Ressignificar para superar: aprender, perdoar e seguir em frente!

Robson Hamuche, terapeuta transpessoal e criador do Resiliência Humana diz que a resignificação de um evento negativo só acontece quando a pessoa resolve se debruçar no sentimento gerado por aquela situação. Só assim é possível aprender, perdoar e seguir em frente.

Um trecho da famosa canção “Volta por cima”, do zoólogo e compositor paulistano, Paulo Vanzolini, diz o seguinte:

“Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

É uma ode à resiliência humana e um retrato de como a ressignificação de um evento carregado de frustração e tristeza é tarefa importante, imprescindível até, para quem deseja viver uma vida mais leve e feliz.

Do ponto de vista da psicologia, ressignificar é dar outro sentido a uma situação, especialmente negativa, do caminho percorrido até então. Em outras palavras, é perceber que nem tudo de ruim que vivenciamos é tão ruim assim.

Para o terapeuta transpessoal com especialização em constelação familiar, Robson Hamuche, a ressignificação passa pela positividade. “Quando as pessoas têm muitos pensamentos negativos, só enxergam o lado ruim das situações, parece que a vida delas paralisa”, diz.

Para Hamuche, que também é sócio-proprietário do Resiliência Humana – grupo de mídia dedicado ao desenvolvimento humano – a negatividade que afeta muitos está relacionada ao histórico familiar, ao sofrimento que, muitas vezes, pavimentou a história de bisavós, avós e pais.

“Em razão disso elas estão sempre em estado de alerta”, destaca.

Mas a positividade necessária à ressignificação não vem do nada. Ela faz parte de um processo.

O terapeuta explica que o ser humano é um conjunto de partes, de sentimentos e estados de ânimo: raiva, insegurança, tristeza, alegria etc. Ou seja, de acordo com Hamuche, ser positivo não é estar feliz sempre.


“Nós precisamos estar atentos a todos esses sentimentos para conseguirmos lidar com os problemas que nos afligem”
, assegura.

Alegria e tristeza, por exemplo, não são sentimentos opostos, mas complementares. “Eu preciso sentir a tristeza para poder chegar à alegria”, diz. Segundo o terapeuta, o que costuma ocorrer com as pessoas que não conseguem superar eventos negativos é que ela ficam tristes e se apegam a esse sentimento sem problematizá-lo.

“Elas precisam olhar com carinho para o que estão sentindo, entender e aprender com esse sentimento, para poderem se resgatar, perdoarem a si mesmas e aos outros”, afirma.

A tendência das pessoas que vivem situações frustrantes e traumáticas, conforme Hamuche, é não se debruçarem sobre seus sentimentos. Elas querem esconder o medo, a raiva, a tristeza, jogar tudo para debaixo do tapete e acabam ficando presas neles.

“Quando eu olho para minha tristeza, para minha raiva, para minha insegurança, eu me pergunto: o que tenho para aprender? O ser humano precisa ter em mente que sempre é possível extrair algum aprendizado de qualquer situação”, destaca.

Segundo o terapeuta, apenas depois da compreensão e do aprendizado do que sentem, é que as pessoas passarão a enxergar os acontecimentos a partir de um viés positivo e poderão seguir em frente.

A fim de que as pessoas consigam encontrar ferramentas para ressignificarem e superarem seus problemas, Hamuche recomenda tratamento profissional psicoterapêutico, desde os mais tradicionais como a psicanálise até alternativos como a constelação familiar.

Exercícios físicos, meditação e ioga também são boas opções, segundo o terapeuta. A regressão é uma das práticas utilizadas por Hamuche nas vivências realizadas no Instituto Tadashi Kadomoto (ITK), onde trabalha, e que vem surtindo bons resultados. Ela consiste na utilização de técnicas de respiração e outros exercícios mentais e físicos para que as pessoas consigam acessar determinados sentimentos que vêm atrelados a certos comportamentos e padrões negativos, tais como relacionamentos abusivos, fracasso profissional e afetivo.

“Por meio das técnicas de respiração e dos demais exercícios, a pessoa toma consciência da primeira vez que vivenciou eventos desse tipo e do sentido que deu a eles naquele momento e que acarretaram esse comportamento e visão negativa diante do mundo”, explica.

Segundo Hamuche, enxergando com mais nitidez a causa inicial do problema, a pessoa se torna mais capaz de ressignificar o evento.

O terapeuta salienta a importância do exercício físico para acessar memórias que muitas vezes dificultam a superação dos problemas, tornando-se grandes empecilhos para o desenvolvimento pessoal e profissional Conforme Hamuche, a parte fisiológica do ser humano é afetada por sua parte psicológica.

“Desse modo, quando a pessoa começa a fazer movimentos com o corpo, que não está acostumada a fazer, como aqueles propiciados pela ioga, meditação e até dança, memórias são liberadas e é possível entender de onde vêm determinados sentimentos ruins, ressignificando a vivência e indo além”, conclui.

__DA REDAÇÃO RH