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Sobre a “lei do desapego” e sobre ser quem você é, sem máscaras e faz de conta.

– Mas é que as coisas são assim hoje em dia. Eu odeio, mas é assim. Lei do desapego, sabe? Quando você demonstra o que sente, o outro perde o interesse.
– Então é alguém que não te merece!

Esse diálogo recente me colocou para pensar. Incomodou. Quando foi que as pessoas tornaram o sentir um fardo tão pesado? Quando foi que tivemos que guardar os sentimentos e pensamentos, para manter perto quem não queremos longe?

Sobre minha indignação com esse mundo, outro dia me disseram: “Bem-vinda ao mundo real!” Ao que respondi: “Então acho que sou um E.T”. E quanto mais meus dias passam, mais certa estou de que eu não devo fazer parte desse planeta. Que mundinho complicado esse nosso! Que complicação trazemos para nossas vidas!

Quer dizer que a gente tem que viver um faz de conta, onde o outro faz o que quer, enquanto eu faço de conta que nem ligo? Por favor! Eu acho o seguinte: Eu sou assim, desse meu jeitinho. Eu falo o que penso e o que eu sinto e, claro, eu tenho bom-senso e discernimento. Não saio por aí desbocada ou enlouquecida, não levanto bandeiras desenfreadas, não escancaro meus pensamentos e meu coração. Eu sou sincera, não idiota.

Mas eu não deixo de dizer o que sinto e não gosto de viver o que não sinto. É certo que às vezes temos que suportar por um período determinadas situações, mas, um período. E que seja breve. Agora, não sentir, não demonstrar, isso não. Como é que eu vou saber, se eu não tentar? Como é que eu vou viver, se me alimentar de suposições? Como é que a gente vive no mundo dos “se”?

Ok, você vai dizer que eu quebro a cara e me machuco muitas vezes e que eu poderia evitar isso se fosse mais… “calma”. E eu vou dizer: Você tem toda a razão! Só que quando eu deito a cabeça no travesseiro me achando uma completa idiota, eu deito com certezas, ainda que sejam desagradáveis. O que vier (ou partir) depois, não será consequência do que deixei passar, mas das escolhas que cada um faz. Eu escolhi sentir e, quem não corresponde deixa a mensagem clara que não está pronto para me acompanhar.

Eu assusto, quem sabe? Espanto, pareço uma maluca. “Me descuido, me desloco, me deslumbro, perco o foco, perco o chão e perco o ar”, mas me reconheço. E muita gente vai embora da vida de gente assim. No começo dói, pesa, magoa e faz a gente refletir se não deveria ter sido mais… comedido, talvez.

Mas depois (que pode ser longo e distante, mas chega), a gente se sente leve. E é por uma vida mais leve que eu tento, embora ainda tenha muito peso de que me livrar, não me prender a ninguém e não prender ninguém a mim com quem eu não possa ser eu mesma, sentir, falar e viver da minha essência, respeitando, é claro, os limites de cada um. Mas é claro, eu ainda estou engatinhando nessa estrada. Ainda faço de conta umas coisas aqui, outras ali e, por isso eu posso dizer de carteirinha, pesa! Só não faço de conta o sentir, e o não sentir.

Agora… Lei do desapego? Não demonstrar para que o outro não perca o interesse por mim? Então eu devo ser uma marionete para o outro ser uma pessoa? Não, obrigada!

Mas eu entendo que as pessoas partam das nossas vidas depois de terem enxergado nossa totalidade e nos visto do avesso. Eu entendo quando pessoas se afastam depois de terem extraído tudo o que tínhamos para dar, e nos tornarmos desinteressantes. Contudo, ainda que a partida machuque, o que fica depois é leve, porque não devemos querer por perto quem não nos queira de verdade e, por de verdade, leia-se: ser quem e como eu sou, sem máscaras e sem faz de conta.

Luciana Marques

Sou mãe de um casal (lindo!), 35 anos, formada em Gestão Empresarial, gerencio uma Clínica Médica e escrevo por hobby e amor. Leonina de coração eternamente apaixonado, gosto de manter uma visão romântica sobre a vida. Humana, sou uma montanha russa de sentimentos e quando as palavras me sobram, escrevo. Minha alma deseja profundamente, um dia, apenas escrever

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