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Se acabou, mas foi bom, seja grato!

Hoje em dia as pessoas somem da vida das outras sem saber de absolutamente nada. Sem ouvir o que o outro tem pra dizer, sem dizer o que, talvez, o outro precisasse ouvir.

As pessoas saem como se nunca tivessem entrado na vida do outro, muitas vão embora sem se despedir, outras se despedem com uma mensagem: ”Adorei te conhecer” e só.

Tudo bem a gente sair da vida de alguém quando a gente não se sente mais confortável, mas você já parou pra pensar que conhecer alguém, por mais curto que seja o tempo que vocês ficaram, momentos acontecem, lembranças ficam marcadas, sorrisos são trocados, conversas que atravessam a madrugada, e sem perceber, aquela pessoa acaba plantando algo em você, acaba te deixando lições e bagagem que às vezes, você leva pra vida toda?

Por que então, mesmo que na hora da despedida, não dizer tudo o que aquela pessoa o fez sentir?

Mesmo diante de um fim, ser grato a tudo o que o outro lhe apresentou, de bandas independentes que quase ninguém costuma ouvir às séries de zumbis, dos desabafos que você confessou aos conselhos que o outro lhe deixou.

Agradeça pelo sentimento que a pessoa despertou em você, seja aquela paixão louca desenfreada que o fez perder o controle de si mesma, cobrar-se loucamente e construir expectativas sem fim ou aquele sentimento leve que o fez flutuar sem tirar os pés do chão, que até hoje você não tem certeza direito, se foi amor ou só diversão.

É genuíno a atitude de contar ao outro o quão ele foi importante pra você, o quanto lhe ensinou, sem nem perceber. É um ato de gratidão dizer ao outro tudo o que ele conseguiu ser, e mesmo que tenha acabado aquilo que você acreditou que seria pra sempre, se foi bom, seja grato.

Grato porque simplesmente aconteceu, porque teve a liberdade de conhecer o outro e ter exposto – ainda que com um certo medo – o seu corpo e a sua vida, grato por aquela pessoa ter esbarrado em você e ter acontecido, porque algumas pessoas por aí sequer acontecem.

Dá um aperto ver as pessoas saindo umas das outras sem sequer dizer um: ”Obrigado por me permitir conhecer, por ter aberto a sua vida para que eu o conhecesse um pouco”, sem trocar nenhuma ideia, sem dizer ao menos se foi bom, sabe? As pessoas simplesmente somem, visualizam e nunca mais respondem.

Eu sinto uma necessidade imensa de dizer ao outro o que ele significou pra mim, sabe? Pensar nisso me bate uma vontade danada de botar as coisas pra fora. Às vezes bate uma vontade louca de dizer para aquela pessoa que ela foi importante demais para mim. Três meses, cinco, um ano, não importa. Acho que isso é o mínimo que as pessoas deveriam fazer antes de sumirem do mapa.

Eu não consigo simplesmente acreditar que existam pessoas que conseguem desaparecer da vida das outras sem, em algum momento da vida, perguntar-se:

”O que será que eu fui pra ela?” ou ”Será que eu plantei alguma semente?”

Iandê Albuquerque

Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .

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