Quem quer ir embora de verdade, vai, não espera que você se torne um nada no chão implorando que fique todas as vezes!
Eu já pedi pra ele ficar. Devo ter pedido umas cinco vezes e, confesso, acho que pedi vezes demais.
Todas as vezes que ele ameaçou me deixar, eu pedi que não fosse. Disse que precisava dele, que minha vida sem ele não fazia sentido. E isso se repetiu, acho que nas outras quatro vezes.
Tem um momento na vida da gente que parece que tudo dá um clique e a gente começa a se fazer uma centena de perguntas, começamos a rever tudo, desde nosso comportamento até o relacionamento em que estamos!
Eu passei por esse processo. Eu revi, eu ME revi, me re-olhei e, como num passe de mágica, minha mente se abriu e no auge do meu despertar, ele ameaçou me deixar, de novo.
Até que ponto as pessoas estão dispostas a ir pra ver o que você é capaz de fazer por elas?
Até qual máximo de atitude sem coração são capazes de cometer para que deixemos claro que dependemos delas emocionalmente?
Até onde irão?
Pra quê fazem isso?
Um misto de carência com arrogância?
Um ego inflado que se alimenta de nossa dependência e se eleva cada vez que pedimos: “por favor, não vá”?
E olha que isso é bem fácil de acontecer.
Acontece todos os dias, toda hora, com aquela amiga sua, com aquele cara, com a gente.
Somos prisioneiros de um jogo devastador de domínio emocional e, o que é pior: gostamos disso!
Convivemos com isso! Aceitamos isso! Até quando?
Naquele dia uma esfera diferente pairava sobre mim.
Algumas pessoas andam dizendo por aí que essa tal esfera se chama amor-próprio. Amor próprio?
Apuft!
O que é esse cara que não estava comigo todas as vezes que eu pedi que não me deixassem?
Onde estava esse tal amor próprio quando segurei alguém, chorando, ajoelhada, implorando?
Então, hoje, ele disse que me deixaria, outra vez. O coitado mal pôde acreditar no que ouviu sair da minha boca:
” _ Se você quiser ficar, fique. Se quiser ir embora, vá. Só não peça que eu implore. Não dessa vez.”
Correntes caíram sobre meus pés, as minhas correntes, as que me amarravam, me prendiam àquele homem…!
Eu estava livre. Eu era livre. Não era mais vítima de um jogo frio de paixão.
Quando você se torna o que sempre quis ser, quando você se torna mais sua do que de qualquer outra pessoa, o mundo se joga aos seus pés, porque, nada te prende, nada te afeta, nada te controla!
Quando alguém percebe que não tem mais controle sobre você, é visível a ira, a perda do controle nele!
Fica com raiva, bravo, grita e depois, congela.
Tenta se aproximar, te controlar de novo com voz mansa, mas daí a gente não quer mais, porque já entendemos o jogo e, dessa vez, nós vencemos.
Não se torne uma prisioneira (ou prisioneiro) de outra pessoa.
Não permita que as teias envolventes de criaturas controladoras, chantagistas, persuasivas, te prendam as mãos e os pés!
Não deixe que te tapem os olhos!
Perceba ali o jogo!
Quem quer ir embora de verdade, vai, não espera que você seja um nada no chão implorando que fique todas as vezes!
Não há nada de errado em pedir que a pessoa não vá, que ela repense, que não te deixe agora…
Mas, se ainda assim, ela quiser ir, não perca sua postura, não se rasteje, não desça tão baixo, implorando pelo restinho de amor que ele poderia te oferecer… Um amor tão pequeno, tão vazio!
Você é uma pessoa incrível e se alguém deixa uma pessoa incrível e vai embora, se você não saiu fazendo mil besteiras pra perder quem você ama (porque isso acontece, né?), entenda, esse alguém desconhece o que está querendo deixar.
E pra ele, vai restar, talvez, todas as outras que ainda não compreenderam que a gente vem em primeiro lugar, que o nosso mundo é sagrado demais pra ser violado, destruído.
Que o tal “Amor próprio”, que hoje me visitou, um dia possa visitar e abraçar todas as mulheres que vagam por ai, mendigando amor.