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A sensação é a de ser um fantoche, a vontade é de começar tudo do zero.

Um dos temas que vive rondando as consultas terapêuticas é o controle. Alguns trazem o excesso de controle como algo prejudicial e outros que desejam adquirir um pouco mais de controle sobre as suas vidas. Nos dois casos é preciso se conhecer melhor para descobrir as razões da falta ou excesso desse componente tão essencial em nossas vidas.

A falta de controle nas situações se caracteriza por falta de autonomia em tomar as próprias decisões e assumir alguma direção. Muita gente vive uma vida inteira obedecendo aos “deverias” com que somos inundados no nosso dia a dia. Um dia nos damos conta que não estamos na profissão que gostaríamos, não estamos no relacionamento que merecemos, que não conseguimos nos divertir e nem conviver com as pessoas que desejamos. Temos a sensação de que toda nossa vida até agora foi um erro e nos sentimos completamente perdidos por termos seguido em decisões que de fato não foram nossas. A sensação é a de ser um fantoche, a vontade é de começar tudo do zero.

Uma coisa é perder o controle em algumas situações, outra é passar a vida sem assumir o controle de nada.

Agora, o que digo, é que ao contrário do que pode parecer, as pessoas sem controle sobre as suas vidas, não são sempre coitadas que não tiveram opções ou que foram conduzidas de forma persuasiva para o local onde se encontram; essas pessoas muitas vezes foram parar ali porque era o caminho mais fácil, porque não tiveram coragem de assumir algumas decisões e lutar por elas.

Tiveram medo de enfrentar o que todos estavam gritando para elas fazerem e hoje estão com medo de levar essa mesma vida até o fim dos seus dias. A percepção muda, os medos continuam.

No outro extremo, estão as pessoas que desejam controlar absolutamente tudo, fazem planos e desejam segui-los a risca, sem nenhuma chance de desvio de caminho, traçam metas imutáveis e querem que todos à sua volta participem e concordem, assumem o que podem e o que não podem, pois estando à frente das situações conseguem moldá-las a seu bel-prazer, desejam no fundo que todos com quem convivem sejam parecidos com ele (a), pois dessa forma será mais fácil de ter as coisas como deseja e acredita.

Qual é o problema nessa situação? O quanto de sofrimento ela pode trazer? Pode ser sofrido perceber que nem todos fazem as nossas vontades, pode ser sofrido descobrir que a forma como planejamos pode realmente não ser a melhor, pode ser dolorido errar e ter que assumir 100% da culpa dos erros. Pode ser horrível perceber que no final das contas, temos controle de muito poucas situações em nossas vidas e que essa direção que achamos seguir, esse controle que acreditamos ter é ilusório.

O controle por vezes vem em forma de tentar ajudar alguém, quando na verdade só queremos que esse alguém faça do nosso jeito. Vem em forma de autoritarismo, medo, insegurança, manipulação.

Uma hora chega o cansaço, pois não é fácil a missão de controlar tudo, e o cansaço às vezes pode vir acompanhado de culpas. Culpar o outro quando reconhecemos perder as rédeas da situação é a mais comum. Reconhecemos, mas não admitimos.

Fazer planos, traçar metas, sonhar com o futuro é sempre bom e sinal de que estamos saudáveis e otimistas em relação às nossas vidas. Entender que esses planos, metas e sonhos podem ser modificados sem que possamos reclamar também faz parte dessa forma saudável de viver. Podemos sim ficar chateados quando algo não sai da forma como esperamos, o que não devemos é praguejar contra aquilo, esbravejar com os que estão à nossa volta e pausar as nossas vidas esperando que tudo volte ao normal, afinal, o que é normal?

Adriana Biem

Adriana Cardoso Biem - autora Psicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia CRP 06/80681 Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae Atende em Alphaville (Barueri/SP) e Granja Viana (Cotia/SP) Contatos: adrianabiem@gmail.com www.facebook.com/adrianabiempsicologa @adrianabiempsi (Instagram) www.adrianabiempsicologa.com.br

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