Lancei essa pergunta outro dia nas minhas redes sociais: “Se te faz sofrer, por que insiste?”. E parece incrível, mas todos sabiam do que eu estava falando.

Todos já insistiram ou insistem em algo que traz sofrimento, que faz mal, que não faz feliz. Mas por que?

Ouvi gente dizer que as pessoas são tolas por insistirem em algo que já deixou de dar certo e que só proporciona dor. Uma tolice, talvez, assim do nada, de quem diz amar muito. Mas seria mesmo isso o amor? Uma visão distorcida dos acontecimentos, um sacrifício?

É, porque, insistir em algo que faz sofrer sempre me soa como sacrifício (ou tolice mesmo!). Você não é feliz, não está feliz, e ainda assim implora por algo que o outro não tem para lhe oferecer. Será isso amor?

Pergunto, já que ouvi pessoas dizendo que, por amarem demais, sujeitam-se a tudo o que não gostariam por se julgarem bem da forma como estão. É possível alguém estar bem, vivendo uma vida de sofrimento por vontade própria?

Por acreditar que aquilo é sim o melhor para ela?

Se me corta a carne, se me faz sangrar, se me perco em noites soluçando de chorar, por que ainda insisto?

Não vou dizer que isso é amor. Ah, claro que não é! Quem tem o amor como uma forma clara e lúcida de sentimento, sabe que ele não gera sofrimento, nossos condicionamentos, nossas emoções e nossos pensamentos doentios é que geram sofrimento. Amor não. Amor traz paz, alegria, desapego, liberdade. Amor não aprisiona e, no mais, nos traz a consciência do que é melhor para nós.

Por isso digo que, se insistimos em algo que nos causa dor, não é porque somos tolos, burros, asnos. Nada disso. É porque somos cegos. Sim! Cegos! Coração cego pela própria emoção, pelo próprio desejo doentio que não consegue enxergar e nem compreender que tal situação a causa dor, porque ela precisa dessa dor para viver, como se, a sua vida não tivesse sentido se não fosse sofrendo. Olha que loucura! Alguém pensar que a vida não teria sentido se não fosse com dor? Chega a ser inacreditável, mas, é a mais pura verdade.

Buscamos o sofrimento, insistimos na dor. Usamos a desculpa que amamos demais ou que o outro uma hora, vai pensar melhor e mudar de ideia.

Enquanto isso, levamos a vida rastejando em busca de algo que não existe, mendigando um sentimento que é seco, frio e impiedoso. Tornamo-nos nada, sendo apenas a criatura que se diz amar demais e que é persistente. Ridiculamente persistente.

Vejam bem, meus amigos. Quando alguém nos diz “não” uma vez pode até ser divertido insistir. Quando nos diz “não” inúmeras vezes, não nos trata com respeito e nos diminui, humilha, rejeita, trai, manipula, não é tão divertido assim. Nunca será divertido insistir no sofrimento, viver na dor.

Você merece mais. Todos merecemos mais, sabia? Merecemos o amor verdadeiro, merecemos o amor por nós mesmos e a confiança de viver cada dia sem a dor que é gerada dia a dia por nossa loucura de acreditar que fizemos a escolha certa e que não temos tempo de consertar as coisas.

Sempre teremos tempo. Se não for para consertar, que seja para escolher por uma vida onde haja menos manipulação, menos apego, menos sofrimento.

Pare para pensar e pergunte-se: ESTOU FELIZ ASSIM? É claro que sua resposta será não, afinal, quem é feliz sofrendo?

Você não precisa viver assim por mais tempo. Não precisa se torturar. Precisa aceitar o NÃO e seguir sua vida para que lado for. Sua vida é valiosa, seus sentimentos também. Não se martirize insistindo no que não se pode mais tocar.

Não existe nada mais lúcido e claro feito o amor. Se há cegueira, com certeza não há amor.








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.