolvemos com equilíbrio a capacidade de analisar quais são as pistas presentes no ambiente e identificar os sinais para fazer uma leitura adequada dos riscos e fatores de proteção conseguimos diminuir o nosso nível de ansiedade, mantendo apenas aquele estado de alerta saudável.
Outro exemplo é a leitura corporal. Quando temos uma ansiedade rígida, perdemos a capacidade de nos atentar aos sinais que nosso corpo nos dá. Quanto mais atenção ao corpo, menor a ansiedade.
Se temos a consciência de nossa respiração, do tremor de nossas mãos, do aumento do suor, entre outros sinais, conseguimos perceber que determinadas situações alteram as reações de nosso corpo, e começamos a ter atitudes para controlar tais situações, o que nos leva a trabalhar também as crenças que estão ligadas ao autocontrole.
É claro que, como dito anteriormente, existem níveis de ansiedade que demandam a busca de um profissional da saúde e um tratamento mais intensivo. Mas a mudança do comportamento e das crenças também pode ser um alternativa para auxiliar no controle da ansiedade.
E você, o que pensa sobre esse assunto?
Deixe o seu comentário e compartilhe a sua opinião com a gente. Até a próxima!