Em seu artigo Como permitir que os milagres entrem em sua vida, ou a vida sem expectativas, Evgenia Medvedeva, autora de vários cursos de autoajuda, reflete sobre a importância de liberar a consciência das eternas expectativas e de suas consequências.
Eu parei de viver no modo de espera… E imediatamente senti uma leveza absoluta em minha alma, como se só naquele momento eu começasse a viver de verdade. Antes disso, eu só pensava em como tinha de viver, mas só então eu comecei a viver de fato. Deixei de esperar algo de mim. Antes, esperava que algum dia iria explorar todo meu potencial, que escreveria mil artigos, ou melhor, escreveria uns 10 livros, que criaria algo maravilhoso, e coisas do tipo.
Deixei de esperar resultados de mim mesma. E deixei de esperar algo dos outros: que me valorizem, que façam algo bom por mim, que sejam simpáticos comigo, que sejam responsáveis… Deixei de esperar um determinado comportamento do meu companheiro: antes, desejava que ele sempre me entendesse e fizesse tudo o que eu quisesse…
Deixei de esperar o dinheiro, aceitei a quantidade que tinha. Deixei de esperar e de exigir da vida o que ela não me dava… eu me sentia injustamente privada de algumas coisas, achava que me esforçava muito em ter sucesso, enquanto outras pessoas obtinham melhores resultados que eu sem fazer nada.
Também deixei de esperar que amanhã tudo fosse ser maravilhoso, e que não tivesse mais problemas. A parte infantil da minha alma queria tranquilidade e serenidade. Até que a parte adulta se deu conta de que tranquilidade e serenidade já existiam no meu interior, e que eram independentes dos assuntos externos que eu tinha a resolver.
Deixei de viver no modo de espera… Não me importo mais com o que irá acontecer amanhã. Antes, eu queria que só coisas boas acontecessem e que tudo estivesse bem. Isso porque eu tinha medo de que acontecesse algo com o qual eu não conseguisse lidar. E abandonei minhas expectativas sobre o futuro, dizendo a mim mesma: «Aconteça o que acontecer, tudo se resolverá da melhor forma para mim». É claro que tenho alguns planos que desejo realizar, mas a verdade é que meus planos e o que eu penso deles são ridículos em comparação com as oportunidades que a vida me reserva.
As expectativas represam a energia, focando-a em pouquíssimas opções. De forma geral, em algo que já está em sua mente. Isso não deixa que sua energia flua, impedindo que sua vida se desenrole da melhor forma para você. E a ’melhor forma’ quase nunca é aquela que você tem esperado.
Eu estava sempre esperando algo, minha mente criava uma cadeia de coisas que eu queria que acontecessem em minha vida. Logo, minha cabeça estava sempre trabalhando sob pressão para seguir atendendo as minhas expectativas, sem deixar nada para trás.
A pergunta «Como?» me atormentava o tempo todo, porque eu não sabia como conquistar aquilo que eu mesma esperava de mim. O mais curioso disso tudo é que eu encontrava as respostas só quando deixava de pensar na pergunta, pois, de antemão, queria saber como os acontecimentos iriam se desenrolar. E isso é algo simplesmente impossível.
Antes, para poder fazer algo, eu precisava passar por um processo de preparo mental muito longo e doloroso, e muitas vezes esse processo demorava tanto que me deixava sem forças para agir. É como quando você se esforça ao máximo se preparando para uma prova, passa tanto tempo revisando as anotações, que quando chega a hora da prova em si, você já está extremamente cansado, ficando impossibilitado de atingir o resultado que poderia. Quando eu cansei desta situação, permiti que uma revolução tomasse conta do meu íntimo:
Seja o que for, aconteça o que acontecer… E você não faz ideia do alívio que eu senti quando deixei de me perguntar «como?»… Relaxei! Afinal, vai acontecer o que tiver que acontecer…
Desde então, pequenos ’milagres’ passaram a acontecer na minha vida:
- Passei a ouvir melhor a mim mesma, e comecei a ter ideias interessantes. Passei a ouvi-las e me dei conta de que podia realizá-las, ainda que não entendesse como. Porém, o processo de tentar transformar minhas ideias em realidade sempre se desenrolava da melhor maneira.
- Comecei a ser mais eficiente e a fazer mais coisas, pois já não me preparo mentalmente para fazê-las. Apenas faço. Me surpreendi quando tudo passou a sair melhor.
- Passei a pedir somente aquilo de que precisava no momento, rejeitando o supérfluo, e já não me importo mais com o que os outros pensam disso.
- Foram tantas coisas que começaram a acontecer em minha vida que hoje quase não tenho tempo livre. Ainda assim, a maior surpresa é que consigo fazer tudo com o mínimo de esforço. Sem falar que eu mesma passei a moldar acontecimentos importantes, em vez de apenas reagir às coisas que me acontecem.
- E quanta gente interessante eu conheci! Ainda me surpreendo quando conheço gente nova nas ruas, no supermercado, nos elevadores, em qualquer lugar, e não me pergunto mais: «como e onde eu poderia conhecer pessoas?».
- E comecei a me ver frequentemente no lugar certo e na hora certa! As coisas boas passaram a se alinhar perfeitamente, levando-me aonde eu queria chegar naquele exato momento.
- Meus gastos com supermercado caíram pela metade: antes, eu comprava um monte de coisas, e ao mesmo tempo, sentia que elas não eram suficientes. Hoje compro apenas produtos de qualidade, mas na quantidade suficiente para as minhas necessidades.
Minha vida começou a ficar repleta de coisas novas, que surgem por conta própria. Até mesmo ideias que antes não deram certo, voltaram a fazer sentido. Eu não percebia os presentes que a vida me oferecia e, ao mesmo tempo, me lamentava e reclamava de tudo aquilo que ela não me dava. Simplesmente não me dava conta e não via os favores do destino, sempre esperando algo além e buscando uma resposta para a pergunta «como conseguir isso?».
Tudo ficou mais simples: eu decidi que não precisava mais controlar minha vida nem saber como todas as coisas iriam acontecer. Apenas abandonei todas as minhas expectativas, porque sei que tudo se resolverá da melhor forma para mim. Passei a sentir como a vida flui, como ela muda e se ajusta. Aprendi a aceitar o que a vida me oferece naquele exato momento.