É preciso compreender que todos nós, seres humanos, somos imperfeitos, e que os erros acontecem de maneira inevitável, entretanto, podemos corrigi-los no decurso da vida. Por isso, temos a sensação de que os nossos “pecados” se expandem com o sentimento de culpa.
A psicanálise nos ajuda entender como funciona a culpa, que nasce com relação à moral e à ética, já que ela é intrínseca à vida social, mas que também se relaciona como causas das neuroses.
Os neuróticos são amiúde os que tendem a ter uma perspectiva determinística da vida, buscando culpar qualquer pessoa ou situação: os pais, a infância, os colegas, o tempo, o trânsito, etc.
Assim, Freud explica que a civilização se beneficia do agente interno que vigia os sujeitos e os condenam com a emergência da culpa, ou seja, de um modo ou de outro, a cultura quer dominar o perigoso desejo de agressão, enfraquecê-lo, desarmá-lo e pôr no interior dos sujeitos um agente para conter os desejos.
Para chegar a tal conclusão Freud fez investigações, onde ora se destaca a universalidade da culpa, na tentativa de explicar o cerne da civilização, ora se atenta à neurose e à culpa que atormentam os sujeitos.
Esse fenômeno se inicia na curiosidade infantil, confirmando que a imaginação das crianças sobre a vida sexual produz fundamentos concretos ao psiquismo, que se conecta com a culpa.
Porém, no desenvolvimento dos sujeitos, os pais serão substituídos por um número indefinido de pessoas na comunidade, o que levará à ansiedade social.
Por exemplo, é na religião que se constata que o sentimento de culpa é resultante de uma perdição contínua e a angústia está sob a forma de medo da punição divina, revelada no campo das neuroses.
Essa teoria confirma o que já sabemos, de que o sentimento de culpa originou-se em nossa infância, e a partir das relações que estabelecemos ao longo do tempo.
Em outras palavras, a culpa que não é neurótica ocorre quando nos arrependemos – sem flagelos – dos nossos erros, mas ela torna-se neurótica cada vez que persistimos com os erros ou não aceitamos a fraqueza da condição da humana.
Portanto, o sentimento de culpa fica insuportável sempre que guardamos tudo isso – dentro de nós, o que causará doenças emocionais, sobretudo, as neuroses.
Por conseguinte, os problemas serão graves, entre eles estão: tratar mal os outros, que se culpa por tudo; os pensamentos que se voltam para coisas negativas e o consumo de drogas ou álcool viram rotina, para amenizar a falta de controle sobre a vida.
Enfim, com base em nossa vontade psicoespiritual e com o auxílio terapêutico teremos condições de desfazer o nó e romper o ciclo do sentimento de culpa, mas que exige estarmos despertos pela autorreflexão, a fim de evitar os mesmos erros ou atitudes.
É como disse Luiz Gasparetto, psicólogo e escritor brasileiro: “Tudo aquilo pelo que você se culpa você faz de novo. Tudo.”