Tô sem tempo de ser infeliz. Não dou vazão para esses descabidos de sentimentos. Pessoas enrustidas dos desinteresses por gestos simples e abraços acolhedores. Não dá mais, sabe? Conviver com essa falsidade e ambição constante pela felicidade do próximo e seus respectivos destinos. Discursos ausentes da reciprocidade que anda tão em falta. Coração seco desconhece inteiros.
Patinamos nessa procura de um tempo em paz, mas o que fazemos para alcançá-la? Esbarramos na efemeridade dos dias e, pouco sentimos, pouco somamos. A disputa isenta de carinho, versos soltos e outros afagos torna tudo opaco dentro do peito. Atitudes menos desejosas que essas, corrompem até a mais equilibrada das almas. Por isso escolho prezar pela proximidade dos otimistas. Daqueles seres coletivos que não se perdem por amores a mais. Ficar debruçado na vida, esperando o momento certo de ser feliz, é jogar cartas marcadas de comodismo.
É muito bonito sentir a vida desabrochando conforme os nossos anseios, mas faz-se necessário buscar algo que tire os pés do chão. Lançar-se na coragem eufórica da própria vontade em ter novos sóis, experiências e relações. Medir espaços aqui e acolá, na vil esperança do encontro para o seu conforto, cria lacunas difíceis de serem preenchidas.
Bota mais energia nesse copo chamado viver. Deixa derramar e, se for o caso, compartilhe. Porque insuperável é indivíduo coberto da falta de empatia. Ele perde muito mais do que pode ganhar. Egoísta, maltrata e não percebe a diferença entre gentileza e repulsa.
Tô sem tempo de ser infeliz. Não procuro mais meios sorrisos. Cheguei num certo ponto do caminho, onde mudar me interessa. Renovar a si, absorver novos conhecimentos e, sempre que possível, colher cada sentimento recebido e retribuí-lo novamente ao mundo.
Nada de asperezas. Nada de desencontros. Tudo adiante e mais um pouco, felicidade.