Às vezes espero a sua resposta, suas palavras… Não aprendi que elas não chegam, ou que talvez você as ofereça de outra forma, como ausências, como lacunas que não são preenchidas com letras e frases. O seu silêncio transmite o que eu não quero ouvir, o que me nego a ouvir você pronunciar.

É covarde deixar que o silêncio seja a resposta, mas às vezes é o que nos resta. Eu ainda não aprendi a não esperar nada de você, a não ter expectativas, a saber que esse vazio que você cria é a sua resposta, é o que você quer me dizer.

“Há poucas coisas tão ensurdecedoras como o silêncio.”
-Mario Benedetti-

Não aprendo a decifrar o seu silêncio

Não consigo interpretar o silêncio que você deixa ao fechar uma porta e permitir que os meus pensamentos voem, para conseguir dar um sentido a essas palavras que você não pronuncia. Preciso que você forme palavras e explique esse silêncio pesado que você cria sempre que vai embora, sempre que se cala.

O seu silêncio cria uma distância entre nós dois, um abismo que é impossível de atravessar, uma separação inexplicável que eu não mereço, que não entendo e que mesmo assim tenho que aceitar. Mas o seu silêncio é um caminho que se divide em mil possibilidades, e não posso saber qual é a que vai de encontro com os seus pensamentos.

“Ali, no meio daquele silêncio, encontrava não a eternidade, mas sim uma morte do tempo e uma solidão tão profunda que as próprias palavras perdiam todo o sentido.”
-Toni Morrison-


O que eu sei sobre o silêncio

Os seus silêncios não são sempre iguais, eles mudam sem nos darmos conta. Há os silêncios tímidos, nos quais você não ousa falar comigo, mas me olha nos olhos e os seus olhos falam por si.

Há os silêncios irônicos, quando você crava os olhos nos meus e sorri sem dizer nada. Há os silêncios distraídos, quando faço uma pergunta e você não me ouve porque está longe daqui sem querer. E acima de tudo, há os silêncios cúmplices, que arrebatam a sua alma com lábios que não pronunciam palavras.

Mas este silêncio, o que nos separa neste momento, transmite outras coisas, o que não nos atrevemos a decidir e que criou um fosso profundo entre o que temos e o que queremos. E, embora eu já não espere mais nada, ainda estou em dúvida se cheguei a entender todo o seu silêncio.

Minha resposta ao seu silêncio

Posso encontrar milhares de respostas ao seu silêncio, mas só posso responder de uma forma: me diga o que você pensa, o que o preocupa, estou do seu lado para ajudá-lo, para entendê-lo. Se você precisa de um abraço eu darei, se precisa de um beijo eu darei centenas deles, e se você quiser apenas que eu escute, eu o farei, só peço que pronuncie o que você quer dizer.

Posso responder de muitas formas, posso dar o meu silêncio em troca do seu, mas não quero criar um fosso ainda maior entre nós dois. Posso continuar tentando transformar esse seu silêncio em palavras. Ou posso ignorá-lo e continuar falando sem receber resposta. Eu respeito o seu silêncio e preciso que você respeite a minha incerteza, minha necessidade de saber, de conhecer seus pensamentos.

As respostas que o seu silêncio me dá

Se você sai sem dizer nada, o seu silêncio me sussurra que você já não me quer. Se não responde às minhas mensagens, seu silêncio me diz que você não se importa com como eu me sinto ou com o que eu penso. Se eu lhe pergunto sobre o que você está pensando e você não responde, o seu silêncio me diz que há algo que você não quer me contar.

Pode ser que as respostas que você queira dar com o seu silêncio não sejam essas e sim outras, mas não posso saber quais são se você não me ajuda a compreender o que não diz.

Mal me lembro do eco das suas palavras, já não as ouço, você se move diante de mim como um fantasma, como alguém que não reconheço, e é o seu silêncio que me sugere o que você não é capaz de dizer em palavras.

E se você fechar a porta atrás de você mais uma vez sem pronunciar uma única palavra, feche-a para sempre, não volte, porque vai ser neste momento que você vai perceber que só queria me dizer adeus.

“As palavras nunca aparecem quando o que temos que dizer transborda a alma.”
-Julio Cortázar-