Dizem popularmente que “se você quer conhecer uma pessoa muito bem, se case com ela, mas se quer conhecer de verdade, experimente só pedir o divórcio”. Um monte de sentimentos profundamente enraizados começa a borbulhar quando parte do casal decide se separar: traição, culpa, raiva, ciúmes e algumas pessoas podem cometer verdadeiras loucuras, mas outras, a maioria, simplesmente aceitam e em vez de alimentar a sua raiva capitulam e vão recomeçar sua vida.
Esta história é contada há algum tempo na rede de língua inglesa e eu não sei se é real ou não, mas é bacana o bastante para merecer a leitura. É a narrativa de um marido que admite ter se apaixonado por outra mulher quando estava traindo a esposa e quer o divórcio. Ela sabe intuitivamente o que há de errado com seu casamento e depois de muita reflexão, faz uma escolha brilhante, mas com um pedido aparentemente estranho antes de concordar em assinar os papéis do divórcio. O desfecho da história é surpreendente e de certa forma gratificante e melancólico ao mesmo tempo.
Esta história serve para nos lembrar que quando a gente é abençoado com o dom raro do amor verdadeiro, nunca… nunca devemos deixar que a faísca da paixão esmaeça…
Quando cheguei em casa naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, segurei sua mão e disse:
– “Eu tenho algo para lhe dizer.”
Ela sentou-se e comeu em silêncio. Mais uma vez, observei a dor em seus olhos. De repente, eu não sabia como abrir minha boca. Mas tinha que deixá-la saber o que eu estava pensando. Eu queria o divórcio.
Eu abordei o assunto com calma. Ela não parecia estar incomodada com as minhas palavras, em vez disso me perguntou baixinho:
– “Por que?”
Eu evitei responder a pergunta e isso a deixou furiosa. Ela jogou no chão o garfo que estava usando e gritou:
– “Você não é homem!.”
Naquela noite, nós não nos falamos mais. Ela chorou bastante, se queixando e reclamando sozinha sobre o que tinha acontecido com o nosso casamento. Mas eu não poderia dar-lhe uma resposta satisfatória porque ela simplesmente tinha perdido o meu coração para Jane.
Eu não a amava mais. Só tinha pena dela! Com um profundo sentimento de culpa, elaborei um acordo de divórcio, onde constava que ela ficaria com nossa casa, nosso carro, e 30% de participação na empresa. Ela olhou para ele e, em seguida, rasgou-o em pedaços. A mulher que passou 10 anos de sua vida comigo havia se tornado uma estranha. Eu me sentia mal por termos perdido tanto tempo, recursos e energia, mas não podia voltar atrás pois já amava Jane demais.
Finalmente, ela gritou que sim, que concordava com a separação se era aquilo que eu queria mesmo. Para mim, seu grito foi na verdade uma espécie de libertação. A idéia de divórcio, que eu estava obcecando por várias semanas, parecia estar mais firme e mais clara agora.
No dia seguinte, voltei para casa muito tarde e encontrei-a escrevendo algo na mesa. Eu não jantei e fui direto para a cama e adormeci muito rápido porque estava cansado depois de um dia agitado com Jane. Quando acordei de madrugada, ela ainda estava lá escrevendo sobre a mesa. Eu simplesmente não me importei, virei me para o lado e voltei a dormir novamente.
De manhã ela apresentou suas condições para o divórcio: Ela não queria nada de mim, mas precisava de um mês de antecedência antes do divórcio. Ela pediu que naquele mês, ambos deveríamos fingir viver a vida mais normal possível. Suas razões eram simples: nosso filho estava fazendo suas provas finais e não queria perturbá-lo com nosso casamento fracassado.
Isto pareceu legal para mim, mas tinha algo mais, ela me pediu para lembrar como eu tinha a carregado para fora do quarto nupcial no dia do nosso casamento e pediu que todos os dias durante um mês eu a levasse para fora do nosso quarto até a porta da frente todas as manhãs.
Eu pensei que ela estava ficando doida, mas para tornar os nossos últimos dias juntos suportáveis aceitei seu estranho pedido. Mais tarde contei a Jane sobre as condições de divórcio da minha esposa (eu não escondia nada dela). Ela riu alto e achou tudo um absurdo.
– “Não importa os truques que ela quer aplicar, ela tem que enfrentar o divórcio”, disse minha namorada.
Uma mulher ensina a seu marido uma valiosa lição depois que ele a traiu
Minha esposa e eu não tínhamos qualquer contato corporal há muito tempo e, então, quando eu a levei para fora no primeiro dia, nós dois ficamos desajeitadamente encabulados . Nosso filho correu atrás e achou tudo muito engraçado:
– “Papai, mamãe está segurando em seus braços”.
Suas palavras me causaram uma sensação de amargor, enquanto do quarto para a sala de estar, então para a porta, eu andei com ela em meus braços. Ela fechou os olhos e disse baixinho.
– “Não diga nada a nosso filho sobre o divórcio, lembre-se”.
Eu balancei a cabeça, me sentindo um pouco chateado. Coloquei-a do lado de fora da porta. Ela foi esperar o ônibus para o trabalho e eu dirigi sozinho para o escritório depois de deixar meu filho na escola.
No segundo dia, estávamos mais à vontade. Ela se inclinou sobre o meu peito. Eu podia sentir o cheiro da sua gostosa fragrância. Foi ai que percebi que não tinha olhado para essa mulher cuidadosamente por um longo tempo. Notei que ela não era mais jovem. Havia rugas finas em seu rosto e seu cabelo estava grisalho!
Nosso casamento tinha cobrado seu pedágio sobre ela. Por um minuto, me perguntei o que eu tinha feito para ela. No quarto dia, quando levantei-a, senti que uma sensação de intimidade tinha voltado. Aquela era a mulher que havia dado dez anos de sua vida para mim. No quinto e sexto dia, percebi que nosso senso de intimidade estava crescendo paulatinamente. Eu não contei a Jane sobre isso, ela não iria gostar.
O caso é que tornou-se tão fácil carregá-la que eu nem percebia mais o seu peso. Talvez o treino de todos os dias tenha me deixado mais forte. Foi assim que certa manhã, quando ela estava escolhendo o que vestir e não conseguiu encontrar um traje adequado, suspirou dizendo:
– “Todos os meus vestidos estão largos, nenhum deles serve mais”.
De repente, percebi que ela tinha emagrecido bastante, que era a razão pela qual eu conseguia carregá-la mais facilmente. Isso acabou me doendo fundo, ela estava mergulhada em tanto desgosto e amargura por causa de mim, que até tinha perdido peso. Inconscientemente estendi a mão e acariciei seus cabelos. Nosso filho veio no momento e disse:
– “Pai, é hora de levar a mãe para fora”.
Para ele, ver seu pai carregando sua mãe havia se tornado uma parte essencial de seu dia. Minha esposa fez um gesto para o nosso filho se aproximar e o abraçou com força. Eu virei o rosto, porque estava com medo que pudesse desistir de tudo neste último momento. Então segurei a em meus braços, caminhei a sala de estar e para o corredor. Sua mão cercando o meu pescoço suave e naturalmente; eu segurando seu corpo com força; era exatamente como o dia do nosso casamento. Mas seu peso muito mais leve me deixou triste.
No último dia, quando eu a peguei em meus braços, eu mal podia caminhar. Segurei-a com mais força que o habitual e disse:
– “Eu não tinha notado que a nossa vida não tinha mais intimidade, me desculpe!” Ela apenas deu seu sorriso mais doce e nada disse.
Naquela manhã dirigi para o trabalho inquieto, desci do carro rapidamente e segui célere para o escritório. Eu estava com medo que qualquer coisa naquele momento me fizesse voltar atrás na minha decisão. Assim que abri a porta e vi Jane, sucumbi e disse a ela quase que involuntariamente:
– “Desculpe Jane, mas não quero mais o divórcio, não vou me separar da minha esposa!”
Ela olhou para mim, espantada, e depois tocou a minha testa.
– “Você está com febre? Você comeu cocô?”, disse ela. Tirei sua mão da minha testa e respondi:
– “Desculpe Jane, não vou me divorciar. Minha vida no casamento era provavelmente chata porque eu não valorizava os detalhes de nossas vidas, não porque tinha acabado o amor. Agora eu percebo que desde que eu a carreguei do quarto nupcial para nossa casa no dia do nosso casamento que eu vou carregá-la até que a morte nos separe”
Jane parecia ter acordado de repente. Ela me deu um tapa no rosto, começou a chorar e a socar meu peito descontroladamente como louca e, em seguida, saiu batendo a porta. Eu também fui embora mais cedo aquele dia, ansioso para pedir todas as desculpas do mundo à mulher que eu sempre amara. Na loja de flores no caminho, eu pedi um buquê de flores para a minha esposa. A vendedora me perguntou o que escrever no cartão. Eu sorri e disse:
– “Eu vou levar você para fora todas as manhãs até que a morte nos separe”.
Naquela noite eu cheguei em casa com flores em minhas mãos e um sorriso largo no rosto. Quando abri a porta, minha sogra chorava… corri pelas escadas para desgraçadamente descobrir que minha mulher acabara de falecer.
Minha esposa estava lutando contra um câncer há meses e eu estava muito ocupado com Jane para saber. Ela sabia que iria morrer em breve e queria manter a negatividade longe de nosso filho, por isso pediu para postergar o divórcio. Pelo menos, aos olhos de nosso filho, eu seria um marido amoroso.
Os pequenos detalhes de nossas vidas são o que realmente importam em um relacionamento. Não é uma mansão, o carro do ano, a propriedade ou o dinheiro no banco. Estes criam um ambiente propício para a felicidade, mas não podem dar felicidade em si mesmos.
Então, encontrem tempo para ser amigos de sua esposa/esposo e façam essas pequenas coisas um para o outro visando construir a intimidade e manter um casamento muito feliz.