Comportamento e Psicologia

Uma pessoa mostra quem é de verdade quando é contrariada

Conhece alguém assim?

Quando contrariada, uma pessoa pode revelar os seus maiores segredos, já que a sua ira desconstrói a máscara que ela vestia e desorganiza a sua razão.

Humildade intelectual

Algumas pessoas têm grande dificuldade de aceitar opiniões diferentes e se ofendem quando suas ideias não são aceitas. A essas pessoas, falta humildade intelectual.

Humildade intelectual está relacionada ao fato de saber ouvir “não”, uma palavra negativa que é a chave para um conhecimento que trará coisas positivas. Para aprender a ouvir uma negativa ou uma contraposta à ideia que, a princípio, achávamos genial, devemos nos manter abertos e ter humildade para receber novos conhecimentos.

Quando nos permitimos ouvir as opiniões contrárias, sem nos ofender com o que nos foi dito, angariamos benefícios muito maiores, e nos munimos de informações preciosas para que possamos melhorar o que, para nós, já era bom, e crescer emocionalmente.

O não pode nos chatear, mas é necessário para que possamos avaliar as nossas ideias e objetivos.

Alguns adultos reagem feito crianças mimadas diante de uma contrariedade. O adulto é uma criança que cresceu, mas em alguns, a criança ainda habita, e aparece em algumas reações espontâneas. Esse sentimento se deve a um excesso de preocupação dos pais em impedir que essa criança passasse por frustrações durante a infância. E quando uma criança não se frustra, ela inevitavelmente se torna um adulto intransigente.

Contrariar os impulsos e imposições de uma criança ajuda a prepará-la para o futuro, auxiliando-a a definir prioridades e a criar novas fórmulas de alcançar objetivos. Sem aprender a se frustrar, essa criança se transformará em um adulto que não fará concessões. Totalmente inflexível, intolerante, será conhecida pela sua austeridade e rigidez ao fazer valerem os seus princípios.

A pessoa que não aceita opiniões contrárias causa aversão em um ambiente de trabalho e dificilmente consegue manter relacionamentos afetivos construtivos. O lema de sua vida é: manda quem pode; obedece quem tem juízo!

Mas a vida não é tão simples assim, não é mesmo?

Não saber ser contrariado afeta problematicamente pontos cruciais da nossa vida. No ambiente de trabalho, se a pessoa é uma mera funcionária, com certeza, passa a ser mal vista pelos colegas, que também, com toda certeza, não a suportam. Além disso, ela perde muitas oportunidades de aprender com os colegas e até com os seus superiores por acreditar que as suas ideias sempre são melhores do que as das outras pessoas.

E mesmo quando precisa ceder, por uma força maior, porque o chefe mandou, ela fica revoltada e “meio que” torce o nariz para a ideia aprovada, como se torcesse para dar errado, só para depois poder dizer: “Eu avisei.”

Se o intransigente for o chefe, o dono, o empreendedor, os seus funcionários simplesmente não possuem voz, eles estão ali, mas seria melhor se fossem robôs, que entram quietos, fazem o que lhes foi determinado e depois vão embora.

O problema maior em uma pessoa que não aceita ser contrariada assumir um posto de respeito e poder é que ela constantemente comete erros, por ignorância ou por excesso de confiança, mas coloca a culpa nos outros justamente porque não admite falhas e não escuta ninguém.

Sabemos que devemos aprender com as falhas para crescer, que não há vitória sem derrota e que é com a experiência que alcançamos o sucesso, mas a pessoa que não admite ser contrariada finge não saber disso. E a rotina dentro do ambiente de trabalho se torna insustentável

Já dentro de um relacionamento afetivo e/ou amoroso, seja em um casamento, namoro ou amizade, a pessoa que não aceita ser contrariada vive impondo suas vontades, e geralmente escolhe parceiros inibidos, fracos e submissos, até para não terem que bater de frente e em dado momento precisar ceder.

No relacionamento, o que ela mais gosta de ouvir é: “decida você, meu amor”, ou “faça o que você achar melhor”, ou ainda “como você quiser”. Quando amam, amam porque são constantemente elogiados, mas se afastam logo que sentem que suas fragilidades e defeitos foram descobertos.

Na verdade, essas pessoas que, quando contrariadas, se revoltam e esperneiam, não passam de pessoas inseguras e presunçosas, que acreditam que o mundo gira em torno dos seus umbigos.

Você não consegue aceitar opiniões contrárias? Quando contrariado, sente-se humilhado e rejeitado? Pare e pense: se o estão contrariando, algum motivo existe. Ou você está errado e deve parar e analisar suas atitudes ou o outro está errado. Mas você só saberá isso se você se abrir e escutar. Parar e refletir sobre tudo que foi dito, sem se ofender.

De qualquer forma, na vida tudo é aprendizado. Permita-se discutir e expor os seus pontos de vista, mas respeite também os pontos de vista dos outros de forma lógica, racional e paciente. Portanto:
– Cresça e amadureça! Não é fácil crescer, mas é necessário. A sua atitude imatura e intransigente já deve ter causado muitos danos em seus relacionamentos. Aceite que está na hora de ser mais maleável.

– Pare de impor suas ideias, isso é extremamente chato e repugnante. Aprenda a ter humildade intelectual.

– Permitir-se se frustrar é fundamental para o desenvolvimento da inteligência emocional. A frustração é importante para que nos identifiquemos como seres humanos iguais aos outros e para que desenvolvamos empatia e compaixão.

– Esse seu orgulho não o levará – nem nunca levou – a nada. Tenha humildade e aprenda a escutar. Una isso à boa vontade, e verá que os demais sentirão a sua mudança, perceberão que estará mais agradável a convivência com você.

A pessoa que não gosta de ser contrariada pode ser uma pessoa insegura, egocêntrica, que precisa se autoafirmar e que se limita a um mundo criado por ela mesma, que se coloca num pedestal, e por conta disso, afasta as pessoas que sempre são niveladas por baixo, já que, no alto do pódio, só cabe um.

Essas pessoas, geralmente, se fazem de vítimas, essa é a maneira que encontram para poder escapar de uma condenação quando perdem a razão frente a uma contrariedade. O vitimismo é também uma válvula de escape por não querer ou não gostar de ter sido contrariada.

Nunca se esqueça…

Quando emitirem uma opinião contrária à sua, exercite a paciência, respire, conte até 10, diga que precisa sair por um instante, arrume um tempinho para pensar até conseguir processar melhor as informações e as críticas que recebeu, depois volte mais calmo, ponderando os prós e os contras. Não saia por aí esbravejando, batendo o pé, fazendo birra igual a uma criança, para tentar fazer valer a sua opinião. É feio e ninguém mais aguenta.

*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com

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Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.

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