A vida é assim, meus caros.

Ninguém falou que seria mar sereno, sem ressaca, sem tsunami, sem tempestade no meio da travessia. Ninguém prometeu a mim ou a vocês, antes de darmos o suspiro primeiro da existência, que tudo seria calmaria, que a vitória era certa. Foi concedida a dádiva da vida junto do embrulho da incerteza, enlaçada com nós de surpresas.

Tem hora que a vida é dura por demais. Ela vai dar as rasteiras mais sorrateiras nos momentos menos oportunos. Vai trazer os exércitos mais municiados nos nossos instantes mais despreparados. E a gente vai cair. E não será a primeira nem a última vez.

Nesses lapsos de fragilidade crua, com a carne exposta e as veias num pulsar latejante, no ápice da sua desilusão, você se sentirá só. Sentirá o retorno daquele desamparo brutal que foi deixar o ventre materno, cálido e seguro, arrebatar-lhe o coração como se o fosse extirpar do peito. Olhará ao redor e perceberá que ninguém vai lidar com os medos que são só seus, com os fantasmas que são seus arrependimentos, com os desafios que se acotovelam na próxima esquina da sua vida. Você sentirá que não sabe mais respirar. Engasgará com seus receios entalados junto das lágrimas embargadas na garganta. E retumbará, fulminante, o ressoar de uma solidão sufocante, uma invisibilidade atroz.

Mas aí que cintilam algumas iluminações. Pequenos, singelos pirilampos de quentura na alma. Faróis discretos tentando anunciar que sua – inegável – solidão não é tão sozinha assim. Por óbvio, existe um núcleo de dores e dissabores que cabe a cada um, solitariamente, destrinchar e solucionar. Mas a caminhada não precisa, por causa disso, ser permeada de isolamento.

Entram em cena aquelas pessoas raras, espíritos de amor e luz que pincelam um quê de cor na tela cinzenta dos dias difíceis; mostram que o percurso pode ser de pedra e deserto, mas nem por isso deixará também de ter seu céu azul e o sol reluzente. Elas faíscam vida de volta para seu espírito em coma, mostrando que as lições se aprendem só, mas o trajeto pode ser feito de mãos dadas com ternas e insubstituíveis companhias.

Um agradecimento eterno a essas pessoas iluminadas que transmutam a energia das nossas vidas! Marque essa(s) pessoa(s) nos comentários








Formada em Direito, escritora por necessidade de alma, cantora e compositora por paixão visceral. Só sabe viver se for refletindo sobre tudo, sentindo o mundo à flor da pele. Quer transmitir tudo que apreende (e aprende) por todas as formas criativas possíveis.