Todos temos bloqueios que vetam nossa felicidade. São medos incrustados no nosso interior, valores que regem nossas escolhas e nossos comportamentos sem que percebamos. O teste do bosque tenta destrinchar algumas dessas nossas questões a partir da teoria que o criou: a da psicanálise relacional, uma corrente contemporânea da psicanálise.
De acordo com essa teoria, nosso sofrimento psicológico está enraizado em uma arquitetura mental subjacente à consciência. Devemos acessá-la e compreendê-la para que possamos integrar a questão problemática e continuar avançando e evoluindo.
Para quem nunca ouviu falar desse teste projetivo e relacional, vamos começar dizendo que ele não é precisamente um instrumento convencional. O teste do bosque não conta com confiabilidade e validade científica tradicional suficiente para ser usado normalmente na prática clínica. Não podemos, mesmo assim, ignorar sua relevância dentro do contexto no qual foi criado e do marco teórico que ele significa. Sem dúvida, vale a pena conhecer.
A psicanálise relacional é uma forma de psicoterapia mais ou menos recente que significou um avanço ou quebra dentro da própria psicanálise, pelo menos da forma como a conhecemos. Seu principal objetivo é impulsionar o desenvolvimento emocional do ser humano e, para isso, deve desfazer os nós mentais e bloqueios que nos limitam e que causam dor. Nesse enfoque psicológico, por exemplo, não temos os tradicionais conceitos psicanalíticos de ego e superego.
O que a psicoterapia relacional pretende é reconstruir o paciente. Para isso, o psicoterapeuta guiará o indivíduo para que ele possa interagir – e se relacionar – com seu entorno do modo mais saudável possível. Treinará o paciente para que ele seja capaz de ver o mundo a partir de todos os ângulos existentes sem medo, ajudando-o a transitar pelas áreas mais obscuras do mundo pelas quais antes ele não se atrevia a passar.
Por isso, o teste do bosque é um bom exercício a partir do qual podemos nos conhecer um pouco melhor, principalmente a arquitetura subjacente à nossa pessoa.
O teste do bosque, além de medir uma dimensão, competência ou habilidade, pretende atuar como uma projeção do mundo emocional da pessoa. Aqui em nosso espaço já falamos em mais de uma ocasião dos chamados testes projetivos. Temos como exemplo desses testes o teste da árvore e o teste da família. São, em essência, instrumentos psicológicos que servem para complementar uma avaliação do paciente.
Aplicados isoladamente e fora do contexto clínico, nunca seriam válidos. São necessárias várias estratégias concomitantes, como a entrevista, a observação e outros testes psicológicos dotados de confiabilidade e validade demonstradas cientificamente para poder chegar a um diagnóstico adequado ou a um ponto inicial a partir do qual é possível iniciar uma intervenção.
Dentro do enfoque da psicanálise relacional, esse teste costuma ser um dos mais utilizados pelos seguintes motivos listados abaixo:
O bosque é um cenário com um componente místico e emocional muito claro para qualquer cultura. O próprio Carl Jung explicou em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo” que desde a antiguidade esse tipo de cenário contém os nossos maiores perigos e medos mais profundos. De algum modo, transitar por esse ambiente supõe um retorno ao passado ancestral no qual podemos reencontrar as partes mais profundas do nosso ser.
Dentro da psicanálise, o bosque é considerado o próprio reflexo do subconsciente. É a relação simbólica que em muitos casos se manifesta em nossos sonhos, e também de onde surgem nossas fobias: o medo do escuro, de cair em um buraco, o temor de certos insetos ou animais selvagens, de afundar, etc.
O teste do bosque é realizado a partir do uso da técnica da visualização. O terapeuta terá à mão lápis e papel para ir guiando o paciente através de cada pergunta, e depois registrando cada resposta que surja ao longo do processo.
O teste é bastante simples, e a única coisa necessária é criar um ambiente cômodo e seguro para que a pessoa possa se entregar para essa viagem interior com tranquilidade e naturalidade.
O primeiro passo é convidar o paciente a visualizar um bosque. Um cenário tranquilo e rodeado de árvores por meio do qual ele avança em solidão. Uma vez lá, várias perguntas serão feitas:
Para concluir, podemos ver que as perguntas que compõem o teste do boque fazem parte de uma viagem interior muito reveladora. Se o paciente colabora e realiza o exercício de forma efetiva e se entrega para a atividade, obteremos bastante informação que pode ser posteriormente interpretada junto com ele.
Podemos intuir o estado emocional da pessoa a partir da forma e do estado desse bosque. O que quer dizer se o bosque está queimado e de noite? E se está verde e de dia? Veremos quais são os medos do paciente, qual é a sua principal pessoa de referência e qual é o cenário mais importante e decisivo para ele.
Todas essas informações, juntamente ao contexto construído em entrevistas, outros testes e observações clínicas, podem ser muito úteis para os terapeutas da psicanálise relacional.
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