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“Vida, que estou aberta às mudanças, sem medos”

A vida pede movimento.

_ “Vamos abrir o portal”, disse o meu cabeleireiro, segurando a parte do meu cabelo, a partir de onde, eliminaria vinte e cinco centímetros do todo, após entender o que eu queria com o novo corte.

_ “Mudanças”, eu disse. _“Quero mostrar para a vida, que estou aberta às mudanças, sem medos”.

Então ele e a tesoura fizeram o seu trabalho.

A vida passa rápido demais. Num ritmo cada vez mais alucinante, somos cobrados no trabalho, no dia a dia da cidade grande, onde se perde cada vez mais tempo no trânsito e com inúmeros processos, sempre mais burocráticos e inflexíveis, e então vamos nos acostumando com o: acordar, trabalhar, voltar para casa e descansar, para começar tudo de novo.

A vida que nos força o trabalho para o sustento e nos faz deixar de lado a vida que é de verdade: o tempo com a família, com os amigos, com a gente mesmo, cuidando-nos e vivendo os momentos simples que dão sentido a essa existência.

É difícil equilibrar o que somos obrigados a fazer com o que gostaríamos de fazer realmente. E para aquilo que se quer e se deseja tão fortemente, muitas vezes é necessário mais do que esforço e trabalho, mas uma energia que vem de dentro, que pode ser chamada de fé, esperança, otimismo, energia positiva ou seja lá como for.

É preciso acreditar, de alguma maneira, que o tempo, o qual não temos nenhum controle, não seja em vão.

Como viver e ser feliz todos os dias, quando não se tem tempo para si mesmo? Como ser feliz em meio ao caos do trabalho, do trânsito e da era do amor líquido em que vivemos: das relações superficiais?

É preciso trabalhar o nosso nível de consciência a todo momento, a noção de que a evolução e autoconhecimento andam de mãos dadas, à espera de um algo mais, um movimento que parte de si mesmo para o universo e para a vida.

Naquele dia eu cortei o cabelo, mas antes disso, comecei a mudar as crenças limitantes que tinha, como a dificuldade de lidar com os medos interiores, do receio de comprar e adquirir bens, que talvez nem precisasse tanto, e que poderia me deixar sem dinheiro. O medo de gostar de alguém, do desemprego, da solidão e até mesmo da morte.

Lida-se com as crenças refletindo sobre elas, observando-as e aceitando-as. E, pouco a pouco, transformando-as.

Quando percebi, já havia mudado a minha sala inteira. E depois os quartos, a cozinha e até mesmo o conteúdo da geladeira. E o coração estava tranquilo, em paz e sem medo.

Tirei mais tempo para cozinhar para mim e meu filho, as caminhadas diárias após o trabalho se tornaram um hábito, bem como o alongamento.

E de pouquinho em pouquinho a vida foi mudando, o bem-estar, entre o caos de um dia e outro, também estava lá, presente entre um momento e outro, mas de uma nova maneira, em mim mesma.

Há de se mudar o corte de cabelo, varrer a calçada, arrumar o armário, jogar coisas fora, mudar um modo de pensar, uma maneira de agir. E então o sentir muda.

Não ocorre de um dia para o outro, como um passe de mágica, mas com o primeiro passo, seja ele qual for, energizado pelo desejo de mudança.

Por mais simples que seja o movimento, ele altera o decorrer de toda uma vida.

Como o móbile de um berço. Um leve toque e tudo muda de lugar, devagar, mas muda. E todos os pontos de vista se tornam novos.

A vida pede isso: movimento! No mais, quem fica parado é poste!

Carolina Vila Nova

Brasileira, 41 anos, formada em Tecnologia em Processamento de Dados, pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. Atua numa multinacional na área administrativa como profissão. Escritora, colunista e roteirista por paixão. Poliglota. Autora de doze livros publicados de forma independente pelo Amazon, além de quatro roteiros para filme registrados na Biblioteca Nacional. Colunista no próprio site www.carolinavilanova.com e vários outros. Youtuber no canal Carolina Vila Nova, que tem como objetivo divulgar e falar sobre as matérias do próprio site.

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